sexta-feira, 26 de abril de 2013

Avaliação, diagnósticos e fim do 1o bimestre...


Salve salve pessoas... hoje, 26/04, se encerrou oficialmente o 1o bimestre escolar da rede pública de ensino do Distrito Federal. Apesar das turbulências, o saldo foi bastante positivo.
Na minha opinião, o objetivo do 1o bimestre não deve ser o sucesso de ter todos os alunos passados.. deve sim ser o estabelecimento de um diagnóstico, a identificação das necessidades, carências e deficiências de cada estudante, para trabalhá-las de modo a potencializar suas aprendizagens e torná-lo apto a andar com os as próprias pernas.
Esse ano, consegui que 95% dos estudantes do 6o ano realizassem o trabalho de pesquisa sobre a história de um de seus avós. Todos os 5% que ainda não o realizaram estão sendo cobrados quanto a isso. Não há a opção não fazer. Essa avaliação vale 30% da nota, mas mais importante que isso, me dá um horizonte de expectativa com base no espaço de experiência dos educandos. 
Por outro lado, 70% dos estudantes tiraram menos da metade do valor da prova. A prova é difícil mesmo, ainda mais sendo a primeira prova de história elaborada por um historiador pra eles. Os repetentes tiram boas notas por exemplo. A maturidade pesa muito no saber fazer uma prova. Isso também precisa ser trabalhado, criar uma cultura da avaliação com eles. Podem ser os os primeiros passos de um método científico na vida deles.
Cerca de 20% terão de passar pelo processo de recuperação. Aqui há uma divisão de acordo com a dificuldade que ele apresentou. Pode ser uma nova prova ou refazer o trabalho (ou fazer pros que ainda não fizeram).
Nas turmas de 8o ano, a tática de refazer os trabalhos sobre suas propriedades (residências) mostrou-se um sucesso. Apesar de um trabalho hercúleo, pois alguns trabalhos foram refeitos e corrigidos até 6 vezes, o interesse dos estudantes em alcançar os 3 pontos máximos foi impressionante. Houve a preocupação deles de melhorar o relato e corrigir os erros de português apontados.
As notas da prova também estiveram em um patamar mais elevado, fazendo com que 95% não necessitem de recuperação. Mesmo o 8o ano H, a turma de estudantes com histórico de repetência e indisciplina, apenas 20% dentre eles ficaram com notas abaixo de 5,0, 5% desses abaixo de 3,0. Pese o fato que 80% dos estudantes que apresentam essas dificuldades estão estudando comigo pela primeira vez, o que torna o processo mais lento.
Saldo final, o 6o ano A é uma excelente turma atualmente (duas meninas deixaram a turma e uma menina e um menino chegaram). Os estudantes número 1, 6, 11, 18, 21 e 25 apresentaram dificuldade em entender o que é história, fontes históricas, os ciclos da natureza. A aluna 21 é repetente e merece ser avaliada com mais cuidado. Destacaram-se os números 7, 15, 22. Também teve significativa melhora de desempenho a estudante 6. Indisciplina apenas do 11.
O 6o ano B é uma turma boa, mas com várias dificuldades. Há um grupo grande de repetentes que não costumam cumprir tarefas. Os casos mais preocupantes são 1, 9, 10, 12, 23, 26 e 28. Todos apresentam problemas sérios de leitura e e escrita. Tem dificuldade em expressar os conceitos históricos e interpretarem textos. Também merecem atenção redobrada 11, 25 e 27, que são repetentes e recorrentes nas dificuldades. A estudante 27 é recorrente nas indisciplinas. Destacaram-se 14 e 29, dois repetentes que estão mostrando bastante serviço.
O 6o ano C é uma turma difícil. A mais difícil do 6o ano. E olha que eu sou o professor conselheiro dessa turma, hoje mesmo tivemos muita bagunça. Há uma grande concentração de crianças agitadas nessa sala e alguns casos específicos de histórico de indisciplina. Dão especial trabalho 1, 7, 9, 15, 19, 22, 23 e 28.  Fiz um novo mapeamento e tentei uma nova estratégia de enquadrar o problema. Além disso, apresentam problemas de aprendizagem 11, 13, 16, 17, 19, 23, 25, 27 e 28. Destacaram-se 3, 4, 6, 12 e 26.
O 6o ano D é uma turma muito grande, com 34 estudantes (5 a mais que as 3 turmas anteriores). Aqui também existem casos de indisciplina acentuada com o agravante do tamanho da turma. Existem aqui 3 repetentes que já cursam o 6o ano pela 3 vez, casos que merecem total atenção (7, 9 e 18). Além destes, requerem especial atenção os estudantes 6, 20, 21 e 24. A indisciplina é recorrente em se tratando dos estudantes 8, 10, 16, 18 e 31. O estudante 23 apresentou problema de matar aulas, mas parece ter sido solucionado. Destacaram-se 4, 10, 11, 30
O 6o ano E também é uma turma grande, com grande número de meninos, alguns dos quais com histórico de indisciplina. Em especial, 8, 15, 28, 29 e 30. No entanto, foi a turma com melhor desempenho nas avaliações e aparenta ter mais maturidade para relacionar-se com os conceitos e os conteúdos. Destacaram-se 3, 12, 18, 23, 24 e 25. Necessitam de cuidados maiores os educandos 13, 20, 22, 26, 28 e 30.  A estudante 13 apresenta faltas excessivas. 
O 6o ano F é a segunda turma de 6o ano mais complicada. Além de ser uma turma com 32 estudantes, tem uma desproporção grande entre meninos e meninas. Requerem atenção pelo histórico de repetência os números 3, 9, 15, 17, 23 e 29. Também requerem atenção redobrada os estudantes 8 e 13. Apresentam problema de indisciplina 7, 10, 17, Apresentam dificuldades no entendimento e na expressão dos conceitos 17, 23 e 25.
O 8o ano A é a menina dos meus olhos. Os únicos casos para se preocupar são 2, 13 e 26. Os destaques principais são 1, 7, 12, 18, 23, 27 e 28.
O 8o ano B não teve um desempenho tão louvável nas avaliações, mas também teve empenho muito satisfatório. Apenas a estudante 9 precisará realizar recuperação. Alguns casos precisam ser acompanhados com atenção, devido a serem repetentes com históricos de desistência: 1, 5, 22. Na questão disciplinar 10, 28. Foram destaques 2, 7, 8, 16, 20, 25.
O 8o ano C teve um ótimo desempenho nas avaliações, mas muitos problemas disciplinares. A turma é muito cheia, com 35 estudantes. Vários destes apresentam problemas recorrentes de indisciplina, além de inúmeras reprovações (19 e 35). Além destes, apresentam resistência a regras e respeito ao próximo 7 e 30. Outros estudantes agitados são 5, 9, 12, 17, 23, 32 e 34. Quanto às dificuldades de  aprendizagem ou de interesse, chamaram a atenção 2, 8, 9, 19, 23, 30 e 34, principalmente o último caso. Destacaram-se 1, 22, 25 e 33.
O 8o ano H teve um desempenho bom, mesmo com grandes dificuldades. Os estudantes 20 e 22 são dois casos difíceis, que precisam de uma ressocialização, mesmo em um ambiente de educando com histórico de repetência e indisciplina. Um problema sério é a evasão, que é mais acentuada aqui que em qualquer outra turma: 9, 12, 19, 23 e 26. Precisam de um acompanhamento mais cuidadoso também os estudantes 7, 10, 14, 27. Alguns casos de indisciplina também são 2, 5 e 15. Destacaram-se 3, 6, 13, 18,  21, 24, 25.


terça-feira, 9 de abril de 2013

O preço do tomate (Ilha das Flores de Jorge Furtado e Cabra Marcado pra Morrer de Eduardo Coutinho)


Salve salve pessoas, em tempos de tomate nas alturas, o trabalho segue em sala de aula. Por coincidência (ou não..), trabalhei com o filme Ilha das Flores de Jorge Furtado em sala. O filme foi passado às turmas de 8o ano junto com um trecho do documentário Cabra Marcado Pra Morrer. O objetivo principal é problematizar a questão da propriedade e da liberdade.
Ilha das flores é um documentário de cerca de 10 minutos que conta de maneira bem-humorada a trajetória de um tomate desde o cultivo até o lixão de Porto Alegra, a Ilha das Flores. Ele trás para o foco do debate o problema do lixo, da marginalização humana, do apartheid social que vive-se em tantos lugares. Basta lembrar, para citar o caso do DF, da Cidade Estrutural, agora legalizada, que começou como mais uma invasão, anexa ao lixão de Brasília.


Cabra Marcado pra Morrer é um filme sensacional e único. Tem inscrito em sua própria construção a trajetória do Brasil, bem como do cinema brasileiro e daqueles que lutaram contra o sistema e os poderosos. O filme tratava em seu projeto original de contar a história de João Pedro, líder de liga camponesa, que é assassinado pelas pressões de latifundiário. Com o golpe militar de 1964, o projeto foi abortado e seus agentes lançados à clandestinidade.
Em 1981, o diretor Eduardo Coutinho recupera o projeto com o intuito de encontrar o que se dera com todos que tomaram parte dele. Momento mais interessante é o encontro com Elisabete Teixeira, viúva de João Pedro, que após 17 anos de reclusão e clandestinidade, tem novamente a oportunidade de relatar o infortúnio de seu marido. Essa narrativa é entremeada de cenas da filmagem original, tendo a oportunidade de dar a ler a opressão e desmando da elite latifundiária sobre os campesinos e posseiros.
O trecho utilizado em sala vai dos 22 min até os 40 min do filme.