sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Dias felizes



Salve salve pessoas.. complementando o último post Dias Difíceis, venho hoje contar sobre uma nobre visita às minhas salas de aula hoje. Meu grande amigo Paulo Thiago foi comigo lá pra escola hoje assistir umas aulas, conhecer a escola, trocar ideia com a molecada e outras coisas mais. Até dar aula para uma das minhas turmas de 6o ano ele deu. Foi uma experiência sensacional, onde os estudantes ficaram muito interessados e onde eu pude discutir a minha prática e o meu cotidiano com uma pessoa que respeito enormemente, além de ser um grande amigo há quase 15 anos. 
É sempre bom dialogar e ampliar nossos horizontes. O dia de hoje permitiu a satisfação de perceber que os bons trabalhos podem sim ser multiplicados, articulados, semeados e desenvolvidos. Se pra reclamar tem muitos, também tem aqueles que querem fazer, que querem mudar. Obrigado pela visita, meu querido, e seja sempre bem vindo.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Dias difíceis


Salve pessoas. Hoje, eu tive um dia daqueles. Dos que fazem você duvidar se adianta.. se é possível.. enfim... vou começar pelo final e fazer a arqueologia do processo:
Um aluno de 6o ano, já repetente, que toma remédios e tem histórico de dificuldades de relacionamento agrediu outro aluno de 6o ano na saída da escola. Eu só vi os estragos e ouvi os relatos. Corri atrás de resolver o problema. Conversei com o agredido, expliquei pra ele que era um caso de polícia e tentei tranquilizá-lo. Ele foi agredido por pelo menos 4 outros alunos (sendo 3 da minha escola e 1 ex-aluno da escola).
Os dois principais envolvidos são de turmas diferente e estiveram suspensos juntos ontem na biblioteca. Algum bate-boca iniciado lá terminou com a agressão de hoje. O ex-aluno da escola, amigo do agressor principal, inclusive golpeou o agredido com o pneu da bicicleta, o que causou a lesão principal. Liguei para a mãe do aluno agredido, que estava no trabalho no Plano. Levei o filho dela pra casa de carro e a direção ligou pra mãe do agressor, que não demorou a aparecer na escola. Ele foi suspenso, vai ser transferido e acha que é a vítima e não o culpado. A escola registrou tudo e a mãe do agredido vai amanhã, sendo que eu já recomendei registrar ocorrência, mas as pessoas geralmente desistem.
O agressor principal foi meu aluno ano passado. Tem um histórico muito difícil e toma remédios controlados. Ele já vinha transferido de outra escola por ter brigado com o guarda do portão. Eu gastei muita energia com ele e consegui estabelecer uma relação de confiança. Ainda assim, ele acabou evadindo. Esse ano voltou, perdendo o início do ano letivo e o coloquei na turma que sou conselheiro para administrar o problema mais de frente. Conversei muito com ele, mas ele rapidamente se alinhou com os outros dois alunos problema da turma, um dos quais também participou da agressão.  Os 3 foram suspensos na terça-feira por uma brincadeira com barbantes que machucou uma colega de turma. Passaram a quarta-feira suspensos na biblioteca realizando atividades que eu supervisiono como posso, indo entre as aulas ou enquanto a turma copia algo do quadro. 
Hoje mesmo, durante o intervalo, eu tinha conversado com a mãe dele e ele, falando sobre como ele tinha que mudar, respeitar a mãe dele, se esforçar e parar de andar com os outros dois. Quase vinte minutos de conversa. (Essas conversas sempre implicam em choro, porque eu falo do meu pai).
O agredido é um ótimo aluno, com boas notas e comportamento dentro da média. Foi suspenso pela primeira vez e por um deslize. Eu o suspendi para lhe  ensinar uma lição, que quando fosse na onda dos outros, ele ia se lascar junto. Ele chorou, tentou dizer que não era tão culpado assim. A mãe veio à escola no dia seguinte (ontem). Expliquei o motivo e garanti que ele era um bom aluno, mas que precisava perceber o preço dos atos dele. Ele cumpriu muito bem a atividade da suspensão. Além disso, leu um livro sobre mitologia grega que mostrei pra ele.
Eu sei que a culpa não é minha, até porque saí do mundo da culpa faz tempo. Mas me sinto responsável, o mesmo que me move é o que me fustiga. A responsabilidade que me faz tentar mesmo com tanta pedra no caminho é a mesma que me castiga numa hora dessas. Eu cruzei o caminho dos dois e não impedi a culminância grave da situação. Tô arrasado. Pra vocês verem que nem só de "Fica Jorge" vive o homem.. e agora tô pensando sobre o que fazer.. o que vem pela frente. Vamos ver. Amanhã, vai ser outro dia...