Salve pessoas, como o plano de aula é genérico, eu resolvi publicar o cronograma de aulas para o 1º bimestre. Se não viu o plano, só clicar aqui.
1º dia
Apresentação, mapeamento do conceitos espontâneos de história e
história de vida (atividade)
2º dia
Devolução da atividade, conceito do dicionário
3º dia
Biografias de Cândido Portinari e Pablo Picasso, linha do tempo
(exercício de leitura)
4º dia
Autobiografias de Dolores e Maria José, linha do tempo (exercício de
escrita)
5º dia
Autobiografias de Jorge Santos, autobiografia dos alunos e linha do
tempo (exercício de escrita)
6º dia
Análise das biografias e autobiografias: fichas de leitura (ATIVIDADE), olhar cadernos
7º dia
Correção das fichas de leitura individualmente, olhar cadernos
8º dia
Correção das fichas de leitura em duplas, olhar cadernos
9º dia
Biografias de João Cabral de Melo e Machado de Assis, linha do tempo,
conceito de documentos históricos (exercício de escrita e compreensão dos
textos)
10º dia
Autobiografias de Maria das Graças e Maria Eunice, linha do tempo, conceito
de documentos históricos (exercício de escrita e compreensão dos textos)
11º dia
Trabalho bimestral: biografia
dos avós (ATIVIDADE)
12º dia
Autobiografia de Chimamanda Adichie e biografia de Nelson Mandela,
linha do tempo, conceitos de diversidade e desigualdade (exercício de escrita
e compreensão dos textos)
13º dia
Autobiografias de Maria Joana e Maria Cândida, linha do tempo,
conceitos de diversidade e desigualdade (exercício de escrita e compreensão
dos textos em duplas)
14º dia
Medidas do tempo (exercício matemático)
15º dia
Tempo, ciclos da natureza: dia/noite; fases da lua; estações do ano
(aula expositiva)
16º dia
Filmes sobre corpos celestes e dimensões do universo
17º dia
Observação humana e calendários (exercício de leitura)
18º dia
Biografias de Caio Júlio César e Gregório XIII, linha do tempo
(exercício de escrita e compreensão dos textos), receber trabalhos
19º dia
Autobiografia de Tulavii e
biografia de Cora Coralina, linha do tempo, conceito de tempo histórico
(exercício de leitura e compreensão dos textos)
20º dia
Quadripartismo histórico: história antiga, medieval, moderna e
contemporânea (aula expositiva)
21º dia
Prova escrita: as histórias e
os tempos (ATIVIDADE)
22º dia
Autobiografias de Maria Alcir e Arlinda, linha do tempo, conceitos de
cidade (exercício de escrita)
23º dia
Histórias do Recanto das Emas e suas moradoras (aula expositiva)
24º dia
Entrega dos trabalhos, o Recanto das Emas e as histórias de vida
(exercício de compreensão dos trabalhos)
25º dia
Entrega das provas, fechamento das notas
+5 livres
Algumas observações importantes:
- Ainda que sejam , em média, 30 aulas bimestrais por turma, eu planejo um total de 25 para deixar 5 livres para eventualidades como faltar porque fiquei doente, alguma atividade coletiva da escola, feriados e afins.
- Apesar de estarem colocadas sequencialmente, as eventualidades também podem fazer com que alguma(s) da(s) aula(s) seja deslocada no cronograma.
- Pretendo levar os estudantes ao planetário e, idealmente, seria no 1º bimestre, mas sei que não deve ter mais data, por isso não incluí.
- Meu foco esse ano é menor ainda em notas, como expliquei no plano, ainda assim é preciso atender as exigências burocráticas da secretaria, sendo assim o que está marcado como ATIVIDADE é o que vale nota.
- Como meu plano de aulas teve mudanças significativas, o cronograma está bem diferente. Veja o anterior:
1º dia
Apresentação, o que é história (mapeamento do conceito espontâneo,
atividade)
2º dia
Devolução da atividade, conceito do dicionário
3º dia
Biografia de Cândido Portinari, linha do tempo (exercício de leitura)
4º dia
Autobiografia de Izabel da Cunha, linha do tempo (exercício de
leitura)
5º dia
Autobiografia de Jorge Santos, linha do tempo, autobiografia dos
alunos e l. do tempo
6º dia
Olhar cadernos, exercício de compreensão dos textos (individual)
7º dia
Olhar cadernos, exercício de compreensão dos textos (grupo)
8º dia
Correção do exercício
9º dia
Correção do exercício
10º dia
Correção do exercício
11º dia
Trabalho bimestral: biografia dos avós
12º dia
Fontes históricas (exercício de leitura)
13º dia
Fontes históricas (exercício de leitura)
14º dia
Tempo, ciclos da natureza (dia/noite; fases da lua; estações do ano)
15º dia
A medida do tempo (exercício de leitura), Filmes sobre corpos
celestes
16º dia
Calendários (exercício de leitura), Filme dimensões do universo, receber
trabalhos,
17º dia
Atividade medidas do tempo (história e matemática)
18º dia
Outros Tempos(iorubás), Tempo Histórico
19º dia
Quadripartismo histórico (história antiga, medieval, moderna e
contemporânea)
20º dia
Devolução dos trabalhos, olhar cadernos, exercício de revisão para
prova
21º dia
Devolução dos trabalhos, olhar cadernos, exercício de revisão para
prova
Salve salve pessoas... 3 anos depois, eis me aqui com um novo plano de aula. Voltei para a mesma escola. Foi muito tempo, muita coisa mudou, O CEF 308 virou CED 308, algumas pessoas da equipe mudaram, a escola atuará com ciclos e o livro didático também mudou, mas muitas coisas permanecem como a direção e a maioria da equipe.
Ontem aconteceu a distribuição das turmas na escola.
Esse ano terei 10 turmas de 6º ano, que é minha série preferida. Sempre trabalhei com 6ºs anos desde 2010 e acho legal ter fechado a carga com 10 turmas, assim como no ano em que cheguei. No entanto, pela primeira vez desde meu ingresso na Secretaria de Educação serei 20/20h pois são 5 turmas no turno matutino e 5 turmas no turno vespertino.
Como sempre digo, pra mim é uma alegria sem igual e facilita meu trabalho. Modéstia à parte, sou um sensacional professor de 6º ano e curto muito os seres humaninhos nessa idade. Os eixos temáticos pro 6º ano são tempos, mitos e culturas, mas esse ano, depois da experiência do doutorado, retorno com ambições mais amplas para as possibilidades em torno desses temas, incluindo ainda mais o tema das cidades. Dessa vez, possuo reflexões e análises muito mais profundas sobre o Recanto das Emas e suas moradoras e moradores, investindo, portanto, em mais espaço para a história local através de suas articulações com as memórias de que mora nesse espaço e o satura de sentidos. Outra de minhas preocupações é integrar a experiência letiva a um projeto mais amplo de história e memória do Recanto das Emas em conjunto com a Regional de Ensino e demais escolas públicas da cidade (mas isso será assunto de outra postagem).
Também tenho interesse de trabalhar a leitura de um livro para o bimestre, mas pretendo conversar com minha colega de português para sacramentar a escolha. Penso em opções que dialoguem com fantasia e imaginação, além de contemplarem os temas trabalhados (como Percy Jackson ou Os 12 Trabalhos de Hércules do Monteiro Lobato ou a Epopeia de Gilgamesh...).
Eu adoro dar aula pro 6º ano, me preparei muito bem pra isso durante um bom tempo, sendo um dos recortes da minha dissertação de mestrado. Além disso, já são 6 anos de experiência (10 turmas de 6º ano em 2010, 10 turmas em 2011, 7 turmas em 2012, 6 turmas em 2013, 7 turmas em 2014 e 9 turmas em 2015). Os motivos de minha predileção são muitos: é o primeiro momento em que os educandos tem contato com um professor formado em história; marca a passagem dos anos iniciais pros finais do ensino fundamental, com mais disciplinas, professores, obrigações; tem início a consolidação de conceitos científicos dos educandos, em articulação com suas concepções espontâneas (na ótica de Vygotski); até mesmo a chamada pré-adolescência desse fim de infância é interessante.
A ideia de concepções espontâneas é meu pontapé inicial. Normalmente, todos os livros didáticos de história iniciam suas coleções de história dos anos finais do ensino fundamental com um capítulo ou com uma apresentação sobre o que é história, alguns conceitos operacionais como tempo, sociedade, cultura e logo passa para o que denominam de "pré-história". Existem dois graves problemas aqui. O primeiro é apartar conceitos e conteúdo, isolando os primeiros como ferramentas ideais para o desenvolvimento do conteúdo, ou seja, realça-se o conteudismo em detrimento do desenvolvimento teórico e crítico dos educandos.
Os conceitos devem ser operacionalizados no trato com os conteúdos na minha opinião. Você pode discutir a história como discurso, como prática, como operação, como lente, como sentido ou qualquer outro regime que lhe interessar. Pensar o que é a história, o que é tempo deve ser encarado como pensar o que é contar uma história, fazer uma história, manipular uma história, dissecar uma história, acreditar em quantas histórias se queira.
Não se costuma ensinar a pensar historicamente.. se ensina uma certa história. Um desdobramento disso é a ilusão de não se estar afirmando um modelo de história nesses conteúdos ensinados, como se o conteúdo tivesse um valor intrínseco, essencial e inescapável. Enquanto isso, esse modelo é afirmado e reafirmado por esse silêncio teórico-metodológico. Em tempos de vigilância intolerante, como da Escola "Sem Partido", me parece mais importante ainda reafirmar o caráter inescapavelmente ideológico de toda e qualquer prática de ensino. Ao mesmo tempo, é fundamental instrumentalizar educandas e educandos, bem como dialogar com suas táticas e estratégias de estar no mundo.
O segundo problema é deixar de lado, ignorar ou até mesmo atropelar as concepções espontâneas que os estudantes já trazem consigo de uma longa vivência pré-6º ano. Não só a escola já vinha envolvendo-os em um entendimento social e pedagógico de tempo, como as incontáveis experiências para além dos muros da escola também já deixaram suas marcas em seus horizontes de expectativa. Viver e pensar a história chega muitos antes da disciplina história e de seus disciplinadores.
É importante dialogar sobre os fundamentos teóricos e metodológicos da história com os educandos, assim como valorizar o espaço de suas experiências na construção de possíveis entendimentos da historiografia. Para isso, desenvolvo meu trabalho do 1º BIMESTRE todo concentrado na discussão de O QUE PODEM SER AS HISTÓRIAS.
A discussão tem início com os conceitos dos estudantes tem de história, Eles são convidados a contarem histórias. Só então apresento o conceito de alguns dicionários sobre o que é história e, finalmente, o meu próprio entendimento. Esse debate integra-se às noções de biografia e autobiografias, onde as educandas e educandos são instigados a pensarem suas próprias histórias de vida e de outras pessoas, não como simples coerências lineares, mas como possibilidades de se (re)pensar enquanto sujeitos. Mesmo que os estudantes cheguem depois, faltem as aulas, esse primeiro passo precisa ser dado.
Uma ideia a ser aplicada é a de dois caminhos avaliativos: um feito de prova discursiva + trabalho bimestral de biografia dos avós; outro de fichas de leituras de biografias e autobiografias + trabalho bimestral. Essa nova dinâmica avaliativa terá outros desdobramentos ao longo do ano. O foco não está nas notas (embora a cultura de notas das estudantes e da própria escola não possa ser ignorada), mas acredito que é possível oferecer opções que permitam a quem está sendo avaliado apresentar melhor suas potencialidades. Meu interesse é de pluralizar as possibilidades de discussão.
Em conjunto com o debate sobre documentos históricos, a relação entre a pesquisa e a narração sobre o passado, o trabalho bimestral dos estudantes é escrever a biografia de suas avós ou avôs. Para tanto, eles devem realizar entrevistas de acordo com um roteiro previamente tratado em sala. Essas informações serão articuladas às minhas reflexões do doutorado sobre a história da cidade, servindo de fundamento para articular a própria experiência das estudantes e de suas famílias ao Recanto das Emas enquanto espaço para viver.
A biografia produzida, no entanto, não será a última, pois agora pretendo buscar e incentivar o diálogo com outras memórias além das familiares, envolvendo vizinhos, comerciantes, funcionários da escola e outros membros da comunidade, o que deve se estender pelo bimestre seguinte tanto como avaliação de recuperação continuada ou como extensão de pesquisa para o projeto mais geral que mencionei anteriormente.
Integrada à produção das biografias e fichas biográficas, que compõem os mosaicos da história local, também há a discussão das percepções do tempo, os instrumentos culturais para marcar a passagem do tempo, os ciclos e as linearidades, o tempo histórico, tradição e ruptura. Atentando para a diversidade das culturas em seus entendimentos e expressões do tempo, entender o nosso tempo e o tempo do outro. Tentarei retomar a visita ao planetário de Brasília.
No 2º BIMESTRE, ao contrário do que costumava fazer, pretendo investir num maior desenvolvimento das questões da história local. Para tanto, a articulação das histórias do Recanto das Emas e suas moradoras às histórias de Brasília transcorrerá não mais ao fim do bimestre anterior, mas ao longo deste. Não só buscando uma história impessoal da capital federal, mas sim percebendo como o projeto modernista de Brasília envolveu e foi envolvido por diversas histórias de vida. Tentarei incluir um passeio à quadra modelo da 308 sul, bem como refletir sobre as experiências das estudantes sobre sua relação com o espaço da cidade do Recanto das Emas.
Paralela a esta, haverá a discussão sobre a formação do universo, dos astros e, principalmente, da vida. Debatendo as próprias ideias de evolução, criação, origem, as alunas e alunos serão instigados a pensar sobre as convergências e divergências, heranças e perdas do que entendemos por ser humano. Rompendo com uma noção de "pré-história", esse período histórico é abordado como teatro do que vemos como fundamental em nossa sociedade: o trabalho, a propriedade, o artesanato, a agricultura, o comércio, a metalurgia, a escrita.
Além do uso do filme A Guerra do Fogo, pretendo incluir nesse ano alguns trechos da nova versão da série Cosmos e também do livro A Evolução das Espécies de Darwin (o que abrirá espaço para um terceiro caminho avaliativo formado por ensaios críticos a partir do material estudado). Além disso, costumo trazer matérias de jornal sobre o chamados "ancestrais do homem moderno", bem como acrescento o material da minhas viagens à África do Sul em 2014 e 2016, região onde estão vários dos mais antigos fósseis humanos, em especial, o australopithecus sediba, descoberto em 2009. Viajar é preciso.
Nesse bimestre deixarei de lado o antigo trabalho em grupo que costumava a passar e dando continuidade à ideia de caminhos avaliativos, pretendo possibilitar 3 deles: prova discursiva + trabalho bimestral de entrevista com pessoas da cidade; ou ensaios críticos do material estudado + trabalho bimestral; ou ainda prova discursiva + ensaios críticos.
No 3º BIMESTRE, seguirei tratando de 4 civilizações antigas, mas não em concordância com a visão tradicional da evolução etapista da formação da sociedade ocidental. Eu trabalho com a Mesopotâmia, o Egito Antigo, a Índia Antiga e a China Antiga através de um mito de cada um desses povos. A ideia é construir nossa própria leitura desses povos, enquanto formas culturais diversas de desenvolvimento humano na margem de grandes rios como Tigres e Eufrates, Nilo, Indo e Amarelo. Não se trata de encontrar uma pretensa totalidade politico-econômica-sócio-cultural em lenta formação. Dessa vez, no entanto, pretendo apresentar mais de uma leitura da Epopeia de Gilgamesh (3, na verdade), bem como adensar a análise de uma cidade de cada uma dessas civilizações para pensar as próprias possibilidades da espacialidade das cidades, relacionando-as com o projeto de construção de Brasília e com o próprio Recanto das Emas.
Também ampliando os caminhos avaliativos, acredito que será possível estabelecer 3 caminhos: prova discursiva + criação de um povo e um mito a serem inventados por cada estudante; leitura de um livro e debate oral + criação de um povo e mito; ensaio crítico sobre cidades + criação de um povo e mito . Através de alguns modos de operação como divisão social, rio, divindades e cidade, a educanda deve trabalhar com conceitos apresentados anteriormente, mas principalmente ser criativo.
Finalmente, no 4º BIMESTRE, dou continuidade ao trabalho com mitos de civilizações, que dialogam com as reflexões sobre suas culturas, cidades e relações com o tempo. Através do mito da Guerra de Tróia (Ilíada de Homero), não só podemos construir uma leitura da civilização grega, como explorar a importância desse mito e da cultura grega para nosso tempo. Cada estudante fica responsável por uma personagem do mito, que será interpretada por ela ou ele durante o estudo do mito. O teatro (ou rpg) do mito é o grande evento do ano. Os estudantes ficam realmente alucinados, já me esperando com tudo pronto pra ação começar. Valorizam ao máximo seus papéis. Em 2014, grande apresentação coletiva ao fim do ano letivo foi um sucesso, mas esse ano terei de fazer duas, uma para a manhã e uma para a tarde. Dá trabalho, mas modéstia a parte, é muito bom... e está sempre pode ser melhorado.
Além disso, ao fim das encenações, cabe a eles contarem o que aconteceu com o personagem depois da guerra (quem disse que a morte é um fim?), cada um tendo sua própria Odisseia.
Por fim, fechamos os trabalhos com a Eneida de Virgílio e a valorização da cultura e da espacialidade das cidades gregas no mundo romano.
Dessa forma, para os caminhos avaliativos, teremos: prova discursiva + odisseia de sua ou seu personagem; ou leitura de um livro e debate oral + odisseia de seu ou sua personagem; ou ainda, teatro + odisseia de sua ou seu personagem.
Tudo isso ainda precisa se articular aos projetos da escola, o que pretendo iniciar amanhã ao apresentar os meus projetos.
Bom... é isso... tava morrendo de saudade... https://youtu.be/GlFa2l7oFhk