sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Fim de ano, últimas avaliações e as incertezas do amanhã...


Salve salve pessoas. Pensem em um professor acabado. Esse trem de doutorado e trabalhar ao mesmo tempo não é de deus não viu... esse fim de ano em 2014 é certamente um dos contextos mais exigentes de minha modesta trajetória. Só neste exato momento terminei de corrigir o último pacote de provas e fechar minhas notas (que deveriam ter sido entregues hoje à secretaria, mas o serão no 1o horário da segunda... rs).
Estou aliás em um não recomendável intervalo, já que tenho 15 páginas para escrever do artigo da disciplina de Teoria do doutorado. Mas as coisas por dizer estão cá na ponta da língua.. e dos dedos.. daí que ganham corpo.
Primeira avaliação: 2014 foi um ano difícil. Esse contexto de Copa e eleição tumultuou muito as coisas. Para 2015 temos a secretaria de educação  em novas mãos com o governo do PSB (ou serão novas velhas mãos?). O governo Agnelo vai sem deixar saudade, se esfacelando mesmo antes do fim. Acredito que nós professores e a área da educação tiveram ganhos nos últimos 4 anos, mas silenciados na atual conjuntura.
Segunda avaliação: eu vou sentir falta demais da sala de aula ano que vem. Se por um lado estou reclamando da sobrecarga, não sei o que será de mim sem a arte de ser professor.
Dito isso, acredito que o ano rendeu histórias maravilhosas, como o caso do David, que conseguiu as lentes e talvez a cirurgia. Isso foi fruto do trabalho de toda a equipe, mas acho que tem destacar meus colegas da sala de recursos Bete e Júnior e nossa coordenado SS estrelinha Daniela. O trabalho mais em equipe rendeu bons frutos na gincana, na festa junina, na feira de ciências e no natal solidário, para citar apenas alguns exemplos.
Ainda assim, nas minhas 10 turmas o cenário é de mais reprovações e evasões do que no ano anterior. Se em 2013 havíamos reduzido a reprovação do 6o ano de 30 para 25%, retornamos aos 30%. Desses, exatos 15% de abandonos e 15% de reprovações efetivas. Não soubemos combater a evasão e pouco fizemos na superação dos excessos avaliativos. Não basta um provão de marcar "x" no gabarito, é preciso avaliar melhor. Também parece que haverá um pequeno acréscimo entre os 8os anos. Ainda não tenho o quadro das turmas de 7o e 9o ano, mas acrescentá-los-ei após os conselhos de classe de segunda e terça-feira.
Como sempre, eu defendo que reprovar NÃO é solução. Reprovar é um problema. Algumas vezes pode ser como dar um passo atrás (ou no mesmo lugar se preferir) para dar dois à frente (ou um em frente se preferir), mas outras tantas vezes é uma repetição dos mesmo erros que faz tábula rasa da experiência que existiu, mesmo com as dificuldades que teve. Isso é mais nítido nos casos de repetências seguidas de estudantes que não conseguimos alcançar de forma alguma.
Do ponto de vista da minha prática, foi um ano muito proveitoso. A culminância dos 6os anos com o teatro do mito da Guerra de Tróia foi sensacional, ainda que não tenhamos conseguido nos apresentar para a escola (irei fazer uma postagem apenas sobre isso). A culminância dos 8os anos com a leitura de Os Sertões de Euclides da Cunha e o filme Vidas Secas de Nélson Pereira dos Santos, baseado na obra de Graciliano Ramos, foi muito proveitosa. A ideia de aplicar a prova para ser feita em casa me agradou bastante e será mantida no futuro.
Que venha 2015...


quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Avaliação, novos resultados, reavaliações e fim do 3o bimestre


Salve salve pessoas... uma vez mais, pra não perder o costume, desculpem pela demora. Este ano atípico de copa + eleição, somou-se no meu cotidiano com doutorado, inferno astral, preparativos de festa de aniversário e outras coisas mais. Tanto que não consegui colocar aqui no blog o balanço do bimestre antes de agora. Eu o fiz antes do conselho de classe, que foi semana passada, e tenho agora a experiência de pela primeira vez fazer minha análise já tendo dialogado com meus colegas.
O 3o bimestre não é mais um momento de avaliação apenas propositiva, mas sim de analisar o que foi construído ao longo do 1o semestre. As propostas e costumeiras correções de rota devem sinalizar se os educandos conseguiram ganhar autonomia de vôo ou se carecem de um esforço concentrado para conseguir prosseguir ou não de ano.
Como conversava com alguns amigos hoje, eu sou a favor da aprovação cíclica, entendendo que a retenção deve ser uma exceção justificada por necessidades particulares, que serão atacadas no ano seguinte. Ainda assim, minha escola trabalha com o modelo de reprovação tradicional, costumeira arma na mão dos professores tão sucateados em seus poderes. Pouca boa vontade existe no sentido de problematizar como a reprovação é a mais direta reprodução de nosso sistema competitivo, meritocrático e alienante.
Dito isto, o 3o bimestre é um dos que eu e os estudantes mais nos divertimos. Nas turmas de 6o ano, tratamos dos mitos de quatro civilizações: Mesopotâmia, Egito, China e Índia. Esses mitos servem como ponto de partida para a discussão da formação desses quatro povos à beira dos rio Tigres, Eufrates, Nilo, Indo e Amarelo, suas divisões sociais, culturas e importância. Esse ano, por sugestão de um grande amigo no ano passado, passei a realizar as encenações de cada um dos mitos e não só do mito da Guerra de Tróia no 4o bimestre. Deu super certo... passou a ser o momento mais esperado por todas as sete turmas. E ai de mim se não realizasse o teatro do mito. 

O 6o ano A é uma turma que melhorou muito, embora a maior parte dos seis repetentes dela tenha retornado ao comportamento indisciplinado e apático do ano anterior. Com exceção do aluno 7, que segue bem e é um dos melhores casos esse ano (após repetir o 6o ano com louvor por duas vezes), os outros 5 caíram. O aluno 8 se encontra reprovado por faltas e o aluno 10, apesar de ter chance comigo, já está reprovado em cinco outras matérias e não conta com a simpatia de nenhum professor pelos problemas disciplinares. Os alunos 1, 20 e 22 ainda requerem atenção, mas devem passar, embora 1 necessite de atenção especial.
Além destes, entre os alunos regulares houveram 3 outros abandonos com reprovação por faltas: 3, 24 e 33. Os estudantes 11, 19 e 26, apesar de um acompanhamento individualizado persistiram no comportamento evasivo, faltando muito e tendo enorme dificuldades nas atividades, mostrando a necessidade de realizarem o 6o ano de maneira completa. A aluna 28 teve uma queda acentuada no desempenho em todas as disciplinas e também será retida, assim como a aluna 31, que ainda acredito ser possível recuperar, mas que encontra-se em situação gravíssima em todas as matérias.
Ainda que a maior parte da turma não vá ter problemas em passar para o 7o ano, casos que requerem cuidados são 5, 14, 16 e 29.
Os destaques da turma na minha disciplina, ou seja, aqueles que já consolidaram um bom rendimento e mostraram terem uma capacidade de aprendizagem bem consolidada são 2, 4, 7, 9, 12 e 25.

O 6o ano B é a turma que mais melhorou nesse bimestre. Aqui também foi o lugar onde a individualização do atendimento aos alunos com defasagem mais deu retorno. Entre os cinco repetentes, apenas 7 teve queda de rendimento e de disciplina, que já o colocam como reprovado em mais de cinco matérias. É o mesmo caso do aluno 21, embora esse tenha melhorado comigo e me pareça ter condições de avançar. A aluna 28 teve boa melhora e tem chances se continuar respondendo ao acompanhamento individual. A aluna 6 teve melhora e não deve ser problema, enquanto que a estudante 22 é um dos destaques da turma e de todo 6o ano.
Dentre os educandos regulares, já se encontram reprovados por abandono total ou relativo 11, 12, 17, 24, 30 e 31. Dentre estes, o aluno 12 foi o único da turma que não correspondeu ao acompanhamento individualizado. Também devem ser retidos por questões de caráter psicológico a aluna 25.
Entre aqueles que requerem atenção particular: 5, 9, 26 e 29. Sendo que com exceção de 26, os outros três devem entregar o trabalho de biografia dos avós do 1o bimestre para poderem prosseguir.
Há aqui um bom número de destaques: 2, 3, 4, 10, 14, 15, 16, 20 e 22.

O 6o ano C é a turma de que sou conselheiro e apesar de apresentar significativa melhora no trabalho comigo, não é o mesmo com os demais professores. Há um grande número de estudantes de comportamento problemático aqui colocados justamente para ficarem sob a minha tutela. Eu vejo avanços, mas existe muita resistência dos meus colegas em enxergar avanços tímidos de educandos problemáticos. Ainda assim, tenho que reconhecer que dos quatro repetentes da turma, três tiveram queda de desempenho, já estando dois deles retidos para o ano que vem: 6 e 26. Eu ainda acredito poder dar uma sacudida final na aluna 6, mas é um caso muito difícil. O aluno 8, mesmo com a queda, deve passar de ano. O estudante 21 teve melhora apesar da parte disciplinar e deve progredir.
A turma conta com quatro abandonos: 14, 22, 29 e 32. Além destes, pelo fraco desempenho, mesmo com acompanhamento individual, também serão retidos 2, 4, 9 e 19. O estudante 4 apresentou uma melhora tímida e tô tentando um milagre aqui ainda. As estudantes 7 e 13 são casos parecidos, embora as notas estejam um pouco melhores e seja preciso controlar as faltas, têm chances de passar.
Também devo concentrar esforços nos educandos 18, 30 e 31. Todos casos difíceis, mas que vem respondendo ao acompanhamento.
Entre os destaques, o aluno 11 é certamente o meu predileto de todo o 6o ano e um excelente representante de turma. Também são destaques 3, 15, 17, 23 e 24.

O 6o ano D é curiosamente a turma mais cansativa de trabalhar, mas a com melhor rendimento coletivo nas avaliações da maioria dos professores. Alguns casos que preocupavam tiveram significativa melhora, restando poucos casos para reprovação além dos abandonos.
Essa turma possui apenas uma repetente, 24, que mostrou excelente melhora no rendimento e no comportamento e já está praticamente passada de ano. São cinco casos de abandono (incluindo o outro repetente que havia na turma): 2, 12, 18, 20 e 30. Com isso, existem outros três alunos já reprovados, 7, 16 e 17, que necessitam de um acompanhamento mais profundo ao longo do ano que vem.
Requerem cuidados, mas devem passar após a recuperação final 1, 15, 23 e 27. Aqui é só uma questão de ficar no pé.
Os destaques da turma que já estão aprovados são 4, 9, 10, 11, 19 e 22. A educanda 10 também é um destaque entre todos do 6o ano.

O 6o ano E começou a no como a turma mais promissora, mas degringolou ao longo do ano. Talvez a falta de um trabalho mais atento de um professor com a turma seja uma razão. Casos recorrentes de indisciplina e rixas internas dificultaram a socialização da turma.
Entre os três repetentes, 25 abandonou, enquanto que 2 e 8 melhoraram e devem prosseguir. Ainda assim, a aluna 2 parece ainda com dificuldades em deslanchar pelas próprias pernas e 8 continua com constantes problemas de disciplina.
Também abandonaram 10, 15 e 35, enquanto que 14, 20, 21, 22 e 32 já estão reprovados em cinco ou mais matérias com meus colegas. Todos tem chance de passar comigo ainda e acredito que posso ainda ajudar alguns casos, como de 14 e 22, que precisam apenas de mais esforço e responderam ao acompanhamento individualizado, e de 32, que chegou durante o ano.
Também necessitam de atenção cuidadosa 3, 7, 11, 13, 28 e 33, todos casos delicados, mas que podem seguir após a recuperação final.
O educando 9 é o grande destaque da turma, onde os bons desempenhos pouco frutificaram. Mesmo assim já estão passados 1, 4, 6, 23 e 29.

O 6o ano F apresentou significativa melhora, muito embora ainda seja uma turma em situação difícil. Houve um generalizado crescimento do interesse e da participação com o afastamento dos alunos para o acompanhamento particular. Enquanto a turma melhorou, nenhum dos estudantes trabalhados individualmente correspondeu.
A turma tem quatro repetentes, dos quais duas abandonaram, 17 e 24. O educando 5 é um dos destaques da turma e entre todos os repetentes do 6o ano. O aluno 8 apresentou melhora, mas o excessivo número de faltas já o coloca também como abandono. Além destes também abandonaram: 6, 7, 29 e 30.
Serão retidos e precisam de um acompanhamento cuidadoso e particular por todo o ano que vem 14, 19 e 21. Os três tem capacidades para um bom desenvolvimento mas tem carências familiares e disciplinares, não tendo respondido ao acompanhamento individualizado ao longo do 3o bimestre.
Necessitam de cuidados, mas devem passar: 1, 10, 12 e 32. O caso de 32 que chegou no fim do bimestre é crítico.
Entre os destaques, além de 5, posso acrescentar 3, 4, 9, 15, 16, 20 e 23.

O 6o ano G  é uma turma grande, o que complica um pouco as coisas. Ela tem trinta e quatro alunos, quatro a mais do que a média das outras turmas. Existem alunos difíceis e alguns dos casos de maiores conflitos no 6o ano. Ainda assim, a turma tem bom rendimento e, proporcionalmente, poucos casos de muita atenção. Aqui, o acompanhamento individualizado teve sucesso com alguns educando, mas nenhum êxito com outros.
A turma conta com 5 repetentes: 3, 16, 19, 20 e 23. Dentre eles, o aluno 16 abandonou, a estudante 3 tem bom rendimento e seguirá para o 7o ano, assim como 23 que teve queda de rendimento, deixando de ser um dos destaques, mas ainda rendendo o suficiente. Os alunos 19 e 20 requerem atenção cuidadosa, mas tem boas chances de prosseguir.
Também são casos de abandono 10, 18, 24 e 30.  Entre os reprovados, o aluno 13 é um caso de total indisciplina e encaminhado ao SOE, necessitando de acompanhamento psicológico cuidadoso. O baixo rendimento e participação também justificam a retenção de 29, 18, 13 e 26, muito embora os três últimas tenham correspondido no acompanhamento individualizado e possam conseguir passar com uma recuperação continuada e a recuperação final.
Necessitam de atenção particular 1. 21 e 27.  A aluna 31, que chegou durante o ano, é um caso grave que também apresentou pouco desenvolvimento.
A turma tem um bom número de destaques, em especial, da educanda 2. Além dela, 9, 14, 15, 16, 28, 33 e 34.

Nas turmas de 8o ano, o 3o bimestre é um bimestre de recuperação. No geral, as notas são baixas no 2o bimestre pela prova exigente sobre o livro A Utopia. No 3o bimestre, o tema é terra e propriedade: feudalismo europeu. Estudar a Idade Média da Europa é complicado, após estudar a Revolução Francesa. Minha ideia é uma arqueologia, mas é preciso muito cuidado para não haver maiores confusões. Minha ideia é explorar e desenvolver imaginários, que alcançam outras possibilidades de sonhar a Idade Média.
Com isso, há a apresentação de seminários e as notas são significativamente melhores com o trabalho em grupo e a avaliação de outras capacidades além das de uma prova discursiva.

O 8o A teve uma queda sensível, tanto no aspecto disciplinar quanto nas notas. Muito embora a turma ainda seja proveitosa em seu intuito de recuperar e habilitar educandos com experiência de repetidas retenções, passagem por turmas de aceleração e problemas extra-escolares, já há um número significativo de desistências. Mesmo assim, os números são mais animadores que os dos anos anteriores.
Entre os abandonos temos: 21, 22, 24, 31 e 33.
Entre o baixo rendimento e desinteresse: 3, 5, 8, 12, 15, 18, 20, 29 e 35. Acredito que o caso de 29 possa ser revisto, embora exija muito cuidado
Necessitam de continuidade no acompanhamento individualizado 2, 16, 27 e 39.
Entre os destaques da turma temos 6, 23 e 37.

O 8o E, que pecava muito pela disciplina, teve uma grande melhora nesse bimestre. A turma teve melhora de rendimento e tem um panorama relativamente tranquilo para a maioria dos estudantes.
Entre os abandonos temos 12, 18, 20 e 39.
Além destes, estão reprovados 11, 16, 21 e 36. Com exceção do primeiro, ainda acredito ser possível investir num milagre para algum dos três últimos, embora não tenham mostrado avanços especiais que justifiquem minha esperança.
Precisam de alguma atenção: 7, 23, 24 e 33. O caso de 24 é o mais grave e pretendo ajudá-lo em todas as disciplinas.
Podemos destacar nessa turma 10 e 17.

O 8o F é a menina dos meus olhos para resumir. Embora estejam conversando um pouco demais pro meu gosto.
Existem aqui dois casos candidatos à retenção: 12 e 24. Ambos são alunos especiais, com laudo e seus casos devem ser tratados com atenção maior no conselho final. Ainda assim, a possibilidade de retenção é a mais forte.
Não existem abandonos. São dois também os casos que requerem algum cuidado e apoio: 15, 33 e 39.
Merecem destaque como os melhores educandos do 8o ano 1, 14 e 30. Além do trio, são destaques 2, 3, 6, 13, 19, 26, 29 e 31.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Putz... o IDEB da minha escola caiu e agora?



Salve pessoas... pois é... saiu o IDEB.. o índice de desenvolvimento da educação básica, Índice do governo que mede a qualidade da educação nos níveis fundamentais e médio. "A nota caiu em 16 estados" diz a oposição... "a situação vem melhorando" diz a situação. E na prática como andam as coisas?
Na minha escola, CEF 308 do Recanto das Emas, o IDEB caiu. Pela segunda vez consecutiva. A nota caiu de 3,9 em 2009 para 3,5 em 2011 e agora 3,4 em 2013. Isso significa que há menos resultado na avaliação. Além disso, até 2011, ao menos estávamos acima da meta que era 3,2, pois em 2013 a meta era 3,6.
Eu cheguei à escola em 2010. Qual é a minha avaliação? A escola melhorou muito. 
A estrutura física foi pintada e ampliada (sala de ensino integral, refeitório, quadra coberta, horta, sala de vídeo, biblioteca, sala de reforço).
A equipe de professores efetivos aumentou. Na equipe da manhã, os temporários substituem coordenadores e direção, enquanto que na equipe da tarde a maioria dos professores ainda são contratos temporários (vários dos melhores professores que conheci eram contratos, mas falo aqui do ponto de vista de continuidade do trabalho.)
Atividades e projetos vem sendo desenvolvidos em várias áreas: no ensino integral, nas aulas de reforço em matemática, nas turmas de aceleração, na gincana, na feira de ciências cultural, entre outros.
A orientadora pedagógica é presente e atuante, mas só trabalha na nossa escola pela manhã. A direção é prestativa, mas não existe muita sintonia com o trabalho dos professores. A equipe de atendimento aos alunos especiais foi reduzida de duas para uma pessoa.
Mas as notas caíram. Por que?
Em primeiro lugar, a nota da escola no IDEB leva em conta o desempenho dos alunos de 9o ano em matemática e português na Prova Brasil e as reprovações (taxa de rendimento escolar). Obviamente, essa avaliação segue a lógica do sistema de ensino em suas formas mais burocráticas. Porém, deve-se olhar seus resultados não como uma hierarquia de melhores escolas e modelos, mas como um número que merece um diagnóstico atento.
A nota de 3,4 está abaixo da meta de 3,6 como eu já disse. Também está abaixo da média do DF que é 3,8 em 2013 (era 3,9 em 2011). O Brasil tem média 4,2 (era 4,1) para uma meta de 4,4.
Os estudantes avaliados no ano anterior foram meus alunos no 6o ano em 2010 e alguns no 8o ano em 2012. Na minha opinião, eles foram a melhor geração de educandos com quem trabalhei (estou na 5a geração). Talvez pelo sabor das experiências primeiras, talvez pelas simples coisas da vida, talvez pelo mérito deles. Enfim, uma coisa que sei é que ele foram uma geração que chegou à escola na 1a série. Passaram 8 anos na mesma escola, antes que ela se tornasse de 6o ao 9o ano, ao invés de 1a a 8a série. A mudança se deu em 2011. Eu preferia do jeito antigo, pois as crianças tinham outra relação com a escola na minha opinião. Antes, elas tinham crescido ali. Agora chegam ali de outra escola. Eu até visito as crianças na outra escola (EC 510) de onde vem os estudantes para a minha para prepará-los pro ano seguinte.
Não soubemos fazer a transição de uma pequena escola de 1a a 8a para uma não tão pequena escola de 6o a 9o ano. Isso me parece o primeiro ponto.
Segundo problema é que nossos esforços individuais se perdem no marasmo coletivo. A sentença é autoexplicativa.
A terceira coisa é estarmos enxugando gelo já que educação não é prioridade PRA NINGUÉM!!! Foi mal, apelei... pra algumas pessoas é... pra mim mesmo é... mas somos poucos, meus caros. Mas aqui cabe a sabedoria de saber o que não simplesmente se muda de uma hora pra outra. A escola atende a um público da periferia do Recanto da Emas (região mais nova conhecida como Taubaté). Essa região é a mais recente e também menos estruturada da cidade, com altas taxas de criminalidade e problemas de urbanização deficiente, baixa renda e escolaridade dos pais e avós, entre inúmeros problemas das inúmeras periferias do Brasil. Lá, educação é menos prioridade do que a média também.
Seja como for, embora eu acredite que sem mudanças estruturais no âmago de nossa sociedade e de nossa cultura escolar, não haverá mudança verdadeira, há como colher melhores resultados. Ainda que na objetividade burra dos números seja difícil mostrar a subjetividade complexa das coisas, me parece que é preciso querer. Querer educar. Querer educação. Fazer sua parte.
Eu sigo fazendo mesmo que os números expressem o contrário.


quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Algumas formas de sonhar a Idade Média (O Incrível Exército Brancaleone, El Cid e Coração Valente)




Salve pessoas... venho aproveitar uma brecha entre a correria do doutorado, trabalho, natação e demais viveres pra falar das vicissitudes da sala de aula. Quando tudo mais me cansa, os estudantes me lembram que é por essa troca que eu tô lá. Professor também tem salvação meu povo... é só não se deter em que o sistema seja o foco. O foco são as pessoas. As pessoas que querem... e as que podem querer...
Em sala de aula, vai tudo bem. As turmas de 6o ano estão terminando o mito de Gilgamesh e o estudo da Mesopotâmia. Essa ano passei a realizar a encenação de todos os mitos e vem sendo realmente um sucesso, a molecada pira. Na aula expositiva sobre a Mesopotâmia, aproveitei para mostrar as fotos da minha viagem pra África do ano passado. Falei sobre o apartheid, o risco de extinção de animais e sobre a evolução do ser humano (com as imagens dos fósseis do australopithecus sediba que estudamos no 2o bimestre.
As turmas de 8o ano estão estudando a Idade Média. Antes de entrarmos na questão da terra e da propriedade no medievo, opto por trabalhar os imaginários sobre a Idade Média. Introduzo a discussão com uma versão adaptada do texto "Dez Formas de Sonhar a Idade Média" do Umberto Eco (do livro Sobre o espelho e outros ensaios). Estudei esse texto no começo da minha graduação e sempre tive grande apreço por ele e suas possibilidades. Num segundo momento, passamos para três filmes que tratam da Idade Média: El Cid, o épico de Anthony Mann de 1961; O Incrível Exército Brancaleone, a comédia italiana de Mario Monicelli de 1966; Coração Valente, filme de Mel Gibson de 1995.
A culminância do processo é refletir sobre esses documentos. Um debate em sala de aula, dando opiniões onde a minha mediação vai trazendo informações, fazendo comparações, marcando que cada filme fala mais da época em que foi feito do que da época de que quer falar.  A ideia é permitir que cada estudante potencialize sua forma de sonhar a Idade Média.
Ensinar história deve ser ensinar a fazer história, já dizia a Elza Nadai.


terça-feira, 5 de agosto de 2014

Avaliação, resultados, novos diagnósticos e fim do 2o bimestre

Salve salve pessoas.. ano estranho esse viu. É a primeira vez que o 2o bimestre terminou depois das férias de meio de ano. Ou seja, por conta da copa teve um intervalo de um mês nas aulas bem no meio do bimestre. Como ao invés de reclamar do que não podemos mudar, cabe trabalhar com o que temos. Com os 6os anos, eu alterei o trabalho que normalmente faço sobre os ancestrais do ser humano de grupo para individual e para ser feito durante as férias. O resultado foi satisfatório. Com os 8os anos, esse período serviu para a leitura do livro A Utopia do Thomas Morus. O resultado não foi tão satisfatório em pelo menos 2 das 3 turmas.
Além disso, com o bimestre encerrado é possível ver o que conseguiu ser melhorado e o que já pode ser pensado pro ano que. Como estarei de licença para o doutorado, estou tentando ser o máximo efetivo nesse ano ainda. e posso trazer as primeiras considerações do ano. O objetivo do 2o bimestre deve ser reavaliar o diagnóstico inicial dos estudantes traçados no 1o bimestre. Mais uma vez, o centro do debate não devem ser as notas, mas sim as práticas, experiências e aprendizagens do educando. Reavaliar sua leitura e fazê-lo ler mar, desenvolver sua escrita, aproximar-se das família, semear disciplina, entre outros.
Duas estratégias de recuperação continuada estão sendo implementadas no 6o ano: o trabalho para a feira de ciências, que consiste na produção de revistas de leituras com a história do Recanto das Emas, escritas por nós em sala a partir das biografias do avós dos estudantes de cada turma; a correção e o re-fazer do trabalho sobre os ancestrais do ser humano.
Nas turmas de 8o ano a recuperação consiste em novas e constantes reavaliações da leitura do livro "A Utopia" até que seja apresentado um bom entendimento da obra e de sua importância.

6o ano A - Esta turma continua apresentando dificuldades na realização dos trabalhos. O grande número de alunos repetentes, 7 no total, é um dificultador, sendo que o desempenho de todos piorou. Ainda assim, os alunos 8 e 10 são os que preocupam pelo desempenho nas atividades. O aluno 8 continua extremamente faltoso (21 faltas em 60). Os outros repetentes seguem regulares (o aluno 7 está bom). A aluna especial de socialização difícil foi transferida para um abrigo por problemas familiares e desligada da escola.
Entre os estudantes não-repetentes, que mereciam atenção a aluna 5 segue com dificuldades na realização dos trabalhos e na apreensão de conceitos, apesar de ser esforçada. Este é o mesmo caso da aluna 14. A aluna 19 está praticamente reprovada, uma vez que dificuldades familiares e o desinteresse impediram as iniciativas de recuperação. A estudante deve ser trabalhada para realizar um bom 6o ano em 2015. O mesmo vale para os alunos 11, 24 e 26. Todos os três continuaram a não realizar atividades, mesmo com novos prazos, chamada aos pais e auxilio direto. O estudante 16 também está praticamente reprovado pelo grande número de faltas (24 em 60), embora seja esforçado. O aluno 3 abandonou a escola.
Merecem atenção pela queda no desempenho os estudantes 13, 23, 28, 29, 30 e 31.
Entre os destaques da turma temos 9, 2 e 12.

6o ano B - Essa turma seguiu com alguns problemas de assiduidade nas atividades, apesar dos efeitos positivos do envolvimento do professor conselheiro. Boa parte dos educandos apresentou melhora de desempenho, ainda que ainda existam problemas graves específicos. 
Dentre os 5 repetentes da turma, apenas a aluna 22 apresentou continuidade na melhora do 1o bimestre em relação à 2013. Os outros 4 apresentaram sensível piora, sendo que em 2 casos (21 e 28), a nova repetência parece iminente e pelos mesmos motivos do ano anterior. A aluna 28 insiste no mesmo comportamento evasivo e protelador do ano anterior, enquanto o aluno 21 não expressa qualquer interesse.
Apresentaram satisfatória melhora os alunos 5, 8, 9, 13, 17 e 18, embora ainda demandem atenção. O aluno 12 é certamente o caso mais grave da turma, com sensível piora e perfil psicológico problemático. Falta muito (19 faltas) e já está reprovado. A aluna 24 é um caso grave, pois perdeu a mãe, abandonou os estudos e "voltou" a estudar, o que parece ser uma questão de tempo até o abandono total, ainda mais pela faltas constantes (23 faltas). Quatro outros casos de reprovações que são certas, devendo haver um trabalho visando à adequação em 2015 são dos alunos 11, 25, 29 e 30.
Merecem atenção pela queda no desempenho os estudantes 1, 6, 19, 23 e 26.
Entre os destaques temos 2, 15, 10 e 22.

6o ano C - Esta é a turma em que sou professor conselheiro e que apresentou um dos piores desempenhos do 6o ano no 1o bimestre. Houve uma melhora sensível na turma comigo, muito embora as dificuldades sejam grandes pelos inúmeros casos de indisciplina que são reunidos ali para ficar sob a minha tutela. A aluna especial 16 apresentou melhora sensível, embora ainda restem arestas consideráveis com uma professora (muito tolerante por sinal). A aluna evoluiu, mas ainda tem suas crises e excessos. Ela continua demandando muita atenção e potencializando alguns conflitos, mas tem dado retorno. Devo destacar a grande ajuda de alguns alunos, como o representante de turma 11, que me auxilia bastante.
Dos repetentes, além de 16, apenas o aluno 21 apresentou alguma melhora. Os alunos 6 e 21 tiveram queda pequena, ainda mantendo bom nível de desenvolvimento. O aluno 26 teve piora causada principalmente pela indisciplina, mas ainda está acompanhando os processos de ensino-aprendizagem.
Entre os alunos não-repetentes, os estudantes 2, 9 e 19 apresentaram alguma melhora, mas as dificuldades de aprendizagens e de interesse ainda são tremendas. Os 3 me parecem indicados para reprovar e terem um caminho mais embasado no ano que vem. Somam-se a eles três casos de abandono, 22, 28 e 29.
Casos também graves, que apresentaram piora, mas que ainda respondem em algum nível às propostas são 4, 7, 20 e 30. Alguns casos que melhoraram, mas ainda requerem cuidados são 13 (ainda falta muito), 14 (ainda é muito indisciplinado), 18 (péssima leitura) e 31 (indisciplina e defasagem grande, pois tem 14 anos - ele era o 24 da turma E no 1o bimestre). Outros casos delicados são 32 e 33, que chegaram depois das férias. O aluno 32 falta muito e 33 é indisciplinado (histórico de mudanças de escola todo ano), mas tem grande potencial.
Um caso ótimo foi o aluno 27, que começou o ano muito mal, mas apresentou grande melhora, sendo até destaque. Além dele os destaques são 11, 23 e 15.

6o ano D - Assim como essa foi a turma que mais me surpreendeu no 1o bimestre, houve uma queda sensível no 2o bimestre. Apesar de o ambiente da turma ter se tranquilizado, houve uma piora no capricho dos trabalhos e no número de cadernos completos. A agitação continua excessiva e parece que mais intervenções são necessárias, pois a confiança adquirida no 1o bimestre se esvaiu.
Dos 2 repetentes, o aluno 20 abandonou. A aluna 24 teve uma queda nas avaliações, mas sua socialização e interesse parecem ter melhorado, o que ainda dá algum respaldo para as medidas tomadas com relação a ela.
Dos pouco casos que demandaram atenção especial no 1o bimestre, o aluno 16, apesar de aparentar interesse, seguiu com crescentes dificuldades e deve ficar retido para 2015. A aluna 2 é outro caso de abandono, assim como o aluno 30. O estudante 1 melhorou um pouco, mas segue péssimo no que tange a conceitos, escrita e participação. Além destes, apresentou sensível piora o estudante 7, que soma aos problemas anteriores uma indolência tremenda.
Outros casos de piora grave são 14, 17, 18 e 28. Requerem alguma atenção 5, 6, 13, 15, 23 e 29.
Os destaques são 10, 11 e 22.

6o ano E - Essa turma continuou caindo de desempenho desde o final do 1o bimestre. Houve um grande número de abandonos, os alunos 4, 10, 19 e 31. Um dos casos difíceis, o aluno 24 foi transferido para o 6o ano C, muito embora o aluno 25, tenha continuado a dar trabalho e caído no desempenho pelas muitas faltas e suspensões. Os outros dois repetentes 2 e 8 também caíram de desempenho mas seguem regulares, sendo necessário manter a atenção.
A realização das atividades e o caderno completo deixaram de ser aqui uma constante. Dos casos de piora como 11, 13, 14, 22 e 26, todos deixaram de ter a matéria copiada e as atividades bem feitas. Alguns casos de melhora, mas que requerem cuidados sérios ainda são 7, 20, 21 e 27. Um caso delicado é do aluno 3, que além da piora, apresenta dificuldades extremas de lidar com conceitos mais elaborados. O aluno 17 faltou desde o retorno pós-férias, aparecendo apenas hoje, mas seu caso já está sendo resolvido.O caso mais grave é do aluno 25, que se esquivou de todas as iniciativas de ajuda e apesar de repetências anteriores, é um candidato a nova retenção, uma vez que não realizou nada do que foi proposto.
Os destaques são 9, 29 e 23.

6o ano F - Essa turma segue sendo a mais problemática, havendo muita infantilidade em grande número de alunos, além de sérios problemas disciplinares. A turma ainda recebeu educandos ao longo do 1o bimestre, tem graves de disciplina e socialização entre os estudantes e pouca cooperação.
Entre os repetentes, temos 4 situações bem específicas: o aluno 5, segue sendo o grande destaque da turma; o aluno 8, segue apresentando melhora, mesmo que tímida, mas ainda tem problemas de faltas e compromisso; a aluna 24, que apresenta o mesmo perfil enrolador e dissimulado do ano anterior e já está reprovada; a aluna 17, que abandonou. Outros casos de abandono é o do aluno 6. 
Entre os casos mais graves são 1, 2, 14 e 21, pioraram. Os dois últimos não apresentam bases para seguir para o 7o ano e devem ficar retidos, enquanto a aluna 2 deve ser transferida de turma para ser separada da irmã. Também tiveram queda de envolvimento os alunos 7, 10, 12, 15, 22 e 25, devendo ser observados e alvos de intervenções. A aluna 13 apresentou sensível melhora, assim como o aluno 19, mas este ainda está em situação crítica, sendo candidato à reprovação. Estão reprovados por sequer terem tentado 28, 29 e 30.
Alunos que devem ser observados pela queda abrupta, mas que apresentam boas condições são 9 e 20.
Os destaques ficaram por conta de 5, 23 e 3.

6o ano G - Essa turma que teve um desempenho mais que satisfatório, acabou seriamente prejudicada nesse bimestre pela turma numerosa e pelo grande número de alunos indisciplinados. Vários dos estudantes aplicados acabaram contagiados ou atrapalhados pela bagunça dos colegas.
Dos cinco repetentes, apresentou melhora o número 19, um caso especial, uma vez que esse estudante é semi-analfabeto ou analfabeto funcional e requer um tratamento totalmente diferenciado. Ainda que com enorme dificuldade, ele tem evoluído e realizado as atividades, além de ter passado a preferir companhias mais solidárias. Além dele, o aluno 16 também tem dificuldades severas, apresentou alguma melhora, mas ainda paga o preço da indisciplina e defasagem (já está no 6o ano pela terceira vez). Dos outros três repetentes, dois tiveram desempenho ainda melhor, com 3 e 23 crescendo muito, principalmente nas responsabilidades. O aluno 23 é um dos destaques da turma, além de uma liderança positiva. O aluno 20, que vinha muito bem, teve uma queda sensível.
Entre os estudantes que demandavam maior atenção, o aluno 1 piorou ainda mais e deve ser retido. Esse também é o caso do estudante 6. Já o aluno 13 já está reprovado pela questão disciplinar, sendo um dificultador da convivência da turma. Curiosamente, dois casos de grande melhora foram 12 e 22, ainda que o segundo tenha recaídas disciplinares. O aluno 12 foi a maior melhora do 6o ano. O aluno 26 melhorou no empenho, mas também ainda tem problemas disciplinares. Enquanto que o aluno 18 melhorou, mas ainda tem extrema dificuldade na apreensão de conceitos. O aluno 10 está próximo do caso de 13, mas com um contexto familiar mais grave. O aluno 30 é o único caso de abandono.
Tiveram piora e precisam de atenção especial 5, 8, 21, 29 e 31.
Podemos destacar os estudantes 2, 23 e 12.

8o ano A - A surpresa mais agradável desse ano começou a apresentar suas dificuldades, mas ainda é uma turma que vai bem. O 8o ano A agrega os alunos com histórico de repetência e dificuldades na aprendizagem (vários oriundos da aceleração) na primeira e não na última turma. Além disso, o grupo formado mostra interess, mas a dedicação e participação caíram, principalmente na leitura do livro "A Utopia".
Os casos incontornáveis são 22 e 24 por abandono, além de 21 e 31 por abandono espiritual ainda que não físico. Merecem atenção pela piora no desempenho: 5, 8, 12, 14, 16, 18, 20 e 29. Caso ainda mais grave é o da aluno 15. Apresentaram melhora os alunos 3 e 9.
Os destaques foram 23, 25 e 37.

8o ano E - Essa turma continua dando mais trabalho entre os 8os anos. Houve melhoras após algumas mudanças, além de intervenções como uma reunião com os pais. A turma foi a que teve mais problemas na leitura do livro.
Entre os casos mais graves e que devem ser retidos estão 11 e 20. Além destes, se destacam pela queda de rendimento 1, 2, 7, 9, 16, 21, 22, 24, 30, 33, 35 e 36. Apresentaram melhora digna de destaque os estudantes 26 e 37, sendo a aluna 37 uma prova de como a vontade é um fator indispensável. O aluno 39 melhorou, mas está praticamente reprovado por faltas (teve 18 em 30 só no 2o bimestre). 
Destaques ficam por conta de 10, 28 e 37.

8o ano F - Essa turma foi montada com vários alunos com histórico de bom desempenho, interesse e assiduidade ímpar. Somam-se a eles, o grupo dos alunos portadores de necessidades especiais, que é privilegiado pelo ambiente mais tranquilo e produtivo. A turma foi muito bem de modo geral, embora estejam havendo alguns problemas de conversa excessiva. O aluno 17 que era o destaque negativo entre os especiais, passou a ser o destaque positivo, enquanto que os alunos especiais 12 e 24 caíram de rendimento.
O único aluno já reprovado é 20, que já tem 22 faltas e não realiza nenhuma das atividades. Alguns casos que merecem atenção pela queda no desenvolvimento são 5 e 22, que perderam a primeira chance de recuperação, mas também 7, 11, 15, 18, 25, 27 e 28. O aluno 33 apresentou uma grande melhora e a aluna 35, chegada no meio do bimestre precisa equacionar alguns problemas de notas de outras disciplinas. 
Entre os que apresentaram dificuldade em lidar com os conceitos, apenas o aluno 20 merece menção e, principalemente, pelas faltas excessivas. Quanto ao compromisso, temos 10, 33 e 23, sendo está última agravada pela faltas. A aluna 3 também teve problemas com as faltas. 
Os destaques são 1, 14, 30, 17 e 6.


quarta-feira, 2 de julho de 2014

História e memória na sala de aula


Salve pessoas. Tô meio sumido, mas com as férias escolares, fim de semestre do doutorado e copa do mundo, tenho deixado o blog parado. Em meio à escrita dos trabalhos finais das minhas duas disciplinas, venho despejar um pouco das ideias que me povoam no momento, tentando refletir sobre a prática da sala de aula.
Em primeiro lugar, história e memória são duas coisas bem diferentes... mas isso todo mundo sabe. Ou não? A questão é: onde está a diferença? Na epistemologia? Na fenomenologia? Na sua constituição como saber? Ou no modo do seu uso? Ou no quão próxima de alguma verdade está?
Vamos por partes... a memória não é o que aconteceu. Nada mais é "aquilo que já foi". Mas ela representa o que aconteceu ao mesmo tempo que evoca. E existem jeitos de lembrar, técnicas, costumes, práticas.. uma historicidade da memória, práticas históricas de memória. A memória é construída nas histórias, com histórias, entre histórias. Além disso, lembrar algo é sempre esquecer algos. Portanto, a memória é uma forma problemática de referir-se ao passado. Mesmo assim, para os gregos Mnemosine, a memória, era mãe das musas, inclusive de Clio, musa da história. 
A história é um discurso problemático sobre o passado. Um discurso que também tem pretensões científicas. Com isso, parece cômodo dizer que a história é a crítica da memória, mesmo que não seja uma tarefa fácil. A operação historiográfica se afirma como ciência por sobre a memória, reduzindo-a normalmente a um objeto, quando alguns propõem que devesse se relacionar com ela, como fez com a literatura ao perceber-se novamente como uma narrativa.
Mas a memória é um saber? Tem ela uma prática disciplinar, um conjunto orientado de regras, um saber-fazer próprio?
E a sala de aula? Pois o que os estudantes sabem, as concepção espontâneas que trazem consigo para a experiência escolar, não são conceitos históricos na concepção científica mais metódica, definidos pela sua delimitação e aplicabilidade acadêmica. São parâmetros móveis em suas memórias. São aprendizagens que operacionalizam o entendimento das coisas. Conceitos e receptáculos: conceptáculos é o termo do Mafessoli se não me engano. Em sala de aula, o que o estudante sabe de história está totalmente imbrincado em sua memória. Pensar historicamente principia como pensar imerso em memórias. As temporalidades passado, presente e futuro existem como vivências cotidianas, em geral, familiares.
Muitos professores não levam isso em consideração ao simplesmente buscar transpor um conceito científico de história sobre tempo, passado ou até história. Antes de cientificizar o que temos diante de nós, talvez nos caiba o exercício de perceber, interpretar, compreender o que temos diante de nós antes de avançar. O saber, a memória do educando é mais que uma fonte, ela é um indicativo de como trabalhar, ela afeta não só o que, mas o como. Assim, antes de ser científica para com a memória, garantir nosso ganha-pão ou exaltar entidades talvez caiba à história deixar-se envolver pelos meandros da memória, não para perder-se, mas para melhor se (des)encontrar.
Não estou descartando aqui a necessidade de orientação ou de objetividade, cientificidade ou qualquer outra idade... isto tem seu momento. A história é um discurso que por suas pretensões subjetivas de objetividade permite operacionalizar a memória com vias a constituição de uma narrativa significativa sobre o passado. Significativa em quaisquer níveis pretendidos: pessoais, familiares, nacionais, globais, interpessoais, alienativos e por aí vai. Uma representação aceitável para historiadores, cientistas, pares e ímpares.
A memória é mais que um campo interdisciplinar para as sementes alheias ou uma atividade natural de nossas sinapses. Relembrar é viver. E viver é relembrar. A mais vaga ideia que me povoa é uma memória. E eu historicizo cada passo do meu rememorar. Entre os fazeres da memória, os educandos podem encontrar bons usos para as percepções, interpretações e compreensões históricas dos fenômenos.

sábado, 10 de maio de 2014

Ensino Superior?


Estou tendo a minha primeira experiência como professor do chamado ensino superior. Nunca escondi de ninguém que, pra mim, quanto mais novo o educando, melhor. No meu primeiro ano de escola, trabalhei no turno da noite com ensino médio. Foi um ano difícil e eu sentia uma certa frustração do "tarde demais". Via certas carências e demandas que eu não sabia como operacionalizar, simplesmente porque ensino noturno, em uma escola pública, no Recanto das Emas já no primeiro ano, não são coisas que você saia resolvendo de primeira. Foi uma conquista conseguir que a minha prova fosse dissertativa. Tenho, portanto, preferência pelas crianças em relação aos adolescentes (e aos adultos) por suas potencialidades.
Eu tenho uma visão de que ensinar é muito mais do que transmitir conteúdos. É ensinar como e não o que. No mundo em que vivemos, o problema não é não ter informação, o problema é que há informação demais. Ensinar história, por exemplo, precisa ser ensinar a pensar historicamente. Não é simplesmente ensinar conteúdos históricos que visam uma totalidade imaginária e imaginada. A epopeia da nação, da humanidade ou de qualquer outro desses sujeitos famosos é só mais uma representação de tudo aquilo que já não somos, mesmo que apenas seja nós mesmos. Complicado né? Nem tanto. O passado passou. Só nos chega como uma re-encenação no presente. Um esforço crítico (ou nada crítico) domestica esse passado segundo as demandas do presente e o discurso toma forma. Assim os historiadores contam suas histórias. Com fontes, citações e editores.
Minha prática escolar de ensinar história tenta convidar meus educandos (todos de 10 anos ou mais), a entender o discurso historiográfico, pois entender história é isso. Isso não significa discutir Foucault com meninos de 11 anos, mas aplicar as loucuras que ele soltou na minha cabeça. As relações de poder, as palavras e as coisas, entre outros. Enfim, minha ideia é ensinar a pensar historicamente e não ensinar História.
Dito isso, há o maior dos problemas. Esse processo só se dá se o educando quer, se há interesse, se ele se sente provocado, enfim, é uma via de mão-dupla. Digo isso, porque existem incontáveis fatores que podem levar ao desinteresse do aluno, desde a falta de uma boa noite de sono até violência familiar ou o amor. 
Lanço, então, minha questão: no ensino dito superior esta é uma tarefa árdua, pois os adultos estão convencidos de que já sabem de muitas coisas, quando, na verdade, não sabem de nada. Para o processo de ensino-aprendizagem, isso é um veneno terrível. 
Nessa turma de História Social e Política do Brasil (HSPB) faço meu estágio supervisionado com a minha orientadora. Sou orientando da professora Diva desde a graduação (e fã dela), tendo muito em mim da prática e do exemplo dela. A dificuldade em fazer com que os 45 alunos da turma se deixem envolver pelas possibilidades do curso (3a e 5a de 19 às 21h) é herculea pra dizer o mínimo. Cerca de 6 estudantes participam ativamente das aulas, enquanto que um terço não tem nem o compromisso mínimo com o curso.
Com os jovens, podemos recorrer aos responsáveis (que muitas vezes não são tão responsáveis assim), além de poder provocar o próprio educando. Com os adultos, no entanto, eu percebo uma saturação inerte de quem simplesmente quer só estar aí. O que me desestimula a gastar energia com o sujeito.
Eu poderia dizer que acredito numa pedagogia Pai Mei, em que socraticamente você é reduzido a perceber que não sabe de nada. Tendo essa humildade, vai poder saber tudo que quiser, muito embora o caminho seja árduo e nunca acabe. Daí que sabendo dessa razão, você vai se deliciar com a loucura. Não há um só caminho, até porque cada caminho é um caminho, mas caminhos há. Até porque, eu mesmo, não sei de nada.

domingo, 27 de abril de 2014

Avaliação, diagnósticos e fim do 1o bimestre...


Salve salve pessas.. esse ano por conta da Copa, as datas tão levemente alteradas em relação ao ano passado, daí que o bimestre já está encerrado e acabou sendo um tanto mais longo por ter começado antes. Além disso, estou sumido, em meio à mudança de apartamento, às notícias que vou ser pai, além do doutorado (duas disciplinas e um estágio docente). Mesmo assim, o bimestre tá encerrado e posso trazer as primeiras consideraçãoes do ano.
Sempre importante lembrar que o objetivo do 1o bimestre deve ser traçar um diagnóstico dos alunos e não simplesmente avaliar (leia-se dar notas). O ideal é conseguir entender um pouco da especificidade de cada educando, avaliar sua leitura, analisar sua escrita, compreender seu histórico familiar, tratar da sua disciplina, provocar seu interesse, dimensionar suas potencialidades, entre outros. Para tanto, abordagens diversas: exercícios de leitura, atividade individuais e coletivas, muita escrita, fazer e refazer trabalhos, provas, brincadeiras, conversas e tudo mais que for possível e necessário.
Em 2014, tenho 7 turmas de 6o ano e 3 turmas de 8o ano. As turmas de 8o ano são montadas no ano anterior com base nas especificidades já conhecidas dos educandos que já estudavam na escola e foram meus alunos no 6o ano. Isso já vem sendo feito há três anos, sempre tentando melhorar e mudar o que percebemos como deficiente no processo.
De modo geral, o ambiente escolar está mais tranquilo neste ano. Os problemas disciplinares diminuíram sensivelmente em relação ao ano anterior, a mudança no horário e dinâmica do almoço também favoreceram uma melhor relação com o espaço escolar, muito embora o contato com a comunidade esteja em segundo plano, pois ainda não houve nenhuma reunião com os pais. As coordenações também tornaram-se mais trabalhadas, embora eu esteja sempre saindo antes do fim por conta das aulas do doutorado.

6o ano A - Nesta turma, apesar do bom desempenho da maioria dos alunos, um grande número não fez o trabalho dos avós num primeiro momento (11 de 30, o que dá quase 40%). A turma tem o maior número de alunos repetentes, 7 no total, além de ter recebido uma aluna especial cuja socialização é muito difícil, assim como ainda tem recebido estudantes ao longo do bimestre. De modo geral, o desempenho dos repetentes foi muito satisfatório, já que apenas um deles não realizou o trabalho sobre os avós. Esse estudante, 8, é o caso mais grave da turma e um dos mais graves do 6o ano, pois apesar de intensos esforços da minha parte, não tem apresentado qualquer melhora. Os estudantes 1, 7, 20, 22, e 27 apresentaram sensível melhora em relação ao ano anterior, enquanto o número 10 ainda precisa se dedicar e concentrar mais.
Entre os estudantes não-repetentes, alguns casos que merecem atenção são: 5 (leitura); 14 e 19 (trabalho); 3, 11 e 26 (melhorar em todos os aspectos, como leitura, escrita, trabalhos e provas); 16 e 24, que além dos aspectos anteriores, também apresentam grande quantidade de faltas.
Entre os destaques da turma temos 4, 23 e 2.

6o ano B - Em um primeiro momento, a tranquillidade e obediência dessa turma me pareceu positiva. Porém, com o avançar do bimestre, percebi que tranquillidade e obediência podiam ser percebidos como apatia na verdade. Nessa turma, 12 dos 30 alunos não realizaram o trabalho num primeiro momento (40%), o que serviu para destacar vários problemas específicos na aprendizagem do grupo.
Dentre os 5 repetentes da turma, 3 se destacaram com uma melhora sensível de desempenho (6, 7 e 22), enquanto dois deles (21 e 28) ainda estão aquém do necessário para uma mudança produtiva. A aluna 28 mantém o mesmo comportamento evasivo e protelador do ano anterior, enquanto o aluno 21, apesar de algumas melhoras, ainda tem problemas disciplinares e de interesse.
Pela falta do trabalho, um grande número de estudantes terá de passar pela recuperação continuada. É o caso de 5, 8, 9, 12 e 29. Além destes, o educando 13 precisa melhorar a leitura, enquanto que 2 precisa cuidar das faltas, apesar do ótimo desempenho nas atividades. Os alunos 17, 24 e 30 são casos mais graves, que precisam melhorar em todos os aspectos. Já 18 (faltas e trabalho) e 25 (prova e comportamento) também precisam de uma observação mais cuidadosa e aproximada de seus casos.
Entre os destaques temos 20, 15 e 3.

6o ano C - Esta é a turma em que sou professor conselheiro e que apresentou um dos piores desempenhos do 6o ano. Existe uma dificuldade acentuada devido à presença da aluna especial 16, que demanda muit atenção e cujo comportamento e família vivem às turras com a direção / equipe pedagógica da escola. Ela que já é repetente acaba demandando muita atenção e potencializando alguns conflitos. Além dela, houve um grande número de estudantes que não realizaram o trabalho sobre os avós (11 de 28, cerca de 40%) e que tiveram dificuldades em ter o caderno completo (13 cadernos incompletos, maior número do 6o ano).
Assim sendo, merecem especial atenção um grande número de casos: 4 e 7 com fraco desempenho na aplicação de conceitos e categorias históricas; 20 e 27 por conta da não realização do trabalho; 18, quanto à leitura e escrita; 2, 9 e 14, que além de terem deixado de realizar o trabalho, também apresentam problemas graves e recorrentes de disciplina e socialização, dificuldade em lidar com conceitos específicos e falta de interesse; a aluna 19 tem os mesmos problemas, mas sem a questão disciplinar, enquanto que 13, 22 e 25 também os tem, acrescidos do problema de falta excessivas.
Os destaques são 23, 15 e 11.

6o ano D - Foi com certeza a turma que mais me surpreendeu. Inicialmente, a dispersão e excesso de energia da turma fizeram parecer que as coisas aqui seriam deveras difíceis. Problemas de roubo de material e conflitos de socialização tornavam o ambiente pouco produtivo. No entanto, a saída do aluno 12, que talvez fosse hiperativo, ainda que não diagnosticado, tranquilizou o ambiente, assim como alguns alunos de excelente desempenho conseguiram valorizar o ambiente. Foi a turma onde mais gente fez os trabalho (apenas 2 alunos de 29 não realizaram o trabalho, o que dá menos de 10%) e apesar da a agitação continuar excessiva, parece ser a turma onde menos intervenções são necessárias.
A turma possui apenas 2 repetentes, ambos com desempenho que deixa a desejar. O aluno 20 tem histórico de repetência, é um dos casos mais difíceis de todo 6o ano, até mesmo porque não é morador do Recanto, vindo todo o dia de Santo Antônio do Descoberto. Nesse ano, a parte disciplinar melhorou, é verdade, mas em detrimento da (já rara) paraticipação e interesse, de todo nulas até agora. A aluna 24 é um caso menos grave, muito embora seu maior problema seja de socialização e disciplina.
Os casos que demandam atenção especial são: 16 (conceitos e leitura); 2, 3 e 27 (faltas), sendo que a aluna 3 não fez nenhuma atividade; 1 (conceitos, escrita e participação).
Os destaques são 10, 11 e 9.

6o ano E - Inicialmente, esta turma foi a de melhor desempenho, com interesse e participação instigantes, muito embora ao longo do bimestre o grupo tenha se perdido um pouco. Dois casos dificultam o trabalho na classe: 24 e 25, ambos com histórico de repetência, grande defasagem de idade, problemas disciplinares graves e resistência à mudança. Ainda assim, apenas 4 dos 28 estudantes não realizaram o trabalho (menos de 15%) e apenas 6 estudantes não possuíam o caderno completo.
Entre os repetentes, o desempenho foi interessante, sendo que os 3 alunos (2, 8 e 25) realizaram as atividades e mostraram desenvolvimento em relação ao ano anterior. A aluna P (sem número por problemas burocráticos, mas que já cursa o 6o ano pela terceira vez) mostrou excelente desempenho nas atividades, mas um número excessivo de faltas.
Quanto aos estudantes que demandam atenção mais individualizada, temos: 7 e 21 (qualidade das atividades e escrita); 11, 13, 20 (conceitos e categorias); 10, 15 e 28 (conceitos, participação, interesse, leitura, escrita, trabalho e faltas).
Os destaques são 9, 4 e 1.

6o ano F - Desde o primeiro momento, esta turma foi a que me pareceu mais problemática. Isso levou à transferência da aluna especial para o 6o ano A, mas não foi suficiente para resolver as querelas internas da classe. A turma ainda recebe educandos ao longo do bimestre, assim como tem problemas graves de disciplina e socialização entre os estudantes. Aqui, 9 dos 29 alunos não realizaram o trabalho, muito embora 2 tenham chegado (ou aparecido) apenas ao final do bimestre, além de 12 estudantes não terem o caderno completo.
Entre os repetentes, temos 4 situações bem específicas: o aluno 5, que mudou da água pro vinho, sendo o caso de maior crescimento em relação ao ano anterior; o aluno 8, que apresentou melhora (é a terceira vez no 6o ano), mais ainda tem problemas de faltas e compromisso; a aluna 24, que apresenta o mesmo perfil enrolador e dissimulado do ano anterior; a aluna 17, que está grávida, abandonou o ano letivo e vinha mostrando as mesmas dificuldades dos anos anteriores.
Os casos mais graves são 1, 2, 14, 21, quanto à realização do trabalho; 12 e 13 quanto a conceitos e leitura; 6 e 19 em todos os aspectos já mencionados (o mesmo caso dos alunos J e B, que por questões burocráticas não estão no sistema).
Os destaques ficaram por conta de 23, 9, 3 e 5.

6o ano G - Apesar de ter sido praticamente remontada no início do ano, essa turma apresenta um desempenho mais que satisfatório. Isso mesmo contando com dois dos alunos considerados mais problemáticos do 6o ano. Ainda assim, um número significativo de casos precisa de maior atenção. Apenas 4 alunos deixaram de realizar o trabalho em um grupo de 30 (sendo que 2 chegaram apenas no fim do bimestre).
A turma conta com cinco repetentes, sendo um deles, o número 19, um caso especial, uma vez que esse estudante é semi-analfabeto ou analfabeto funcional e requer um tratamento totalmente diferenciado. Além dele, o aluno 16 também tem dificuldades severas, mas que começam pela disciplina e socialização, além de já estar no 6o ano pela terceira vez e não esboçar qualquer transformação no quadro nesse período. Os outros três repetentes tiveram desempenho interessante, com 3 e 20 crescendo muito, principalmente nas responsabilidades, e 23 sendo um dos destaques da turma.
Os estudantes que demandam maior atenção são: 1, 6, 12 e 22 (trabalho); 26 (conceitos e faltas); 18 (conceitos e disciplina); 10 e 13 (conceitos, leitura, escrita, interesse e disciplina).
Podemos destacar os estudantes 2, 14 e 23.

8o ano A - Certamente a surpresa mais agradável desse ano. Comparado com o 8o ano H do ano anterior, que consumiu tantos esforços para gerar alguns bons resultados, o 8o ano A mostra que um trabalho diferenciado pode sim gerar frutos doces e saborosos. O simples fato de agregar os alunos com histórico de repetência e dificuldades na aprendizagem (vários oriundos da aceleração) na primeira e não na última turma já foi um fator de mudança. Além disso, o grupo formado mostra interesse, dedicação e participação muito acima do esperado.
É claro que existem dificuldades, mas que podem e devem ser combatidas. Na parte dos conceitos, temos os alunos 5, 16, 20 e 21. Na parte do compromisso, temos 18, bem como 9, que também tem problemas de socialização, e 31, que peca pela faltas. A aluna 24 seria destaque se não fossem as faltas. O aluno 3 é um problema na disciplina e nas faltas, assim como o estudante 22 tem dificuldade com conceitos e faltas.
Os destaques foram 4, 23, 1 e 33.

8o ano E - Apesar de ser uma turma montada com estudantes da minha predileção, certamente é a que me deu mais trabalho entre os 8os anos. Foi preciso remanejar alguns alunos para resolver as questões disciplinares mais graves, bem como realizar várias conversas interventivas.
Quanto aos conceitos, apresentam dificuldades os estudantes 7, 26 e 33. Esse também é o caso de 21, que foi uma das causadores de problemas disciplinares. Na parte do compromisso e interesse, tiveram problemas 30, 11 (também problemas de disciplina), 20 (também problemas de faltas).
Destaques ficam por conta de 17, 6 e 28.

8o ano F - Essa turma foi montada com vários alunos com histórico de bom desempenho, interesse e assiduidade ímpar. Somam-se a eles, o grupo dos alunos portadores de necessidades especiais, que é privilegiado pelo ambiente mais tranquilo e produtivo. A turma foi muito bem de modo geral, embora o aluno 17 seja o destaque negativo entre os especiais.
Entre os que apresentaram dificuldade em lidar com os conceitos, apenas o aluno 20 merece menção e, principalemente, pelas faltas excessivas. Quanto ao compromisso, temos 10, 33 e 23, sendo está última agravada pela faltas. A aluna 3 também teve problemas com as faltas. 
Os destaques são 1, 14, 30, 25 e 12.

sábado, 22 de março de 2014

Porque não precisamos de outra DITADURA militar! (Cabra Marcado Pra Morrer de Eduardo Coutinho e Ilha das Flores de Jorge Furtado)


Salve pessoas, desculpem o sumiço, mas com o início do doutorado, meu tempo está mais escasso. Mesmo assim, o trabalho em sala de aula segue firme e forte. Com os alunos do 9o ano, dei início à preparação para a 6a Olimpiada de História. Com as turmas de 6o ano, já passei o roteiro para realização do trabalho do 1o bimestre: a biografia do avô ou da avó, material que uso como fontes para minha pesquisa do doutorado.
Com as turmas de 8o ano, trouxe para a discussão do eixo-temático terra e propriedade os filmes Cabra Marcado para Morrer de Eduardo Coutinho de 1983 e Ilha das Flores de Jorge Furtado de 1989. Os dois filmes são elementos provocadores do debate da questão da terra e da propriedade no Brasil, além do texto do livro sobre a questão da reforma agrária em nosso país.


Cabra Marcado para Morrer é o melhor documento histórico para sala de aula sobre as sequelas da ditadura militar no Brasil em minha opinião. Não só o filme trás a narrativa sobre o assassinato de João Pedro Teixeira, líder camponês da Paraíba, assassinado pelo "latifúndio" por sua luta para organizar os trabalhadores rurais, como mostra os traumas do processo histórico de formação da nação brasileira. A deposição de Jango, o GOLPE militar de 1o de abriil de 1964, a perseguição a quem pensava diferente ou lutava contra as velhas oligarquias. Ao invés da tradicional história pacífica e sem conflitos - que insiste em sobreviver nos discursos e nas salas de aula - vemos saltar na tela as chagas e tormentos de brasileiros e brasileiras expropriados de seus direitos mais básicos e tratados como terroristas e inimigos da pátria.
Essas pessoas ganham voz. Algumas preferem evitar esse passado, as memórias que o representam são por demais dolorosas. Ainda assim, falam e contam suas histórias. A história de João Pedro e sua esposa Elisabeth, da Liga Camponesa de Sapé, da bem sucedida Liga de Galiléia, dos desmandos dos senhores de engenho refugiados no Recife, do momento político da democracia brasileira. Eduardo Coutinho faz do filme algo muito maior do que seu projeto inicial, seja o de 1964 ou o de 1981.
O filme pode ser dividido em 3 partes: a narração do projeto inicial e exibição do material que sobreviveu após a interrupção das filmagens em 64; o novo filme buscando os relatos de Elisabeth Teixeira e dos camponeses que participaram da filmagem até 1964 em 1981, já durante o processo de abertura e anistia política; por fim, a busca pelos filhos de Elisabeth que haviam se espalhado após a fuga dela. Em sala de aula, eu trabalho as duas primeiras partes do filme, que são mais interessantes para provocar a sensibilidade dos estudantes. Isso compreende os primeiros 42 minutos do filme.

Ilha das Flores também é um filme genial, um curta metragem de 13 minutos, muito dinâmico e didático para pensar propriedade, lixo, liberdade e o sistema capitalista. Ele narra o caminho de um tomate estragado pelas inúmeras relações comerciais do campo, passando pelo supermercado, mesa, lixo e finalmente o lixão, a Ilha das Flores, onde não existem muitas flores, mas existem porcos que estão acima dos humanos por terem um dono que tem dinheiro.
O objetivo é provocar. Lembrar que a Cidade Estrutural nasceu sobre o lixão do DF. Lembrar mais uma vez o processo de invasão e ocupação formador do próprio Recanto das Emas (onde leciono) e de maior parte das chamadas cidades-satélites de Brasília.

terça-feira, 11 de março de 2014

Projeto de práticas criativas para desenvolvimento do imaginário infantil


Tema: Desenvolver a criatividade e a imaginação dos estudantes através de uma oficina onde possam apreender, transformar e expressar conteúdos significativos do universo escolar.

Objetivos: Através da exibição de filmes e atividades de interpretação, expressão e crítica, promover o debate e a problematização da importância da criatividade e da imaginação dos estudantes, enquanto sujeitos históricos e cidadãos.
Desenvolver as capacidades cognitivas e a sensibilidade dos estudantes do ensino integral do CEF 308 d Recanto das Emas ampliando o leque de suas referências culturais.
Interpretar, problematizar e produzir conceitos essenciais ao desenvolvimento sócio-cultural dos educandos, tais como: cidadania, sociedade, meio-ambiente, saúde, diversidade cultural, cooperação, sexualidade, política e preservação.
Capacitar os estudantes a trabalharem em grupo, organizados politicamente, em concordância com os próprios interesses.
Trabalhar a leitura, a escrita e a interpretação textual dos educandos.

Filmes: 
A História Sem Fim de Wolfgang Petersen, 1984.
Willow na Terra da Magia de Hon Roward 1988.
Monstros S. A. de Peter Docter, 2001.
Senhor dos Anéis, a Sociedade do Anel de Peter Jackson, 2001.
Harry Potter e a Pedra Filosofal de Chris Columbus, 2001.
O Labirinto do Fauno de Guillermo Del Toro, 2006.
Wall E de Andrew Stanton, 2008.
Onde Vivem os Monstros de Spike Jonze, 2009.
Harry Potter e a Câmara Secreta de Chris Columbus, 2002.
Universidade Monstros de Dan Scanlon de 2013.
Percy Jackson e o Ladrão de Raios de Chris Columbus, 2010.

quarta-feira, 5 de março de 2014

O som do universo (Acercadacana de Felipe Calheiros)



Salve salve pessoas.. desculpem a demora, mas o tempo era de carnaval. O início de ano tem sido truncado devido à mudança do sistema operacional da secretaria, além da falta de repasse de verba pelo governo.  Apesar disso, tenho tentado dar a máxima atenção possível aos estudantes e desenvolver algumas práticas e conteúdos já explorados no ano anterior. 
Nas turmas de 6o ano, estamos fincando os três primeiros conteúdos: o que é história, biografia / autobiografia e linha do tempo. Gosto de explorá-los com a produção de textos, leitura e interpretação dos textos do livro didático. Me preocupo em valorizar a importância da língua portuguesa, realçar erros e dificuldades mais comuns e a autocorreção.
Com as turmas de 8o ano, após o filme Narradores de Javé, foi a vez de trabalhar com eles o documentário Acercadacana de Felipe Peres Calheiros, que já está articulado com os eixos temáticos Terra e Propriedade. O filme tem 19 minutos e apresenta a luta da senhora Maria Francisca, posseira de um sítio no Engenho Tiúma em São Lourenço da Mata, Zona da Mata de Pernambuco. Ao contrário de milhares de outros posseiros, que foram expulsos ou coagidos, a lavradora resiste no local que é sua moradia há mais de 40 anos. Ela denuncia a violência e os desmandos dos donos do engenho, o grupo Petribu, que prefere tomar as terras para o cultivo da cana. A cena final dos paredões de fogo do canavial em chamas que envolve o sítio é marcante.
Para a discussão, somo ao filme, duas músicas: Asa Branca de Luiz Gonzaga e Banditismo Por Uma Questão de Classe de Chico Science e Nação Zumbi. Este ano acrescentei outras músicas também, mas com caráter de "trilha sonora" da aula. Isso gerou uma certa confusão em uma das turmas, onde os estudantes apresentaram resistência à seleção sonora (que incluia Jorge Ben, Novos Baianos, Secos e Molhados, entre outros). 
Asa Branca é uma música muito familiar para eles, levando uma das turmas a cantar junto com a música, além de ser um hino dos sertanejos. Banditismo é uma música com pegada rock'n roll, mas com o melhor do manguebeat, mostrando outra ótica pra formação da delinquência: "banditismo por necessidade".
Esses discursos são possibilidades de leitura e representação da questão da terra no Brasil. Para confrontá-los, trago três reportagens que discutem o Novo Código Florestal de 2012.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Narradores de Javé de Eliane Caffé


Salve salve pessoas...
Esse ano com a sala de vídeo já pronta e novas cadeiras (mais confortáveis e duráveis do que as do ano passado) pude dar início ao projeto História e Cinema lá na escola dentro do programado. A pia que havia foi retirada e a sala já está sendo útil desde o ano passado. O primeiro filme que apresento aos estudantes foi Narradores de Javé, um filme de 2003 da diretora Eliane Caffé.
O filme narra a "odisseia" da população da pequena vila de Javé que será engolida pelas águas de uma barragem. Na esperança de salvá-la do avanço das águas, a população resolve relatar a história das origens da comunidade para constituir um documento capaz de embasar a defesa desse patrimônio cultural.
Tudo isso, nós sabemos através de Zaqueu, personagem de Nélson Xavier, que está narrando o acontecido a outras pessoas em um bar.
Incapaz de documentar a própria história, a população se vê obrigada a repatriar um antigo pária, um poeta lançado ao ostracismo por ter denegrido no passado todo o povo da comunidade javense, Antônio Biá, vivido magistralmente por José Dumont. Antônio Biá recebe a incumbência de ouvir a todos e produzir a narrativa final capaz de salvar Javé e ele mesmo.
Demora pouco para que o Homero nordestino, no entanto, esbarre nas histórias construídas por cada um. Cada qual dos habitantes tem seus próprios interesses a apresentar, desejando sempre "puxar a sardinha pro seu lado", como se diz por aí. Todos tem alguma história, alguma prova ou desejo de possuir um ou outro. O próprio Biá faz daquela história o palco de sua prosa debochada e inquieta, perturbando a todos ao mesmo tempo que relembrando-os da necessidade que tinham dele. Como já fizera antes e anuncia, ele mostra que há fogo, onde todos viam apenas fumaça.
Várias das falas de Antônio Biá e seus vizinhos podem ser exploradas em sala de aula, tais como:
-"Uma coisa é o fato acontecido, outra coisa é o fato escrito. O acontecido tem que ser melhorado no escrito de forma melhor para que o povo creia no acontecido".
- "Gente, escritura é assim: um homem curvo vira carcunda; gente do olho torto, eu digo que é zaroio; por exemplo, se o sujeito é manco assim, então, na história, eu digo que ele não tem uma perna. É assim, é das regras da escritura".
- "Se a senhora não quiser, eu não dou grafias na sua odisseia ou escrevo o que me der na cachola sem ponto e vírgula"!
Tudo isso, somado às narrativas mais que pessoais da comunidade, nos permitem ver os inúmeros conflitos daquela gente e o reflexo em suas histórias sempre atuais do passado. Haveria alguma verdade além das versões? O filme escancara a dimensão narrativa da história, um problema batido para os acadêmicos, mas muito negligenciado em sala de aula. A epopeia formadora das nações e Estados modernos é tida com única e inevitável forma de se estudar história. Eu deixei de crer no lindo progresso da civilização ocidental muito antes de aprender que o progresso foi uma ideia construída "positivistamente" no século XIX.
Além de denunciar ilusões historiográficas, o filme serve para dar voz a uma cultura popular muito mais próxima de nós do que se costuma aceitar. As duas turmas de 8o ano que assistiram ao filme hoje adoraram, se esborracharam de rir e reconheceram muitas de suas vivências ou de seus familiares nas cenas do Brasil que passavam na tela.
Obviamente, o filme que possui cerca de 100 minutos tomaria duas aulas para ser passado completamente. Eu prefiro fazer um recorte que vai do momento que Antônio Biá apresenta o livro onde escreverá a história (minuto 18) até o fim da narrativa de Firmino, o ator Gero Camilo, na casa de Deodora, a atriz Luci Pereira (minuto 45). Isso permite aos educandos assistirem três narrativas: a do senhor Vicentino, o ator Nélson Dantas, (engrandecendo Indalécio); a da senhora Deodora (engrandecendo Mariardina); e a do próprio Firmino (se colocando no papel de Indalécio, ao mesmo tempo que denigre o próprio e Mariardina). Também dá tempo para o deslocamento para a sala de vídeo e a discussão sobre o que foi assistido sem correria.
A provocação começa com qual é a verdadeira história? Existe uma história verdadeira?.. e por aí vai...
Na semana que vem, no turno contrário, passarei o filme completo para os estudantes que se interessarem.
Por uma questão de mudanças do horário esse ano, eu tive a oportunidade de passar todo o filme para uma das turmas de 8o ano. Foi sensacional. O acréscimo das narrativas dos gêmeos (que escancaram o caráter personalista das memórias javélicas na disputa por uma herança) e do velho negro cujo discurso passa por um tradutor (transformando Indalécio, em Indaleo, líder dos negros fugidos que encontram Oxum, orixá da água para guiá-los ao invés de Mariardina) ampliaram ainda mais as possibilidades do filme. A filmagem dos discursos desesperados dos moradores pelos engenheiros que construirão a represa também são de uma eloquência tremenda.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Primeiros dias de aula...




Salve salve pessoas.. o ano começou e está desde já bem puxado. Algumas dificuldades extras foram causadas pela mudança do sistema operacional dos computadores da secretaria de educação, que não importou os dados ou foi interligado ao sistema antigo. Assim, a secretaria da escola ficou sobrecarregada. Além disso, eu inventei de cuidar de todas as transferências de turma para manter o sistema de montagem de turmas organizado. O fato de haverem turmas de 8o e 9o ano em ambos os turnos transformou isso numa tarefa hercúlea, pois a imensa maioria perefere estudar pela manhã.
Mesmo com essa trabalheira extra, consegui entrar em todas as turmas e dar início ao processo de conhecer os educandos. Quando eu era estudante, eu sempre preferia que os professores não passassem conteúdo no primeiro dia de aula. Eu queria saber quem eram os professores, reencontrar os colegas, contar as histórias das férias. Talvez remontando a essa experiência pessoal, eu não passo conteúdo no primeiro dia, pra mim o primeiro dia é o dia da apresentação.
O dia da apresentação abrange duas coisas na verdade: a minha apresentação enquanto professor e a apresentação das regras do jogo.
Nesse ano, tenho 7 tuemas de 6o ano, além de 3 de 8o ano. Quanto aos 6os anos, nesse momento inicial, as notícias são recebidas por dois públicos: os vindos do 5o ano (de outra escola) e os repetentes (dentro dos quais se destaca o grupo vindo do Programa de Aceleração e que não progrediram um ano sequer). A maior parte dos alunos vem do CEF 510 do Recanto das Emas. Ano passado, nós desenvolvemos um projeto com a orientadora Amarilis, onde os alunos tiveram a oportunidade de visitar o CEF 308, assim como eu fui dar duas palestras no 510 sobre o funcionamento da minha escola.
Para começar, explico para as turmas de 6o ano como se dará a avaliação ao longo dos bimestres. Também discuto os objetivos dessa avaliação assim dividida: prova 5,0 pontos; trabalhos 3,0 pontos; caderno 1,0 ponto, comportamento / participação 1,0 ponto. Para as turmas de 8o ano, o sistema é o mesmo, mas apenas no 1o bimestre. Do 2o bimestre em diante, são 5,0 pontos da prova e 5,0 pontos do traabalho. 
A prova é difícil, pois pra mim tem que ser difícil. Ela é dissertativa, com textos para interpretação, é permitido o uso do dicionário e são descontados pontos pelos erros de português. A prova é um desafio para o estudante expor o conhecimento construído, bem como um teste de sua leitura, interpretação de texto e escrita. As turmas de 8o ano realizam a prova com consulta ao livro e ao caderno. 
O trabalho vai no sentido contrário. Apesar de valer menos pontos, ele pode ser feito e refeito quantas vezes se julgar necessário, pois o objetivo é o desenvolvimento da aprendizagem do educando. Aqui, a ideia é mostrar para os jovens que se eles correrem atrás, se dedicarem, aprenderem com os próprios erros, eles irão desenvolver um bom trabalho. O problema não é o erro, é parar quando ele acontece. O erro é só o início do trabalho. O erro é um sinal, um sintoma, não um problema. É a partir do erro que todo conhecimento se desenvolve. Não devemos temer o medo, nem construir esse temor no estudante.
Quanto ao caderno, o principal objetivo é motivar os estudantes a copiar a matéria do quadro, motivá-los a organizarem o próprio espaço, a terem disciplina e para que melhorem a escrita. No 8o ano, apesar de dar o ponto inicialmente, a ideia é mostrar que organizar o próprio conhecimento mais que uma obrigação, é uma responsabilidade no intuito de fazer uma boa prova.
O ponto de comportamento é um puro mecanismo disciplinador. Advertências, suspensões causam a perda desses pontos. Nessa faixa etária, ele dá uma margem de atuação sobre as notas, permitindo tanto ajudar estudantes comportados, quanto "enquadrar" os indisciplinados. Com os adolescentes do 8o ano, a questão da disciplina tem que ser trabalhada mais diretamente, buscando consolidar a maturidade dos educandos.
Sobre o que chamo de regras do jogo, isso passa por uma conversa sobre interesse. A questão aqui é mostrar aos sujeitos que não existe aprendizagem, se não existe vontade. Conhecimento é muito mais o refletir do que armazenar conteúdos. Não adianta o mundo se mobilizar por alguém que não está interessado na ajuda. Eu cito dois exemplos: o da Débora, uma estudante que iniciou o 6o ano analfabeta e conseguiu se alfabetizar até o fim do ano por querer; o da Adriana, outra estudante que também iniciou o 6o ano analfabeta e mesmo com apoio dos professores, do Soe e da equipe da escola, por não querer, continuou como estava no começo do ano. Essa conversa é articulada com a importância da.preservação do patrimônio, dos direitos e deveres dos estudantes e da convivência social.