segunda-feira, 12 de março de 2012

Greve e a 5a semana




Na semana passada, houve uma assembléia dos professores do DF, onde 12 mil presentes decidiram por uma greve que vinha se anunciando desde o ano passado. O governo vacilante de Agnelo evitou o diálogo e, por fim, pediu paciência aos professores quanto ao cumprimento de promessas (assinadas no Sinpro) de campanha e do acordo do ano passado. As mancadas do governo vem se sucedendo em diversas áreas, mas a educação vem sofrendo com muitos descasos.
O caso mais emblemático, na minha opinião foi o das bicicletas doadas a alunos da Rede Pública do Recanto das Emas. As bicicletas foram recolhidas e tudo não passou de marketing governamental. Somam-se a isso salas mais cheias, encerramento de projetos, aumento no número de professores temporários, baixo investimento (4% do PIB local e 21% do Fundo Constitucional). A herança pode ser maldita, mas a inoperância tem sido uma constância. Não concordo com o "está mudando" do slogan marqueteiro, muito menos com o "pra melhor".
Os professores lutam não por um simples aumento salarial, mas por um plano de carreira e um plano de saúde, além do devido interesse pela educação. O candidato Agnelo se comprometeu a equiparar o salário dos professores à média das profissões de nível superior do GDF, hoje estamos na 23a posição.
A vitória representada pelo piso salarial nacional para professores foi uma conquista, assim como sua confirmação pelo STF. Entretanto, apenas 4 estados cumprem a lei totalmente: SP, RJ, DF e AM.
Hoje, na assembléia regional do Recanto das Emas, cerca de 70 professores de diversas escolas trocaram relatos e começaram a trabalhar essa greve. Agora lá vamos nós, que temos que endurecer, mas sem perder a ternura jamais. Amanhã irei à sala de aula informar meus alunos, meus colegas e a comunidade de minha posição política, pois toda posição o é.

Fora a greve, na semana passada aconteceram de interessante uma excelente reunião com os pais dos alunos. Pude ver e rever muita gente preocupada com a educação dos filhos. Eu acredito nessa pareceria como fundamental e tenho encontrado grandes aliados nesse processo.
Nas turmas de 6o ano, após um trabalho de interpretação individual e em grupo de textos biográficos (Pablo Picasso) e autobiográficos (Vilma dos Santos e Napiku Ikpeng), estamos corrigindo esmiuçadamente as respostas. Minha ênfase nos erros de português (letras maiúsculas no início de frases, concordância, porque junto e separado, mas e mais, pra citar apenas os mais recorrentes) é intensa.
Nas turmas de 8o ano,devolvi as histórias de vida, discutindo individualmente o texto com cada um dos alunos, como uma pequena orientação. Nos próprios trabalhos, deixei minhas principais impressões por escrito, além da correção dos erros de português. Não coloquei nenhuma nota, o que causou estranhamento para eles. Devido ao grande número de alunos, passei uma atividade para a turma, enquanto chamava-os um a um até minha mesa, o que necessitou de duas aulas. Feito isso, iniciei a discussão do processo de colonização brasileiro para balizar o problema da terra e da propriedade.


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