segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Plano de Aula para o 8o ano: Terra e Propriedade, Conflitos e Desigualdades


A proposta que apresento a seguir é de aulas para o 8o ano do ensino fundamental


O livro didático segue História.Doc de Ronaldo Vainfas, Jorge Ferreira, Sheila Faria e Daniela Calainho. O uso do livro foi muito proveitoso em 2024. Boas atividades e encadeamento de conteúdos. Acho especialmente interessante as biografias de certas personagens históricas que acompanham a sequência dos conteúdos em cada capítulo.

O eixo-temático proposto para o 8o ano é Terra e Propriedade: Conflitos e Desigualdades. Essa escolha é tributária do meu trabalho ao longo dos anos com o material didático produzido pela professora Conceição Cabrini e outras autoras (História Temática e depois Projeto Velear). A experiência do ano passado trouxe bons frutos, com isso a organização da preparação para a Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB) cresceu e se consolidou, permitindo novas possibilidades. O teatro de Hibisco Roxo de Chimamanda Adichie estará constituído no PPP da escola em conjunto com a professor de português, abarcando as aulas de artes e PD3. Os debates dos livros seguem em um crescente com a interdisciplinariedade com as aulas de português. Penso agora em ampliar o número de debates para também preparar as estudantes para a ONU Simulada no ano seguinte.
As experiências impactantes entre as eleições de 2022 e a tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023 seguem como referencias orientadoras para as reflexões propostas. Agora referenciadas pela reeleição de Donald Trump e dos invasores do capitólio nos EUA, além das punições e sanções impostas aos criminosos no caso brasileiro. Analisar os conflitos e desigualdades gritantes de nossa sociedade, perceber o peso da violência ininterrupta no engendramento do pacto social ao abordar temas como a escravidão de indígenas e negros. Ao abordar o extermínio físico e cultural dos povos constituintes da nossa sociedade, conferir visibilidade às suas táticas e estratégicas na luta por existir e reordenar suas vivências e o mundo. Isso me parece não só uma possibilidade fértil, mas também moral e eticamente obrigatória. Um caso explícito de tudo isso, proposto na ONHB do ano passado, trabalhado com magníficos desdobramentos em 2023, por exemplo, é o contínuo genocídio das populações Yanomamis no norte do Brasil. Genocídio esse que continua no momento em que esse texto é escrito ou quando você o lê, mesmo diante de esforços ainda insuficientes do governo federal. 

Os 4 temas acima se articulam com objetivos claros:

- Explicitar a importância da terra nos caminhos e descaminhos da humanidade.
A propriedade da terra, os conflitos pela terra e a desigualdade na distribuição da terra são marcas desses itinerários e constroem os espaços, as formas de sua ocupação e as possibilidades das itinerâncias dos sujeitos. A história em sua busca por estabelecer sentidos à existência humana ao longo do tempo se articula aqui com questões estruturadas e estruturantes relacionadas ao espaço, como a territorialidade dos Estados Nacionais Modernos e com o lugar de viver, espaço de morar ou terra natal de cada sujeito.
- Problematizar as diferentes dimensões da propriedade, entendendo-a na relação de forças da atual sociedade capitalista globalizante e midiática.
Surge aqui a necessária instrumentalização de alunas e alunos para a importância dos espaços e bens públicos, bem como sua construção enquanto sujeitos não apenas na dimensão individual, mas sujeitos sociais articulados a múltiplas formas culturais. Uma propriedade não apenas como direito ou dever, mas como uma espaço de conflito e marca da desigualdade, onde se afirmam e se silenciam sujeitos. 
- Pensar o Brasil enquanto sociedade forjada e reafirmada cotidianamente pela violência.
Um passado marcado por invasões, estupros, escravidão, guerras e, principalmente, resistências. Os conflitos humanos disciplinados pela lógica capitalista reordenam os espaços das diferentes classes econômicas e grupos sociais, assim como as rebeldias se mobilizam. A atuação contra a lógica excludente do sistema e da construção de uma solidariedade que respeita, inclui e resiste.
- Reafirmar sempre o espaço do direito de ser diferente, mas não desigual.
Possibilitar olhares e fazeres atentos a diferenças, mas que se mobilizem contra as desigualdades econômicas, sociais, culturais e políticas. Construir, portanto, uma cidadania plural e atuante no sentido de um respeito ético e amoroso pelo meio ambiente, pelas culturas e pelas pessoas, onde a arte de ser floresça na subjetividade de cada um e na sociedade brasileira como um todo.

No 1o bimestre, darei continuidade ao meu trabalho de estudo das histórias de vida das estudantes. Para conhecer alunas e alunos, a ideia é aprender sobre suas histórias, estudar com eles sobre a história de suas famílias e suas trajetórias. O trabalho de biografia da avó ou do avô terá a centralidade de sempre, mas serei mais rigoroso na questão do tempo e um esboço será produzido em sala. É uma ferramenta única que articula meu historiar de suas experiências com a aprendizagem de cada estudante sobre as dimensões do saber histórico. Um envolvimento urdido por elas mesmas em diálogo comigo. Um fazer que inspira, que informa, mas que transforma, amplia horizontes.
Essa construção vai sendo composta e ampliada em conjunto, vai reconstituindo relações com o espaço escolar e urbano que nos envolve. Já possuo um bom material sobre a história do CEF 102 Norte e isso será um convite para que se envolvam com outras leituras do tempo e do espaço. A escola para onde convergem suas trajetórias do Paranoá Parque, do Itapuã, do Varjão, de Ceilândia ou de muito além. Trajetórias que como a de seus avós contam os cantos e recantos por onde passam. O sentido não é inseri-los no mundo, mas explorar o mundo que transborda de seus olhares. Minha proposta pode ser melhor conhecida em artigo acadêmico.
Estabelecendo esses pontos de partida orientadores do nosso processo conjunto de ensino-aprendizagem, nós iremos analisar a terra e a propriedade no mundo moderno. Um mundo moderno que busca se afirmar por novas formas de ser, pensar e possuir. O pensamento Iluminista, a Revolução Francesa e a Revolução Industrial são os laboratórios para refletirmos sobre terra e propriedade, sobre conflitos e desigualdades a partir de nossos olhares contemporâneos. 

Objetivos de aprendizagem no Currículo em Movimento da SEDF:

•Promover no aluno interesse pelo conhecimento histórico, desenvolvendo a capacidade de perceber a historicidade de elementos presentes em nossa sociedade. 
•Promover e capacitar no educando, potencialidades para a construção de seu conhecimento.
•Conceituar o Iluminismo e conhecer as ideias e suas críticas às características políticas e culturais dos séculos XVII e XVIII; conhecer alguns dos principais pensadores e ideias que defendiam.
- Analisar os impactos da Revolução Industrial na produção e circulação dos povos, produtos e culturas.
• Identificar e relacionar os processos da Revolução Francesa e seus desdobramentos na Europa e no mundo.
Indicações cinematográficas: Acercadacana, Rap: o Canto da Ceilândia, Brasília: Contradições de Uma Cidade Nova, Tempos Modernos

Como já mencionado acima, a primeira trilha avaliativa será a produção textual de uma biografia do avô ou da avó por parte de cada estudante. É, portanto, um trabalho de pesquisa e de produção de texto individual, que nunca teve prazo fixo, podendo depender do melhor momento para realizar uma entrevista direta com a avó ou avô. Nesse ano irei ser mais exigente com prazos e irei fazer um esboço inicial em sala de aula que já encaminhará o roteiro, sempre como referência e não uma exigência. Caso não seja possível contato com avô ou avó, o trabalho pode ser realizado com outra pessoa da família sobre o que se sabe da avó ou do avô. É possível corrigir a atividade quantas vezes cada estudante julgar necessário.
Eu considero esse o trabalho mais importante de toda a relação de ensino-aprendizagem que estabelecemos em sala de aula. No 4o bimestre do 9o ano, inclusive, cada estudante recebe seu trabalho de volta para realizar uma nova atividade. Portanto, a biografia vai muito além de uma simples redação, mas representa um documento histórico de múltiplas dimensões que produzimos em sala de aula e para muito além dela.
Essa trilha é obrigatória e será responsável por metade da nota desse bimestre.


A segunda trilha avaliativa
 será um trabalho coletivo de análise de documentos referentes à história do CEF 102. Os documentos são um conjunto de reportagens publicados entre o início dos anos 70 e a atualidade. Eles trazem algumas referências sobre o passado da escola, sinalizando usos, projetos e interesses envolvidos em seu engendramento. 
Essa análise de documentos históricos orientada irá compor com avaliação interdisciplinar da escola, o projeto COMVIVA, que no meu caso relaciona a história da escola com a Crise Climática atual.

A terceira trilha avaliativa será uma prova bimestral dissertativa com consulta realizada em sala.

No 2o bimestre, passaremos à análise dos conflitos que marcam o fim do Sistema Colonial, a independência da América Portuguesa e a formação de um Estado brasileiro. O objetivo não é apenas destacar a violência do processo, mas valorizar a diversidade e riqueza cultural dos povos envolvidos, bem como suas estratégias de existir e resistir. Ainda que pensando a terra, nesse "mundo atlântico" iremos nos debruçar sobre a cobiça gananciosa da manutenção da escravidão, a conquista de novos territórios através formas de aculturação e saque. No atual momento de genocídio contra o povo Yanomami e devastação causada pelo garimpo ilegal me parece fundamental reafirmar o caráter ininterrupto da invasão europeia, da pilhagem das riquezas das civilizações do Novo Mundo e da África, da exploração não só física, mas mental, espiritual e espacial dos conquistados e como o Brasil pretensamente independente não resolve, pelo contrário, aprofunda tudo isso.
Importante destacar que nesse período estarei participando da Olimpíada de História com as turmas de 9o ano e as turmas de 8o terão um primeiro contato com esse projeto. Aumentei significativamente o número de debates para semear a preparação para a ONU Simulada quando estiverem no 9o ano.

Objetivos de aprendizagem do Currículo em Movimento da SEDF:

• Aplicar os conceitos de Estado, nação, território, governo e país para o entendimento de conflitos e tensões.
- Discutir a noção de tutela dos grupos indígenas e a participação dos negros na sociedade brasileira.
- Caracterizar a organização política e social no Brasil desde a chegada da Corte portuguesa, em 1808, até 1822 e seus desdobramentos.
•Relacionar a crise do sistema colonial com transformações mundiais decorrentes da Revolução Industrial e da expansão da França napoleônica. 
•Identificar e analisar o equilíbrio das forças e os sujeitos envolvidos nas disputas políticas durante o Primeiro Reinado.
Indicações cinematográficas: Guerras do Brasil.doc (episódios 1 e 2), A Última Floresta, Vidas Secas.

A primeira trilha avaliativa, dando sequência aos trabalhos individuais de pesquisa e produção de texto, é a escrita de uma redação sobre a moradia dos estudantes. Cada um deles, orientados por um roteiro, deve buscar historicizar sua propriedade (ou posse). Há essa valorização da escrita e da análise das próprias vivências das estudantes, mas o objetivo principal é conhecer ainda mais seus universos, como interpretam e representam suas realidades, trazendo suas vivências para o centro dessa discussão, convidando que sejam narradores de seus próprios espaços. Essa produção de texto irá compor com a avaliação interdisciplinar da escola (violência contra a mulher).

A segunda trilha avaliativa será um simulado construído a partir da 1a fase da ONHB 16, além de uma questão dissertativa de análise dos itens. Esse trabalho será feito em equipes, de maneira integrada e coletiva, em sala de aula. Essa trilha é obrigatória e será responsável por metade da nota desse bimestre.

A terceira trilha avaliativa
 será uma prova bimestral dissertativa com consulta realizada em sala.

A quarta trilha avaliativa relacionada ao projeto do Clube do Livro, será a leitura, fichamento e discussão do livro Morte e Vida Severina de João Cabral de Melo Neto. A ideia aqui é integrar o debate às discussões sobre  migrações, ocupação do território, desigualdade e miséria na formação da sociedade brasileira. Perceber como essa errância dos sertões para os grandes centros (re)constroem o Brasil e os Brasis que o formam. Importante destacar que o livro já terá sido trabalhado nas aulas de português no 1o bimestre, o que além de interdisciplinar, amplia muito as possibilidades de compreensão da obra e suas potencialidades.

No 3o bimestre, nosso olhar para a Revolução Industrial, que avança da Europa para o restante do mundo, buscará o fazer-se da classe operária, que se articula aos nacionalismos. O objetivo é focar as rebeliões, revoltas e insurreições, que também marcam o Período Regencial, mas também o Segundo Reinado no Brasil. Iniciaremos a análise da Guerra do Paraguai e da luta abolicionista como palcos da reflexão. O pacto das elites em torno da escravidão e do poder centralizado no Rio de Janeiro é aqui pensado num cenário de pressões internacionais, em especial, do Reino Unido, que ganham contornos nítidos com a Lei de Terras de 1850 em paralelo à proibição do comércio de pessoas escravizadas.
As pressões contra as populações marginalizadas de indígenas, negros, mulheres, sertanejos e imigrantes, bem como suas estratégias de resistência seguem sendo uma referência para pensar a constituição da sociedade brasileira atual. Não apenas a estrutura agroexportadora latifundiária dos ainda senhores de engenho, barões do café e demais "coronéis" e sua governança política de uma nação que vai sendo inventada olhando para a Europa, mas atentar para tudo que tentam empurrar para debaixo do tapete com requintes de crueldade e muita violência.

Objetivos de aprendizagem do Currículo em Movimento da SEDF:

• Descrever os movimentos revolucionários do século XIX na Europa com relação às suas motivações, reivindicações e Ideologia.
•Relacionar as chamadas revoltas regenciais a embates políticos, econômicos e sociais do período e suas consequências.
• Identificar e analisar os processos econômicos, sociais e políticos (internos e externos) durante o Segundo Reinado.
• Reconhecer as questões internas e externas sobre a atuação do Brasil na Guerra do Paraguai e discutir diferentes versões sobre o conflito.
• Analisar os atores do processo de abolição da escravatura, enfatizando a Campanha Abolicionista protagonizada por negros escravizados e libertos
Indicações cinematográficas: Guerras do Brasil.doc (episódio 3), Germinal, Doutor Gama, 12 Anos de Escravidão, A Última Abolição

Jornal sobre a Balaiada de 1838
A primeira trilha avaliativa
 segue a produção textual individual, com dose maior de criatividade imaginativa. Essa atividade não teve o resultado esperado ano passado, então irei transformá-la em uma oficina para a produção de um texto jornalístico, um panfleto ou manifesto em que as alunas e alunos informem, divulguem, defendam ou ataquem as ideias de uma das revoltas, rebeliões ou insurreições acontecidas no Brasil após a independência. Além do roteiro para auxiliar, pretendo fazer uma composição conjunta inicial para servir de referência Essa trilha ira compor com a avaliação interdisciplinar da escola (Feira das Nações).

A segunda trilha avaliativa terá dois momentos, uma atividade em equipes de 3 estudantes inspirada pela ONHB e outra de toda a turma. Alunas e alunos realizarão a transcrição de um documento histórico da Revolução Praieira. Ele será analisado e transcrito pelos trios em sala de aula para decifrar o texto. Na aula seguinte, a turma em conjunto completará o máximo possível. A avaliação serve de laboratório para que as estudantes se familiarizem com a transcrição de documentos exigida na 4a fase da ONHB.

A terceira trilha avaliativa será uma prova bimestral dissertativa com consulta realizada em sala. Essa trilha é obrigatória e será responsável por metade da nota desse bimestre.

Finalmente, a quarta trilha avaliativa, conectada ao projeto do Clube do Livro, será a leitura, fichamento e discussão do livro Manifesto do Partido Comunista de Karl Marx e Friedrich Engels. A ideia aqui é integrar o debate às discussões sobre a organização e engajamento das classes trabalhadoras, suas estratégias e táticas de resistência ao sistema capitalista cada vez mais hegemônico, mas nunca absoluto. Pensar inclusive os determinismos econômicos de suas leituras de mundo ante as fundamentais pautas da diversidade atuais.
Destaco que o livro foi bastante acessado pelas estudantes no ano passado, fomentando debates incríveis, ainda que persista a dificuldade com a linguagem difícil. Nesse sentido, os diálogos e discussões ganham uma dimensão ainda mais importante, não de defender o conteúdo, mas refletir sobre o momento em que foi produzido. Dessa forma, é importante lembrar que ele foi escrito como um panfleto político que manifestava os anseios de uma classe trabalhadora explorada e cada vez mais organizada.

O 4o bimestre é sempre mais corrido, tendo uma dinâmica diferente da dos demais bimestres. Além disso, já está bem estabelecido o diagnósticos dos potenciais de cada educanda e educando, encaminhando os objetivos e as habilidade não exatamente para uma culminância, mas para uma afirmação de suas autonomias. Sendo assim, já tenho por praxe adotar uma flexibilização maior. Nesse sentido, a definição dos objetivos e dos conteúdos tende a requerer mais paciência na forma de serem trabalhados, sendo mais importante articulá-los à tudo que já foi trabalhado. 
O projeto para o dia da Consciência Negra (e Sarau) seguirá pela leitura do livro Hibisco Roxo da autora nigeriana Chimamamda Adichie, que será trabalhado como teatro, além de já ter sido trabalhado nas aulas de português no 3o bimestre. O projeto se consolidou, faz parte do PPP da escola e envolve também organização e ensaios nas aulas de português, artes e PD3 ao longo do 4o bimestre. Minha ideia é relacionar as trilhas avaliativas de modo a otimizar o tempo para todas e todos.
A expansão capitalista globalizante da Segunda Revolução Industrial seguirá sendo abordada, dessa vez através do imperialismo neocolonialista europeu e norte-americano. As resistências africanas e asiáticas sob o signo do sangue e da pólvora terão destaque para refletirmos as heranças sentidas até hoje por essas sociedades, bem como a desigualdade gritante com que povos e culturas são excluídos das oportunidades no mundo atual. 

Objetivos de aprendizagem do Currículo em Movimento da SEDF:

•Identificar mudanças de mentalidade e de interesses em torno da questão da escravidão; analisar o processo de crise da monarquia no Brasil, detectando principais fatores que contribuíram para a Proclamação da República. Descrever transformações em relações de trabalho a partir do século XIX; contrastar o trabalho escravo com o trabalho livre e comparar condições do trabalhador ao final do século XIX com o da atualidade.
• Estabelecer relações causais entre as ideologias raciais e o determinismo no contexto do imperialismo europeu e seus impactos na África e na Ásia.
• Reconhecer os principais produtos, utilizados pelos europeus, procedentes do continente africano durante o imperialismo e analisar os impactos sobre as comunidades locais na forma de organização e exploração econômica.
- Conhecer e contextualizar o protagonismo das populações locais na resistência ao imperialismo na África e Ásia.
• Compreender o processo de expansão e dominação imperialista no século XIX, como um novo colonialismo e apontar seu desdobramento para a América Latina.
Indicações cinematográficas: EUA: A Luta pela Liberdade (ep. 1), A Mulher Rei, O Fantasma do Rei Leopoldo

A primeira linha avaliativa
 
será produzir uma apresentação teatral com duas inspirações importantes. O Teatro do Oprimido de Augusto Boal, pensado e repensado no contexto da ditadura militar, e o Teatro Épico de Bertold Brecht. Mais uma vez o resultado das encenações foi maravilhoso, com elaboração dos roteiros pelas turmas. Existem vídeos no meu canal do YouTube.

Com turmas de 8o, alunas e alunos desenvolvem toda a prática teatral. Constroem os roteiros nas aulas de português do bimestre anterior. Selecionam o elenco, montam os cenários, dirigem, filmam e executam as falas. Isso é avaliado e potencializado com a integração das práticas de Artes e Língua Portuguesa. O papel da professora de português Elisa tem sido essencial nessa parceria interdisciplinar. Pretendemos referenciar melhor as demais professoras participantes.

A ideia é construir uma peça que represente o livro Hibisco Roxo de Chimamanda Adichie em cada uma das turmas. A culminância será a apresentação de uma cena no Sarau da escola.
As informações e material das encenações do ano passado irão ajudar. Essa trilha irá compor com a avaliação interdisciplinar da escola (Dia da Consciência Negra e a valorização da igualdade racial e manifestações culturais afrobrasileiras).

Texto da Lei do Ventre Livre de 1871
A segunda trilha avaliativa
 será mais uma atividade de transcrição de um documento histórico como preparação para a ONHB, mas desta vez de maneira individual. O documento trata da luta contra a escravidão, será transcrito, analisado e debatido em sala de aula. por abordar a legislação que buscava retardar a abolição. Ele tanto permite a reflexão sobre as relações profundas entre a sociedade da época e o trabalho escravo, como serve de laboratório para que as estudantes se familiarizem com a transcrição de documentos exigida na 4a fase da ONHB.

A terceira trilha avaliativa será uma prova bimestral dissertativa com consulta realizada em casa.

A quarta trilha avaliativa, relacionada ao projeto do Clube do Livro, será a leitura, fichamento e discussão do livro Hibisco Roxo de Chimamanda Adichie. A ideia é integrar o debate às discussões sobre a violência neocolonialista contra as sociedades africanas, mas também suas poéticas de resistência através do olhar de uma importante autora africana.
O livro tem sido um sucesso retumbante. Eu e Elisa somos fãs, os debates se ampliam cada vez mais. Isso sem mencionar os maravilhosos teatros que realizamos. A leitura prévia ao longo do 3o bimestre nas aulas de português produziu uma compreensão incrível da obra.

Nesse bimestre não há uma trilha que seja obrigatória. As alunas e alunos são livres para escolher e agir como acharem mais interessante.

Encerro aqui como no ano passado. Como podem ver, há muita boa vontade e ideias a serem experimentadas. Acho que esse vai ser um ano de muita luta, mas até por isso, um ano de muitas transformações. Vivamos.


Plano de aula para o 9o ano: História e Democracia, Educação e Cidadania


Salve salve pessoal,

Mais um ano de CEF 102 Norte pela frente. Preparando meu quarto ano na escola, cada vez com mais projetos, muitas experiências e sonhando possibilidades. Sejam mais que bem vindas para mais uma apresentação de plano de aula do 9o ano.
O ano de 2024 trouxe ainda mais aprendizagem, consegui realizar a ONHB (Olimpíada Nacional em História do Brasil) como sempre sonhei e ampliei para além do planejado a ONU Simulada. Se em 2022 só 1 equipe chegou à 4a fase, em 2023 foram 9 e em 2024 chegamos a 18 equipes na 4a fase. Além disso, 1 equipe fez história e chegou até a 6a fase (as maravilhosas Julia, Heloísa e Helena). Esse ano tenho grandes expectativas de irmos além. Sempre rumo ao infinito e além. 

Como já sinalizado acima, a proposta que apresento a seguir é de aulas para o 9o ano do ensino fundamental. 

O livro didático segue o História.Doc de Ronaldo Vainfas, Jorge Ferreira, Sheila Faria e Daniela Calainho. As atividades são muito interessantes, em especial, as de análises de documentos e fontes históricas. Há também uma proposta de condução narrativa muito interessante das histórias, que vem sempre acompanhada de biografias de sujeitos históricos, o que deixa os acontecimentos históricos mais sensíveis e compreensíveis.
O eixo estruturante do livro segue sendo tradicional, modelado pelo quadripartismo celebrativo das ideias europeias de civilização ocidental. Ainda que exista espaço no currículo para ir além disso (o que tento construir na minha prática por exemplo), os livros didáticos estão cada vez mais homogêneos e não escapam dessas matrizes conservadoras com roupagens mais ou menos "inovadoras". Sendo assim, na medida do possível, considero a melhor opção de livro. Aproveito para lembrar que sinto muita saudade de livros temáticos, como o antigo Projeto Velear que eu costumava trabalhar, mas sendo como for minha proposta e minha prática seguem sendo temáticas, fazendo o uso necessário e possível do material didáticoPortanto, o livro didático é um parceiro fundamental, mas está longe de ser o centro da proposta pedagógica.

No início de 2023, impactado pela tentativa de golpe de 8 de janeiro, estruturei um plano de aula articulado em todos os níveis a uma reflexão profunda sobre os (des)caminhos da sociedade brasileira. Sendo assim, preparei uma proposta de ensino-aprendizagem atenta ao tumultuado processo eleitoral de 2022, às tensões dos anos mais recentes do regime democrático no Brasil, bem como aos desgastantes anos da pandemia de COVID-19 e do governo Jair Bolsonaro. Indiquei que o ataque de terroristas aos prédios dos 3 poderes da República em 8 de janeiro de 2023 não era o ponto final do plano de aula ou um assunto referencial tão somente, mas sim o ponto de partida para (re)pensar a sociedade brasileira, a desigualdade que a marca e as condições de possibilidade de sua formação, bem como seu lugar no mundo contemporâneo. Proponho um diálogo desse momento com a ascensão do fascismo no período entre guerras, com o início da República após o golpe militar que encerrou o Império e outras situações da história dos séculos XX e XXI, Se conflitos como a Guerra na Ucrânia e o Genocídio palestino em Gaza atraem a atenção pelo seu peso midiático, também se faz necessário ampliar os olhares e sensibilidades para o estado permanente de conflitos em todo o mundo contemporâneo (Iêmen, Sudão do Sul, Síria), para a eleição de Donald Trump e o perdão aos invasores do capitólio (em contraste às punições aos criminosos no Brasil), a crise migratória e o papel desestabilizador das redes sociais e seus donos bilionários.

O eixo-temático aplicado ao 9o ano é História e Democracia, Educação e Cidadania. Tendo por base a experiência de 2023, reforço que minha proposta não é apenas apresentar um olhar etapista e apaziguador da consolidação de uma sociedade global pautada pelo imperialismo do pós-Grandes Guerras. Entendo também que o volume conteudista do currículo exige que escolhas e seleções sejam feitas para potencializar o debate e a construção de um olhar crítico dos saberes históricos.

Por isso, os 4 temas acima se articulam com objetivos claros:

- Apresentar a História como um saber articulado e articulante para a compreensão dos conflitos e cooperações contemporâneos.
Em um mundo de mudanças aceleradas, longe de encontrar tranquilidade através de certas histórias, minha ideia aqui é dar a ver e a ler as inquietações e questionamentos necessários para agir no mundo, onde o saber histórico é uma forma de dar sentido ao mundo e de perceber os sentidos que lhe são conferidos.
- Valorizar a Democracia como regime político, bem como historicizar sua existência enquanto ideia e enquanto prática.
Explorar seus limites, mas também sua potencialidade ao longo da estruturação da sociedade brasileira, bem como em outras sociedades. ao longo dos séculos XX e XXI. Entender, portanto, que a democracia não é algo dado ou pronto e que precisamos constantemente construí-la e ampliá-la.
- Refletir sobre a educação como instrumento para potencializar subjetividades, o desenvolvimento da autonomia e do espírito crítico.
Sob inspiração freiriana orientar as maneiras de ler o mundo e de os estudantes lerem a si mesmo. Isso articulado a uma análise atenta do processo de construção da escolarização como mecanismo de controle social e disciplinarização dos corpos como destaca Foucault.
- Formar sujeitos críticos e autônomos que entendam que a cidadania envolve direitos e deveres, ganha sentido enquanto ação e conquista.
Me parece importante ressaltar que mesmo a sala de aula sendo espaço para o encantamento das amizades, para o calor dos abraços fraternos e para os limites nas relações com os outros, ela é na base de tudo isso um microcosmo para a cidadania, ela é um palco para as representações das atrizes e atores que (re)definirão as possibilidades de nossa sociedade e de nossas culturas.

No 1o bimestre, além do debate sobre o encerramento do ano anterior, há um período de reapresentação, de debates sobre as experiências comuns e incomuns dos últimos tempos, sobre tantas histórias para além da sala de aula. O objetivo aqui é reavivar as conexões, realinhar discursos, traçar alguns diagnósticos, refletir sobre o espaço da escola em diferentes contextos. Isso permitirá sinalizar as possibilidades de ensino-aprendizagem para o novo ano, debater a culminância do ensino fundamental e a passagem para um "novo" (ou "novo novo" ou "sempre mais do mesmo") ensino médio, bem como discutir o cronograma e as trilhas avaliativas.
A ideia aqui é trabalhar com conteúdos que tratam da constituição de um Brasil republicano, que muda para permanecer o mesmo. Atentar para a busca por modernizar uma sociedade, inseri-la no "concerto das nações", ao mesmo tempo que manter sua estrutura socioeconômica (conflitos como os de Canudos e da Revolta da Vacina surgem aqui como exemplos profundos). Uma contradição diretamente relacionada ao mundo em que eclode a Grande Guerra Mundial, semeada pelo imperialismo e neocolonialismo. Um mundo que caminha aceleradamente para a destruição da guerra total, que oferece palco para o ódio dos fascismos e vê os ideais comunistas da Revolução Russa se associarem à realidade do pós-guerra. Através de cartas de soldados russos, alemães, ingleses e franceses propor a reflexão sobre o horror da guerra de trincheiras e da corrida armamentista das potências imperialistas. Acrescentarei cartas do sanitarista brasileiro Osvaldo Cruz, que escreve de Londres após breve passagem por Paris, quando eclodiu a guerra (esta carta terá um caráter articulante dos interesses do Brasil no conflito). As cartas trazem uma dimensão muito mais profunda do limite ao qual a sociedade pretensamente humanista orientada pelos ideais iluministas estava chegando. Isso permite também um olhar atento aos riscos de um pretenso desenvolvimentismo competitivo e tóxico, orientado por uma pretensão de dominar a sociedade global contemporânea, consumindo pessoas e recursos naturais no caminho.

Objetivos de aprendizagem do Currículo em Movimento da SEDF:

•Promover no aluno o interesse pelo conhecimento histórico, desenvolvendo a capacidade de perceber a historicidade de elementos presentes em nossa sociedade.
•Promover e capacitar no educando, potencialidades para a construção de seu conhecimento.
•Caracterizar o regime republicano federalista brasileiro; apontar semelhanças e diferenças entre Monarquia e República.
•Analisar a Primeira Guerra Mundial e suas consequências para o Brasil. 
•Caracterizar a Revolução Russa e principais teorias socialistas difundidas pelo movimento operário no mundo.
•Analisar crise do capitalismo liberal, surgimento de sistemas totalitários na Europa e políticas intervencionistas na economia. 
Indicações cinematográficas: O Arraial, 1917, Nada de Novo no Fronte, Nós que Aqui Estamos por Vós Esperamos.

A Olimpíada de História será preparada ao longo do 1o bimestre, tendo a culminância no início do 2o bimestre com as fases semanais. É um projeto consolidado há três ano e está no PPP da escola. Ano passado, como já mencionei, tivemos um sucesso absoluto, do jeito que eu sonhava. Foram 36 equipes, das quais 18 chegaram até a 4a fase e 1 equipe passou para a 6a fase, com um trabalho do qual me orgulho muito. Tenho sempre a meta de um dia chegar à final em Campinas, mas o principal pra mim é aumentar cada vez mais o número dos que vão até a 4a fase.
A preparação das equipes é a primeira trilha avaliativa, que irá compor com avaliação interdisciplinar da escola, o projeto COMVIVA, cujo tema esse ano mudou para a Crise Climática. Aqui as alunas realizam tanto um simulado com questões da 2a e 3a fase do ano anterior, como uma análise dissertativa de uma das questões para ampliar a reflexão.

Exemplo de carta de2024: fichas de personagens sérvios, cartas
e minha resposta (Maria Izabel 9C)

 
Exemplos de cartas de 2023: 7 cartas, fotos e resposta de uma
viúva japonesa (Olívia 9A) e o diário ilustrado, em alemão
(com a tradução) de um soldado alemão (Agdah 9D)
.
A segunda trilha avaliativa será o trabalho bimestral individual, que envolve uma produção de texto orientada. Nele as estudantes são convidadas a criar uma personagem envolvida com a Grande Guerra. Cada personagem vem de um país diferente já estabelecendo uma conexão com a ONU Simulada. Após pensar o personagem, escrevem uma carta com suas impressões do conflito. 
Ex. de carta de 2022: ficha de trabalho, carta de
3 pág. e resposta de enfermeira britânica presa
na Bélgica (Laura 9D)

Talvez essa tenha sido minha proposta mais exitosa em 2022, quando o trabalho foi realizado no 3o bimestre. Em 2023, com uma relação de aprendizagem maior com cada estudante houve ganhos significativos, muito embora certas particularidades do início do ano também tenham feito alguns trabalhos demorarem a ser executados. É importante destacar, que como acontece com o trabalho da avó, esse trabalho é obrigatório e pode ser corrigido quantas vezes a aluna quiser para deixá-lo mais denso e melhor pontuado.
Ex. carta de 2024:
Formato diário de uma 
mulher turca (Inaê 9A)




Além do rigor com os prazos para que a culminância do 3o bimestre não fique comprometida, irei realizar uma aula oficina esse ano sobre a realização dos trabalhos (inclusive expondo os trabalhos de 2022 a 2024). Para quem tiver interesse em conhecer mais sobre essa proposta avaliativa, gravei um vídeo sobre ele em 2023 e que está no meu canal do Youtube.
Ex. carta 2024: 7 cartas de família italiana, explicação
do enredo e minha resposta (Júlia 9D)













Ex. carta 2024: Carta francesa
e resposta (Isadora, 9B)
Ex. carta 2024: Fichas de personagens da Alemanha,
cartas, orientações e minha resposta (Ana Luiza, 9A)













Essa trilha é obrigatória e será responsável por metade da nota desse bimestre.



A terceira trilha avaliativa será uma prova bimestral dissertativa com consulta realizada em sala.

No 2o bimestre, para acomodar melhor os conteúdos ao início da Olimpíada de História, é necessário uma ênfase maior nas especificidades da história do Brasil. Nesse sentido, tratar do pacto oligárquico da República, da sociedade excludente e das tensões do pós-Grande Guerra e da crise econômica que abrem caminho para mais um golpe militar e a Era Vargas, que começa, se prolonga e termina com intervenções militares.
Penso aqui ainda em explorar análises das expressões do fascismo e do populismo em nossa sociedade, o banditismo do cangaço, o desenvolvimento dos sindicatos, partidos políticos e outros movimentos sociais como parte dos debates. Dessa forma, os objetivos de aprendizagem e os conteúdos serão estruturados em um constante diálogo com os acontecimentos atuais para pensar noções de polarização, radicalismo, nacionalismo e civilidade. Duas personagens ganham destaque e visibilidade nesse itinerário: Lampião, para pensar a questão do cangaço, referência para os problemas atuais da violência e exclusão social; Antonieta de Barros, para pensar a participação política de grupos tradicionalmente excluídos e minoritários do ponto de vista do poder político, refletindo também sobre suas conquistas e resistências atualmente.

Objetivos de aprendizagem do Currículo em Movimento da SEDF:
•Indicar formas de resistência e organização de operários do início do século XX e da atualidade. Relacioná-las com concorrentes ideológicas do respectivo momento histórico.
•Compreender sistema de dominação oligárquica, efetivado através de coronelismo, política de governadores e política do café com leite; identificar permanências dessas práticas políticas na atualidade. 
•Apontar razões e origens de movimentos populares rurais e urbanos do período, traçando paralelo com movimentos populares da atualidade; Analisar o caráter da religiosidade popular no Brasil. (Adaptada)
•Identificar origens de novos grupos sociais essencialmente urbanos; relacionar a busca de uma identidade nacional com movimentos culturais da década de 1920; contextualizar o papel da mulher na sociedade do século XX; descrever a situação do negro na sociedade brasileira após a abolição. 
•Caracterizar em períodos do governo Vargas trabalhismo, nacionalismo e autoritarismo.
Indicações cinematográficas: Libertários, Baile Perfumado, Guerras do Brasil.doc (episódio 4), Vidas Secas.


A primeira trilha avaliativa será a 17a ONHB, realizada em grupos de 3 estudantes e pontuada de acordo com os debates e o avançar das equipes ao longo das fases. A experiência dos anos anteriores foi muito rica e sempre pode ser melhorada.
Passeio
Houve um prêmio para as equipes que mais avançaram: um passeio pela Quadra Modelo da SQS 308 em 2023. Em 2024 só consegui premiar a equipe que chegou à 6a fase com um livro para cada estudante. Inclui no projeto do PPP a premiação pelo passeio para ficar garantida às equipes que chegarem até a 4a fase.
A sala de aula inovadora, os tablets recém adquiridos pela escola com verba do Ministério Público e a nova rede de internet se provaram fundamentais para o pleno desenvolvimento das atividades propostas. Esse ano o projeto acrescenta as aulas de PD3 para haver mais tempo de debate e de dedicação à prova. A sinergia com a equipe da escola, que já entendeu a dinâmica da olimpíada também é uma contribuição fundamental. Sou imensamente grato a todas as pessoas que ajudam.
No ano passado, quando estavam no 8o ano, as estudantes tiveram a oportunidade de fazer um "simulado" da 1a fase da ONHB 15. Eu também inclui nos dois últimos bimestres as transcrições de documentos para melhorar a preparação para a tarefa da 4a fase, que tem sido nosso ponto de corte. Isso foi uma alteração feita no planejamento, que nunca é fixo, após o resultado da 15a ONHB.
Dessa forma, acredito que não é apenas o "vencer" as fases da ONHB, mas a trajetória de crescimento paralela a ela que merece destaque aqui. A realização da prova é a culminância de um extenso processo de ensino-aprendizagem.

Essa trilha é obrigatória e será responsável por metade da nota desse bimestre.

A segunda trilha avaliativa será um relato de experiência sobre o processo de aprendizagem durante a ONHB além da análise de uma questão escolhida por cada estudante. Funcionará como produção de texto e seguirá os parâmetros costumeiros (mínimo de linhas, formatação), mas sem a opção de correção. Essa avaliação irá compor com a avaliação interdisciplinar da escola (violência contra a mulher).

A terceira trilha avaliativa
 será uma prova bimestral dissertativa com consulta realizada em sala.

A quarta trilha avaliativa, relacionada ao projeto do Clube do Livro, será a leitura, fichamento e discussão do livro A Revolução dos Bichos de George Orwell. A ideia é integrar o debate às discussões sobre Revolução Russa, Fascismos, Humanismos, Guerra Civil Espanhola e à questão ambiental. Nos últimos anos, a própria trajetória intelectual de Orwell foi interessante para as análises em sala, mesmo para quem não leu o livro. Os debates foram excelentes.

Para o 3o bimestre, o plano é trabalhar a Segunda Guerra Mundial, a criação da ONU, a chamada Guerra Fria, as independências da África e da Ásia, ou seja, a articulação de uma ordem global ainda marcada pelas disputas imperialistas, pelas heranças coloniais e pela desigualdade gritante do mundo contemporâneo. A ideia de dar mais peso e importância para a ONU Simulada como palco para o debate dos temas a serem tratados foi um SUPER sucesso que acabou ganhando vida própria em 2024. E esse ano vamos além.
A proposta continua sendo ampliar os debates para reordenar as aproximações e tensões de um mundo que parece dado, mas é sempre construído e narrado. O diálogo direto com o genocídio israelense em Gaza (além das invasões ao Líbano e à Síria) ganha um peso enorme para as reflexões, assim como o conflito da Guerra da Ucrânia, as tensões entre EUA e China, o protagonismo do Brasil na agenda ambiental com a COP30 e a regulamentação das redes sociais e da inteligência artificial.

Objetivos de aprendizagem do Currículo em Movimento da SEDF:

•Compreender a Segunda Guerra Mundial, dentro do contexto de expansionismo nazista; analisar impacto e consequências desse grande conflito sob aspectos sociais, éticos e culturais; explicar o imperialismo norte- americano e suas consequências para o Brasil e América Latina. 
•Compreender o mundo pós-guerra; analisar o surgimento de novas organizações políticas mundiais no contexto conhecido como “Guerra Fria”; relacionar essas novas organizações com a bipartição de eixos políticos, seus conflitos e alinhamentos.
-Descrever impacto do avanço tecnológico e científico em relações de trabalho e de comportamento, das sociedades no período; Pensar a importância das pautas climáticas nas últimas décadas, principalmente a partir das crises do petróleo. (ADAPTADA)
•Caracterizar a queda de sistemas socialistas da Europa do Leste, relacionando com o processo de globalização.
-Analisar os aspectos relacionados ao fenômeno do terrorismo na contemporaneidade, incluindo os movimentos migratórios e os choques entre diferentes grupos e culturais.
Indicações cinematográficas: Segunda Guerra Mundial em Cores (episódio 6), Você já foi à Bahia

ONU Simulada 9B em 2023
A primeira trilha avaliativa não será formada por pequenos grupos, como no caso da ONHB, mas por toda a turma, que será uma equipe integrada de debate em uma "simulação da ONU". Em 2022 descobri que existe um amplo e integrado projeto de simulações da ONU (vinculado a um programa das próprias Nações Unidas) e em 2023 li e me informei sobre a proposta. Além de ser voltado para o Ensino Médio, o projeto possui muitas nuances burocráticas e formais, que sinceramente não são o foco do meu interesse. Sendo assim, optei por aplicá-lo de forma mais livre, personalizada e orientado para as assembleias entre representantes dos países. Nesse caso, as estudantes são representantes do mesmo país da carta da Grande Guerra do 1o bimestre.
ONU Simulada no 9o D em 2024
O resultado de 2023, ainda melhor que o de 2022, com as escolhas mostrando-se em sua maioria acertadas. Mas 2024 foi além de todas as minhas expectativas. O impacto dos debates na aprendizagem das estudantes foi muito além de qualquer previsão minha, ao ponto de reconfigurar todo meu planejamento para o 4o bimestre. Agora, como acontece com a ONHB, a ONU Simulada domina um par de bimestres e eu já começo a preparar alunas e alunos ao longo do 8o ano.
ONU Simulada no 9o A em 2024
Desde a reordenação do mapeamento para os debates e a cooperação para organização das assembleias até o engajamento e representação das debatedoras e debatedores, posso garantir que em todas as turmas tivemos experiências incríveis. A ONU Simulada foi uma revolução no nosso processo de ensino-aprendizagem.
As aulas realmente passaram a ser estruturadas por todas e todos como problemas para debate, para reflexão e tomada de decisões coletivas. Um laboratório de cidadania e democracia. Atualmente, acredito que é possível melhorar ainda mais com orientação na organização e preparação prévia das falas. 
ONU Simulada no 9o B em 2024
Por isso, a metodologia ativa implementada se distancia do modelo inicial do projeto oficial da ONU, mas continua a ser uma experiência transformadora e diferenciada. Se o foco não está nos detalhes da burocracia institucional, há redobrado interesse na importância de fóruns multilaterais como espaços de diálogo e cooperação para superação de divergências e valorização da diversidade. Não só entender o momento histórico da constituição desses espaços, mas pensar o próprio mundo contemporâneo a partir desses espaços e de sua orientação de resolução de conflitos.

A segunda trilha avaliativa é uma produção de texto individual orientada pela ONU Simulada. Cada estudante deverá produzir uma ata da reunião de um de nossos debates na Assembleia Geral simulada. Além disso, essa trilha ira compor com a avaliação interdisciplinar da escola (Feira das Nações).



A terceira trilha avaliativa
 será uma prova bimestral dissertativa com consulta realizada em sala. Essa trilha é obrigatória e será responsável por metade da nota desse bimestre.


A quarta trilha avaliativa, relacionada ao projeto do Clube do Livro, será a leitura, fichamento e discussão do livro MAUS de Art Spielgeman. A ideia é integrar o debate às discussões sobre a Segunda Guerra Mundial, o mundo do Pós-Guerra, Memória, Negacionismo e Reparações. Ano passado, mais uma vez, os debates beiraram o sublime. 32 estudantes debateram o livro comigo, assim como colegas professoras que enriqueceram e muito o processo de ensino-aprendizagem envolvido. É um orgulho muito grande que tenho dessa escolha por uma avaliação tão diferenciada, mas cujos resultados transcendem as possibilidades de qualquer educação formal. Nos últimos 3 anos, mais de 70 estudantes leram e debateram o livro (fora as professoras) e essa ano passaremos de uma centena com certeza. Com o incomensurável acréscimo da leitura que já comecei a faz de MetaMaus, obra comemorativa pelos 30 anos da publicação de Maus.

O 4o bimestre é sempre mais corrido, ainda mais quando se trata de turmas de 9o ano por conta da formatura. Sendo assim, já tenho por praxe adotar uma flexibilização maior. Nesse sentido, a definição dos objetivos e dos conteúdos tende a requerer mais paciência na forma de serem trabalhados, sendo mais importante articulá-los à tudo que já foi trabalhado. 
Em 2023, minha ideia era relacionar as trilhas avaliativas de modo a otimizar o tempo para todas e todos. A figura de Carolina Maria de Jesus ganhou papel de destaque e o teatro com as turmas foi um sucesso retumbante. No entanto, assim como com as turmas de 8o ano, percebi a necessidade de antecipar a leitura do livro a ser trabalhado.
Em 2024, em meio aos debates da ONU Simulada, tive uma ideia louca e todo mundo amou. A SUPER ONU Simulada com as 4 turmas de 9o ao mesmo tempo. Foi transcendental de maravilhoso. Esse ano com a experiência acumulada, vamos conseguir organizar melhor e ampliar ainda mais seu alcance.
O desafio é lidar com o tempo para conseguir cuidar da articulação com as trajetórias das avós e avôs das estudantes, que foram biografadas por elas no trabalho do 1o bimestre do ano anterior, com a construção de Brasília e da escola CEF 102 Norte, o que não consegui fazer como gosto ano passado. De forma articulada aos movimentos sociais e à luta das minorias, às migrações contemporâneas, ao poder do narcotráfico na América Latina (Equador e Rio de Janeiro), refletir sobre o curto período democrático pós-Vargas, a Ditadura Militar, a redemocratização e todas as tensões flagrantes que marcam a sociedade brasileira, em especial, quanto à fome, ao racismo e aos direitos das minorias a partir da Constituição Cidadã de 1988. Constituição essa tão duramente atacada nos últimos anos, mas que segue regendo os caminhos de nossa sociedade.
Importante destacar que não há trilha avaliativa obrigatória nesse bimestre.

Objetivos de aprendizagem do Currículo em Movimento da SEDF:

•Relacionar industrialização brasileira, abertura para o capital estrangeiro a partir da década de 1950, com o processo de urbanização e consequente êxodo rural; avaliar a importância da criação de Brasília, nesse contexto, como fator de desenvolvimento, urbanização e integração do Centro-Oeste do país. 
•Identificar características de governos populistas no Brasil de 1945 a 1964 e comparar com práticas políticas da atualidade; compreender a estrutura democrática do período e razões de sua queda em 1964.
•Interpretar o contexto histórico de experiências autoritárias da América Latina; analisar a instauração de regime militar no Brasil e na América Latina, calcado na supressão de direitos políticos e civis e no intervencionismo estatal na economia; identificar importância da liberdade de expressão e de garantias individuais do cidadão como fundamentos da sociedade democrática. 
•Compreender a participação de movimentos sociais no processo de redemocratização da América Latina, dando ênfase à “Nova República” brasileira com a culminância da promulgação da Constituição de 1988. 
•Identificar reivindicações de grupos minoritários; analisar a temática indígena e negra na atualidade; discutir a situação do adolescente, analisando o Estatuto da Criança e do Adolescente como regulamentador da questão.
Indicações cinematográficas: Cabra Marcado Para Morrer, Brasília Contradições de Uma Cidade Nova, Tropicália, Brasil em Constituição.

A primeira linha avaliativa será a SUPER ONU Simulada, um debate com as 4 turmas simultaneamente. No início do bimestre há uma adequação dos países, para isso realizamos a troca dos países repetidos com base no desempenho ao longo dos debates do 3o bimestre. Isso amplia a diversidade da Assembleia Geral e demanda ensaios prévios, além de uma troca intensa entre as turmas. A culminância se dá ao longo de uma manhã toda no pátio da escola. Com o devido planejamento e organização acredito que é possível ir além mais uma vez.

A segunda trilha avaliativa consistirá de um trabalho individual de articulação das histórias de vida das avós realizados pelas alunas e alunos quando estavam no 8o ano. Os trabalhos antigos serão reapresentados às estudantes, que devem articulá-los à história da sociedade brasileira no período de vida daquela avó. Há um roteiro para orientação da análise, bem como uma aula expositiva em que articulo a história de meus avós paternos à história brasileira no século XX.

A terceira trilha avaliativa será uma prova bimestral dissertativa com consulta realizada em casa.

A quarta trilha avaliativa, relacionada ao projeto do Clube do Livro, será a leitura, fichamento e discussão do livro Quarto de Despejo de Carolina Maria de Jesus. A ideia é integrar o debate às discussões sobre a história da sociedade brasileira em diálogo como as lutas, as resistências e as narrativas da autora, uma mulher negra que escreve tudo em seu diário. Esse é mais um livro que vai para o terceiro ano de aplicação e que teve debates magníficos ano passado. É uma leitura inescapável do âmago do Brasil na minha opinião e tem se mostrado muito eficaz em ampliar os olhares de minhas educandas e educandos.

Nesse bimestre, como indicado anteriormente, não há uma trilha que seja obrigatória. As alunas e alunos são livres para escolher e agir como acharem mais interessante.
Termino deixando esse abraço eterno que recebi.