segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Plano de aula para o 9o ano: História e Democracia, Educação e Cidadania


Salve salve pessoal,

Mais um ano de CEF 102 Norte pela frente. Preparando meu quarto ano na escola, cada vez com mais projetos, muitas experiências e sonhando possibilidades. Sejam mais que bem vindas para mais uma apresentação de plano de aula do 9o ano.
O ano de 2024 trouxe ainda mais aprendizagem, consegui realizar a ONHB (Olimpíada Nacional em História do Brasil) como sempre sonhei e ampliei para além do planejado a ONU Simulada. Se em 2022 só 1 equipe chegou à 4a fase, em 2023 foram 9 e em 2024 chegamos a 18 equipes na 4a fase. Além disso, 1 equipe fez história e chegou até a 6a fase (as maravilhosas Julia, Heloísa e Helena). Esse ano tenho grandes expectativas de irmos além. Sempre rumo ao infinito e além. 

Como já sinalizado acima, a proposta que apresento a seguir é de aulas para o 9o ano do ensino fundamental. 

O livro didático segue o História.Doc de Ronaldo Vainfas, Jorge Ferreira, Sheila Faria e Daniela Calainho. As atividades são muito interessantes, em especial, as de análises de documentos e fontes históricas. Há também uma proposta de condução narrativa muito interessante das histórias, que vem sempre acompanhada de biografias de sujeitos históricos, o que deixa os acontecimentos históricos mais sensíveis e compreensíveis.
O eixo estruturante do livro segue sendo tradicional, modelado pelo quadripartismo celebrativo das ideias europeias de civilização ocidental. Ainda que exista espaço no currículo para ir além disso (o que tento construir na minha prática por exemplo), os livros didáticos estão cada vez mais homogêneos e não escapam dessas matrizes conservadoras com roupagens mais ou menos "inovadoras". Sendo assim, na medida do possível, considero a melhor opção de livro. Aproveito para lembrar que sinto muita saudade de livros temáticos, como o antigo Projeto Velear que eu costumava trabalhar, mas sendo como for minha proposta e minha prática seguem sendo temáticas, fazendo o uso necessário e possível do material didáticoPortanto, o livro didático é um parceiro fundamental, mas está longe de ser o centro da proposta pedagógica.

No início de 2023, impactado pela tentativa de golpe de 8 de janeiro, estruturei um plano de aula articulado em todos os níveis a uma reflexão profunda sobre os (des)caminhos da sociedade brasileira. Sendo assim, preparei uma proposta de ensino-aprendizagem atenta ao tumultuado processo eleitoral de 2022, às tensões dos anos mais recentes do regime democrático no Brasil, bem como aos desgastantes anos da pandemia de COVID-19 e do governo Jair Bolsonaro. Indiquei que o ataque de terroristas aos prédios dos 3 poderes da República em 8 de janeiro de 2023 não era o ponto final do plano de aula ou um assunto referencial tão somente, mas sim o ponto de partida para (re)pensar a sociedade brasileira, a desigualdade que a marca e as condições de possibilidade de sua formação, bem como seu lugar no mundo contemporâneo. Proponho um diálogo desse momento com a ascensão do fascismo no período entre guerras, com o início da República após o golpe militar que encerrou o Império e outras situações da história dos séculos XX e XXI, Se conflitos como a Guerra na Ucrânia e o Genocídio palestino em Gaza atraem a atenção pelo seu peso midiático, também se faz necessário ampliar os olhares e sensibilidades para o estado permanente de conflitos em todo o mundo contemporâneo (Iêmen, Sudão do Sul, Síria), para a eleição de Donald Trump e o perdão aos invasores do capitólio (em contraste às punições aos criminosos no Brasil), a crise migratória e o papel desestabilizador das redes sociais e seus donos bilionários.

O eixo-temático aplicado ao 9o ano é História e Democracia, Educação e Cidadania. Tendo por base a experiência de 2023, reforço que minha proposta não é apenas apresentar um olhar etapista e apaziguador da consolidação de uma sociedade global pautada pelo imperialismo do pós-Grandes Guerras. Entendo também que o volume conteudista do currículo exige que escolhas e seleções sejam feitas para potencializar o debate e a construção de um olhar crítico dos saberes históricos.

Por isso, os 4 temas acima se articulam com objetivos claros:

- Apresentar a História como um saber articulado e articulante para a compreensão dos conflitos e cooperações contemporâneos.
Em um mundo de mudanças aceleradas, longe de encontrar tranquilidade através de certas histórias, minha ideia aqui é dar a ver e a ler as inquietações e questionamentos necessários para agir no mundo, onde o saber histórico é uma forma de dar sentido ao mundo e de perceber os sentidos que lhe são conferidos.
- Valorizar a Democracia como regime político, bem como historicizar sua existência enquanto ideia e enquanto prática.
Explorar seus limites, mas também sua potencialidade ao longo da estruturação da sociedade brasileira, bem como em outras sociedades. ao longo dos séculos XX e XXI. Entender, portanto, que a democracia não é algo dado ou pronto e que precisamos constantemente construí-la e ampliá-la.
- Refletir sobre a educação como instrumento para potencializar subjetividades, o desenvolvimento da autonomia e do espírito crítico.
Sob inspiração freiriana orientar as maneiras de ler o mundo e de os estudantes lerem a si mesmo. Isso articulado a uma análise atenta do processo de construção da escolarização como mecanismo de controle social e disciplinarização dos corpos como destaca Foucault.
- Formar sujeitos críticos e autônomos que entendam que a cidadania envolve direitos e deveres, ganha sentido enquanto ação e conquista.
Me parece importante ressaltar que mesmo a sala de aula sendo espaço para o encantamento das amizades, para o calor dos abraços fraternos e para os limites nas relações com os outros, ela é na base de tudo isso um microcosmo para a cidadania, ela é um palco para as representações das atrizes e atores que (re)definirão as possibilidades de nossa sociedade e de nossas culturas.

No 1o bimestre, além do debate sobre o encerramento do ano anterior, há um período de reapresentação, de debates sobre as experiências comuns e incomuns dos últimos tempos, sobre tantas histórias para além da sala de aula. O objetivo aqui é reavivar as conexões, realinhar discursos, traçar alguns diagnósticos, refletir sobre o espaço da escola em diferentes contextos. Isso permitirá sinalizar as possibilidades de ensino-aprendizagem para o novo ano, debater a culminância do ensino fundamental e a passagem para um "novo" (ou "novo novo" ou "sempre mais do mesmo") ensino médio, bem como discutir o cronograma e as trilhas avaliativas.
A ideia aqui é trabalhar com conteúdos que tratam da constituição de um Brasil republicano, que muda para permanecer o mesmo. Atentar para a busca por modernizar uma sociedade, inseri-la no "concerto das nações", ao mesmo tempo que manter sua estrutura socioeconômica (conflitos como os de Canudos e da Revolta da Vacina surgem aqui como exemplos profundos). Uma contradição diretamente relacionada ao mundo em que eclode a Grande Guerra Mundial, semeada pelo imperialismo e neocolonialismo. Um mundo que caminha aceleradamente para a destruição da guerra total, que oferece palco para o ódio dos fascismos e vê os ideais comunistas da Revolução Russa se associarem à realidade do pós-guerra. Através de cartas de soldados russos, alemães, ingleses e franceses propor a reflexão sobre o horror da guerra de trincheiras e da corrida armamentista das potências imperialistas. Acrescentarei cartas do sanitarista brasileiro Osvaldo Cruz, que escreve de Londres após breve passagem por Paris, quando eclodiu a guerra (esta carta terá um caráter articulante dos interesses do Brasil no conflito). As cartas trazem uma dimensão muito mais profunda do limite ao qual a sociedade pretensamente humanista orientada pelos ideais iluministas estava chegando. Isso permite também um olhar atento aos riscos de um pretenso desenvolvimentismo competitivo e tóxico, orientado por uma pretensão de dominar a sociedade global contemporânea, consumindo pessoas e recursos naturais no caminho.

Objetivos de aprendizagem do Currículo em Movimento da SEDF:

•Promover no aluno o interesse pelo conhecimento histórico, desenvolvendo a capacidade de perceber a historicidade de elementos presentes em nossa sociedade.
•Promover e capacitar no educando, potencialidades para a construção de seu conhecimento.
•Caracterizar o regime republicano federalista brasileiro; apontar semelhanças e diferenças entre Monarquia e República.
•Analisar a Primeira Guerra Mundial e suas consequências para o Brasil. 
•Caracterizar a Revolução Russa e principais teorias socialistas difundidas pelo movimento operário no mundo.
•Analisar crise do capitalismo liberal, surgimento de sistemas totalitários na Europa e políticas intervencionistas na economia. 
Indicações cinematográficas: O Arraial, 1917, Nada de Novo no Fronte, Nós que Aqui Estamos por Vós Esperamos.

A Olimpíada de História será preparada ao longo do 1o bimestre, tendo a culminância no início do 2o bimestre com as fases semanais. É um projeto consolidado há três ano e está no PPP da escola. Ano passado, como já mencionei, tivemos um sucesso absoluto, do jeito que eu sonhava. Foram 36 equipes, das quais 18 chegaram até a 4a fase e 1 equipe passou para a 6a fase, com um trabalho do qual me orgulho muito. Tenho sempre a meta de um dia chegar à final em Campinas, mas o principal pra mim é aumentar cada vez mais o número dos que vão até a 4a fase.
A preparação das equipes é a primeira trilha avaliativa, que irá compor com avaliação interdisciplinar da escola, o projeto COMVIVA, cujo tema esse ano mudou para a Crise Climática. Aqui as alunas realizam tanto um simulado com questões da 2a e 3a fase do ano anterior, como uma análise dissertativa de uma das questões para ampliar a reflexão.

Exemplo de carta de2024: fichas de personagens sérvios, cartas
e minha resposta (Maria Izabel 9C)

 
Exemplos de cartas de 2023: 7 cartas, fotos e resposta de uma
viúva japonesa (Olívia 9A) e o diário ilustrado, em alemão
(com a tradução) de um soldado alemão (Agdah 9D)
.
A segunda trilha avaliativa será o trabalho bimestral individual, que envolve uma produção de texto orientada. Nele as estudantes são convidadas a criar uma personagem envolvida com a Grande Guerra. Cada personagem vem de um país diferente já estabelecendo uma conexão com a ONU Simulada. Após pensar o personagem, escrevem uma carta com suas impressões do conflito. 
Ex. de carta de 2022: ficha de trabalho, carta de
3 pág. e resposta de enfermeira britânica presa
na Bélgica (Laura 9D)

Talvez essa tenha sido minha proposta mais exitosa em 2022, quando o trabalho foi realizado no 3o bimestre. Em 2023, com uma relação de aprendizagem maior com cada estudante houve ganhos significativos, muito embora certas particularidades do início do ano também tenham feito alguns trabalhos demorarem a ser executados. É importante destacar, que como acontece com o trabalho da avó, esse trabalho é obrigatório e pode ser corrigido quantas vezes a aluna quiser para deixá-lo mais denso e melhor pontuado.
Ex. carta de 2024:
Formato diário de uma 
mulher turca (Inaê 9A)




Além do rigor com os prazos para que a culminância do 3o bimestre não fique comprometida, irei realizar uma aula oficina esse ano sobre a realização dos trabalhos (inclusive expondo os trabalhos de 2022 a 2024). Para quem tiver interesse em conhecer mais sobre essa proposta avaliativa, gravei um vídeo sobre ele em 2023 e que está no meu canal do Youtube.
Ex. carta 2024: 7 cartas de família italiana, explicação
do enredo e minha resposta (Júlia 9D)













Ex. carta 2024: Carta francesa
e resposta (Isadora, 9B)
Ex. carta 2024: Fichas de personagens da Alemanha,
cartas, orientações e minha resposta (Ana Luiza, 9A)













Essa trilha é obrigatória e será responsável por metade da nota desse bimestre.



A terceira trilha avaliativa será uma prova bimestral dissertativa com consulta realizada em sala.

No 2o bimestre, para acomodar melhor os conteúdos ao início da Olimpíada de História, é necessário uma ênfase maior nas especificidades da história do Brasil. Nesse sentido, tratar do pacto oligárquico da República, da sociedade excludente e das tensões do pós-Grande Guerra e da crise econômica que abrem caminho para mais um golpe militar e a Era Vargas, que começa, se prolonga e termina com intervenções militares.
Penso aqui ainda em explorar análises das expressões do fascismo e do populismo em nossa sociedade, o banditismo do cangaço, o desenvolvimento dos sindicatos, partidos políticos e outros movimentos sociais como parte dos debates. Dessa forma, os objetivos de aprendizagem e os conteúdos serão estruturados em um constante diálogo com os acontecimentos atuais para pensar noções de polarização, radicalismo, nacionalismo e civilidade. Duas personagens ganham destaque e visibilidade nesse itinerário: Lampião, para pensar a questão do cangaço, referência para os problemas atuais da violência e exclusão social; Antonieta de Barros, para pensar a participação política de grupos tradicionalmente excluídos e minoritários do ponto de vista do poder político, refletindo também sobre suas conquistas e resistências atualmente.

Objetivos de aprendizagem do Currículo em Movimento da SEDF:
•Indicar formas de resistência e organização de operários do início do século XX e da atualidade. Relacioná-las com concorrentes ideológicas do respectivo momento histórico.
•Compreender sistema de dominação oligárquica, efetivado através de coronelismo, política de governadores e política do café com leite; identificar permanências dessas práticas políticas na atualidade. 
•Apontar razões e origens de movimentos populares rurais e urbanos do período, traçando paralelo com movimentos populares da atualidade; Analisar o caráter da religiosidade popular no Brasil. (Adaptada)
•Identificar origens de novos grupos sociais essencialmente urbanos; relacionar a busca de uma identidade nacional com movimentos culturais da década de 1920; contextualizar o papel da mulher na sociedade do século XX; descrever a situação do negro na sociedade brasileira após a abolição. 
•Caracterizar em períodos do governo Vargas trabalhismo, nacionalismo e autoritarismo.
Indicações cinematográficas: Libertários, Baile Perfumado, Guerras do Brasil.doc (episódio 4), Vidas Secas.


A primeira trilha avaliativa será a 17a ONHB, realizada em grupos de 3 estudantes e pontuada de acordo com os debates e o avançar das equipes ao longo das fases. A experiência dos anos anteriores foi muito rica e sempre pode ser melhorada.
Passeio
Houve um prêmio para as equipes que mais avançaram: um passeio pela Quadra Modelo da SQS 308 em 2023. Em 2024 só consegui premiar a equipe que chegou à 6a fase com um livro para cada estudante. Inclui no projeto do PPP a premiação pelo passeio para ficar garantida às equipes que chegarem até a 4a fase.
A sala de aula inovadora, os tablets recém adquiridos pela escola com verba do Ministério Público e a nova rede de internet se provaram fundamentais para o pleno desenvolvimento das atividades propostas. Esse ano o projeto acrescenta as aulas de PD3 para haver mais tempo de debate e de dedicação à prova. A sinergia com a equipe da escola, que já entendeu a dinâmica da olimpíada também é uma contribuição fundamental. Sou imensamente grato a todas as pessoas que ajudam.
No ano passado, quando estavam no 8o ano, as estudantes tiveram a oportunidade de fazer um "simulado" da 1a fase da ONHB 15. Eu também inclui nos dois últimos bimestres as transcrições de documentos para melhorar a preparação para a tarefa da 4a fase, que tem sido nosso ponto de corte. Isso foi uma alteração feita no planejamento, que nunca é fixo, após o resultado da 15a ONHB.
Dessa forma, acredito que não é apenas o "vencer" as fases da ONHB, mas a trajetória de crescimento paralela a ela que merece destaque aqui. A realização da prova é a culminância de um extenso processo de ensino-aprendizagem.

Essa trilha é obrigatória e será responsável por metade da nota desse bimestre.

A segunda trilha avaliativa será um relato de experiência sobre o processo de aprendizagem durante a ONHB além da análise de uma questão escolhida por cada estudante. Funcionará como produção de texto e seguirá os parâmetros costumeiros (mínimo de linhas, formatação), mas sem a opção de correção. Essa avaliação irá compor com a avaliação interdisciplinar da escola (violência contra a mulher).

A terceira trilha avaliativa
 será uma prova bimestral dissertativa com consulta realizada em sala.

A quarta trilha avaliativa, relacionada ao projeto do Clube do Livro, será a leitura, fichamento e discussão do livro A Revolução dos Bichos de George Orwell. A ideia é integrar o debate às discussões sobre Revolução Russa, Fascismos, Humanismos, Guerra Civil Espanhola e à questão ambiental. Nos últimos anos, a própria trajetória intelectual de Orwell foi interessante para as análises em sala, mesmo para quem não leu o livro. Os debates foram excelentes.

Para o 3o bimestre, o plano é trabalhar a Segunda Guerra Mundial, a criação da ONU, a chamada Guerra Fria, as independências da África e da Ásia, ou seja, a articulação de uma ordem global ainda marcada pelas disputas imperialistas, pelas heranças coloniais e pela desigualdade gritante do mundo contemporâneo. A ideia de dar mais peso e importância para a ONU Simulada como palco para o debate dos temas a serem tratados foi um SUPER sucesso que acabou ganhando vida própria em 2024. E esse ano vamos além.
A proposta continua sendo ampliar os debates para reordenar as aproximações e tensões de um mundo que parece dado, mas é sempre construído e narrado. O diálogo direto com o genocídio israelense em Gaza (além das invasões ao Líbano e à Síria) ganha um peso enorme para as reflexões, assim como o conflito da Guerra da Ucrânia, as tensões entre EUA e China, o protagonismo do Brasil na agenda ambiental com a COP30 e a regulamentação das redes sociais e da inteligência artificial.

Objetivos de aprendizagem do Currículo em Movimento da SEDF:

•Compreender a Segunda Guerra Mundial, dentro do contexto de expansionismo nazista; analisar impacto e consequências desse grande conflito sob aspectos sociais, éticos e culturais; explicar o imperialismo norte- americano e suas consequências para o Brasil e América Latina. 
•Compreender o mundo pós-guerra; analisar o surgimento de novas organizações políticas mundiais no contexto conhecido como “Guerra Fria”; relacionar essas novas organizações com a bipartição de eixos políticos, seus conflitos e alinhamentos.
-Descrever impacto do avanço tecnológico e científico em relações de trabalho e de comportamento, das sociedades no período; Pensar a importância das pautas climáticas nas últimas décadas, principalmente a partir das crises do petróleo. (ADAPTADA)
•Caracterizar a queda de sistemas socialistas da Europa do Leste, relacionando com o processo de globalização.
-Analisar os aspectos relacionados ao fenômeno do terrorismo na contemporaneidade, incluindo os movimentos migratórios e os choques entre diferentes grupos e culturais.
Indicações cinematográficas: Segunda Guerra Mundial em Cores (episódio 6), Você já foi à Bahia

ONU Simulada 9B em 2023
A primeira trilha avaliativa não será formada por pequenos grupos, como no caso da ONHB, mas por toda a turma, que será uma equipe integrada de debate em uma "simulação da ONU". Em 2022 descobri que existe um amplo e integrado projeto de simulações da ONU (vinculado a um programa das próprias Nações Unidas) e em 2023 li e me informei sobre a proposta. Além de ser voltado para o Ensino Médio, o projeto possui muitas nuances burocráticas e formais, que sinceramente não são o foco do meu interesse. Sendo assim, optei por aplicá-lo de forma mais livre, personalizada e orientado para as assembleias entre representantes dos países. Nesse caso, as estudantes são representantes do mesmo país da carta da Grande Guerra do 1o bimestre.
ONU Simulada no 9o D em 2024
O resultado de 2023, ainda melhor que o de 2022, com as escolhas mostrando-se em sua maioria acertadas. Mas 2024 foi além de todas as minhas expectativas. O impacto dos debates na aprendizagem das estudantes foi muito além de qualquer previsão minha, ao ponto de reconfigurar todo meu planejamento para o 4o bimestre. Agora, como acontece com a ONHB, a ONU Simulada domina um par de bimestres e eu já começo a preparar alunas e alunos ao longo do 8o ano.
ONU Simulada no 9o A em 2024
Desde a reordenação do mapeamento para os debates e a cooperação para organização das assembleias até o engajamento e representação das debatedoras e debatedores, posso garantir que em todas as turmas tivemos experiências incríveis. A ONU Simulada foi uma revolução no nosso processo de ensino-aprendizagem.
As aulas realmente passaram a ser estruturadas por todas e todos como problemas para debate, para reflexão e tomada de decisões coletivas. Um laboratório de cidadania e democracia. Atualmente, acredito que é possível melhorar ainda mais com orientação na organização e preparação prévia das falas. 
ONU Simulada no 9o B em 2024
Por isso, a metodologia ativa implementada se distancia do modelo inicial do projeto oficial da ONU, mas continua a ser uma experiência transformadora e diferenciada. Se o foco não está nos detalhes da burocracia institucional, há redobrado interesse na importância de fóruns multilaterais como espaços de diálogo e cooperação para superação de divergências e valorização da diversidade. Não só entender o momento histórico da constituição desses espaços, mas pensar o próprio mundo contemporâneo a partir desses espaços e de sua orientação de resolução de conflitos.

A segunda trilha avaliativa é uma produção de texto individual orientada pela ONU Simulada. Cada estudante deverá produzir uma ata da reunião de um de nossos debates na Assembleia Geral simulada. Além disso, essa trilha ira compor com a avaliação interdisciplinar da escola (Feira das Nações).



A terceira trilha avaliativa
 será uma prova bimestral dissertativa com consulta realizada em sala. Essa trilha é obrigatória e será responsável por metade da nota desse bimestre.


A quarta trilha avaliativa, relacionada ao projeto do Clube do Livro, será a leitura, fichamento e discussão do livro MAUS de Art Spielgeman. A ideia é integrar o debate às discussões sobre a Segunda Guerra Mundial, o mundo do Pós-Guerra, Memória, Negacionismo e Reparações. Ano passado, mais uma vez, os debates beiraram o sublime. 32 estudantes debateram o livro comigo, assim como colegas professoras que enriqueceram e muito o processo de ensino-aprendizagem envolvido. É um orgulho muito grande que tenho dessa escolha por uma avaliação tão diferenciada, mas cujos resultados transcendem as possibilidades de qualquer educação formal. Nos últimos 3 anos, mais de 70 estudantes leram e debateram o livro (fora as professoras) e essa ano passaremos de uma centena com certeza. Com o incomensurável acréscimo da leitura que já comecei a faz de MetaMaus, obra comemorativa pelos 30 anos da publicação de Maus.

O 4o bimestre é sempre mais corrido, ainda mais quando se trata de turmas de 9o ano por conta da formatura. Sendo assim, já tenho por praxe adotar uma flexibilização maior. Nesse sentido, a definição dos objetivos e dos conteúdos tende a requerer mais paciência na forma de serem trabalhados, sendo mais importante articulá-los à tudo que já foi trabalhado. 
Em 2023, minha ideia era relacionar as trilhas avaliativas de modo a otimizar o tempo para todas e todos. A figura de Carolina Maria de Jesus ganhou papel de destaque e o teatro com as turmas foi um sucesso retumbante. No entanto, assim como com as turmas de 8o ano, percebi a necessidade de antecipar a leitura do livro a ser trabalhado.
Em 2024, em meio aos debates da ONU Simulada, tive uma ideia louca e todo mundo amou. A SUPER ONU Simulada com as 4 turmas de 9o ao mesmo tempo. Foi transcendental de maravilhoso. Esse ano com a experiência acumulada, vamos conseguir organizar melhor e ampliar ainda mais seu alcance.
O desafio é lidar com o tempo para conseguir cuidar da articulação com as trajetórias das avós e avôs das estudantes, que foram biografadas por elas no trabalho do 1o bimestre do ano anterior, com a construção de Brasília e da escola CEF 102 Norte, o que não consegui fazer como gosto ano passado. De forma articulada aos movimentos sociais e à luta das minorias, às migrações contemporâneas, ao poder do narcotráfico na América Latina (Equador e Rio de Janeiro), refletir sobre o curto período democrático pós-Vargas, a Ditadura Militar, a redemocratização e todas as tensões flagrantes que marcam a sociedade brasileira, em especial, quanto à fome, ao racismo e aos direitos das minorias a partir da Constituição Cidadã de 1988. Constituição essa tão duramente atacada nos últimos anos, mas que segue regendo os caminhos de nossa sociedade.
Importante destacar que não há trilha avaliativa obrigatória nesse bimestre.

Objetivos de aprendizagem do Currículo em Movimento da SEDF:

•Relacionar industrialização brasileira, abertura para o capital estrangeiro a partir da década de 1950, com o processo de urbanização e consequente êxodo rural; avaliar a importância da criação de Brasília, nesse contexto, como fator de desenvolvimento, urbanização e integração do Centro-Oeste do país. 
•Identificar características de governos populistas no Brasil de 1945 a 1964 e comparar com práticas políticas da atualidade; compreender a estrutura democrática do período e razões de sua queda em 1964.
•Interpretar o contexto histórico de experiências autoritárias da América Latina; analisar a instauração de regime militar no Brasil e na América Latina, calcado na supressão de direitos políticos e civis e no intervencionismo estatal na economia; identificar importância da liberdade de expressão e de garantias individuais do cidadão como fundamentos da sociedade democrática. 
•Compreender a participação de movimentos sociais no processo de redemocratização da América Latina, dando ênfase à “Nova República” brasileira com a culminância da promulgação da Constituição de 1988. 
•Identificar reivindicações de grupos minoritários; analisar a temática indígena e negra na atualidade; discutir a situação do adolescente, analisando o Estatuto da Criança e do Adolescente como regulamentador da questão.
Indicações cinematográficas: Cabra Marcado Para Morrer, Brasília Contradições de Uma Cidade Nova, Tropicália, Brasil em Constituição.

A primeira linha avaliativa será a SUPER ONU Simulada, um debate com as 4 turmas simultaneamente. No início do bimestre há uma adequação dos países, para isso realizamos a troca dos países repetidos com base no desempenho ao longo dos debates do 3o bimestre. Isso amplia a diversidade da Assembleia Geral e demanda ensaios prévios, além de uma troca intensa entre as turmas. A culminância se dá ao longo de uma manhã toda no pátio da escola. Com o devido planejamento e organização acredito que é possível ir além mais uma vez.

A segunda trilha avaliativa consistirá de um trabalho individual de articulação das histórias de vida das avós realizados pelas alunas e alunos quando estavam no 8o ano. Os trabalhos antigos serão reapresentados às estudantes, que devem articulá-los à história da sociedade brasileira no período de vida daquela avó. Há um roteiro para orientação da análise, bem como uma aula expositiva em que articulo a história de meus avós paternos à história brasileira no século XX.

A terceira trilha avaliativa será uma prova bimestral dissertativa com consulta realizada em casa.

A quarta trilha avaliativa, relacionada ao projeto do Clube do Livro, será a leitura, fichamento e discussão do livro Quarto de Despejo de Carolina Maria de Jesus. A ideia é integrar o debate às discussões sobre a história da sociedade brasileira em diálogo como as lutas, as resistências e as narrativas da autora, uma mulher negra que escreve tudo em seu diário. Esse é mais um livro que vai para o terceiro ano de aplicação e que teve debates magníficos ano passado. É uma leitura inescapável do âmago do Brasil na minha opinião e tem se mostrado muito eficaz em ampliar os olhares de minhas educandas e educandos.

Nesse bimestre, como indicado anteriormente, não há uma trilha que seja obrigatória. As alunas e alunos são livres para escolher e agir como acharem mais interessante.
Termino deixando esse abraço eterno que recebi.




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