segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Fim da licença para o doutorado ou lá e de volta outra vez...



Salve salve pessoas...
Acabou a licença para o doutorado.Acabou quarta-feira, dia 20. Na quinta mesmo, eu já fui ao Recanto. Estou com lotação provisória na minha escola, o CED 308 (era CEF), devo iniciar o ano lá, talvez com 10 turmas de 6o ano (seria um sonho?...).
Ainda vou defender a tese, dia 09/03 (uma 6a), todxs convidadxs. Mas o principal da pesquisa já tá no papel, ainda que a pesquisa mesmo nunca acabe. Pesquisar essa cidade onde trabalho, onde vivem minhas e meus estudantes, trouxe muitas questões para pensar e contar o Recanto das Emas, as múltiplas possibilidades desse espaço e de quem vive nele. Por isso, minha prática de ensino-aprendizagem nunca mais poderá ser a mesma.
Retorno com dois projetos agora: um é de desenvolver um Projeto Político Pedagógico para a escola, articulado à comunidade, integrado às suas demandas e objetivos, mas também questionador e crítico de suas identidades e tradições. Não só (re)construir um ensino-aprendizagem de história temático, posicionado, problematizador e valorativo da diversidade, como redimensionar as disciplinas escolares, redefinir fronteiras e viabilizar pontes entre seus saberes e discursos.É um projeto mais ambicioso do que me permitem já nesse momento atual definir as palavras. Posso dizer que penso seriamente em redimensionar espaços (educacionais e físicos) como o da coordenação pedagógica, da hora cívica, das refeições, do reforço, das confraternizações. Isso passa por valorizar todos os sujeitos do mundo escolar: professorxs, alunxs, secretarixs escolares, funcionárixs da limpeza, da cantina, da sala de apoio, do portão, da biblioteca, mães, pais, ex-alunxs.
O segundo é ampliar o reverberar da minha pesquisa pela cidade do Recanto das Emas, para além do CED 308, a partir das outras 22 escolas da cidade. Esse será um exercício de procurar outrxs professorxs de história (e de outras disciplinas interessadas) pelo Recanto. "A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida" disse o Vinícius, não é mesmo? Tentarei articular isso ao trabalho da DRE do Recanto das Emas, caso haja interesse.
Nem mesmo os meus conteúdos serão mais os mesmos, embora articulados ao que foi, e, em breve (pós-chegada do João), pretendo publicar meus novos plano de aula aqui.
Pra fechar, nada mais natalino que um pouco de Foucault:

Ora, o que os intelectuais descobriram recentemente é que as massas não necessitam deles pra saber; elas sabem perfeitamente, claramente, muito melhor do que eles; e elas o dizem muito bem. Mas existe um sistema de poder que barra, proíbe, invalida esse discurso e esse saber. Poder que não se encontra somente nas instâncias superiores da censura, mas que penetra muito profundamente, muito sutilmente em toda a trama da sociedade. Os próprios intelectuais fazem parte deste sistema de poder, a ideia de que eles são agentes da "consciência" e do discurso também faz parte desse sistema. O papel do intelectual não é mais o de se colocar "um pouco na frente ou um pouco de lado" para dizer a muda verdade de todos; é antes o de lutar contra as formas de poder onde ele é, ao mesmo tempo, o objeto e o instrumento: na ordem do saber, da "verdade", da "consciência, do discurso.

Michel Foucault, Microfísica do Poder, p. 71.

É isso. A gente segue na luta, porque a luta não para de seguir...