quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

2o, 3o, 4o dia.. sensibilizando estudantes difíceis...




Salve salve pessoas.. pois é.. já começou a primeira semana de aulas e muita água passou sob essa ponte. Para além da apresentação, a questão inicial é discutir o conceito de história com os estudantes. Eu busco a concepção espontânea de cada educando num primeiro momento, para articulá-la às concepções científicas a seguir. Sempre reafirmo a multiplicidade de definições possíveis, permitindo a cada educando desenvolver horizontes de expectativa mais amplos. Nas turmas de 6o ano, isso se dá num trabalho intenso com o dicionário, muito preocupado com as questões gramatical e semântica dos termos trabalhados como "narração" ou "cronológica". Já nas turmas de 8o ano, o contexto inicial para a discussão é apresentado pela minha própria história de vida, No caso atual, eu levo fotos de algumas viagens para cidades diferentes do espaço de experiência dos estudantes como Amsterdam e Berlim.
No caso específico de uma turma, o 8o ano H, eu precisei rever essa estratégia devido a problemas de disciplina. Essa turma é formada por estudantes em geral desmotivados, com histórico de indisciplina, repetentes e/ou vindos de outra escola. Achei que não iria fazer ressoar meu discurso costumeiro e preferi montar uma aula diferente. Ontem à noite, eu sentei e preparei uma aula sobre nazismo (utilizando como base o material que tenho da viagem para Berlim).
Memorial do Holocausto em Berlim
Minha ideia foi articular o nazismo, enquanto expressão violenta das potencialidades humanas e como cicatriz na sociedade alemã, com o cotidiano de violência deles mesmos no Recanto das Emas e na escola. O material incluía fotos do muro de  Berlim, além da East Side Gallery, que foi criada em um dos pedaços restantes do muro, de um campo de concentração e algumas fotos da internet de manifestações nazistas e das vítimas. Da discussão sobre arte como expressão de sentimentos, sensações, medos, anseios de um povo e das pessoas, passamos à constância da violência e do totalitarismo no nosso cotidiano. O aluno maior que abusa e oprime os menores, que se acha nesse direito e se sente poderoso com isso, pode pensar sobre a ideia de superioridade ariana dos nazistas. A disputa por poder, a imposição da força, as tecnologias do medo, tudo está ali representado, microfísica do poder se me permite Foucault.
O nazismo e todas as formas de fascismo foram uma coisa terrível. Mas foram uma coisa humana, assim como a violência é um jogo de poder entranhado nas nossas culturas. Não é acreditar na utopia de um estado sem violência. É conhecê-la e saber civilizá-la. A história não é questão de conteúdo, assim como a arte, muitas vezes ela deve ser feita para incomodar...

Memorial judeu em campo de concentração próximo a Berlim


Nenhum comentário: