Salve pessoas, desculpem o sumiço, mas a correria tá grande com a seleção do doutorado, o fim de ano, festejos e planejamentos. O 4o bimestre já vai bem adiantado e muitas das propostas vão chegando ao fim do processo. Nas turmas de 6o ano, estamos estudando o mito da Guerra de Tróia, adaptado a partir de texto de Jean Pierre Vernant no livro O Universo, Os Deuses, OS Homens. Esse mito é explorado de forma mais densa que os anteriores, havendo um especial interesse pelo herói como modelo ideal do homem grego. Outros aspectos são a relação mito e história, a relação ocidente e oriente e o ideal da Grécia como "berço da civilização ocidental".
Para deixar tudo mais interessante, os estudantes são convidados a teatralizar o mito. Cada um deles recebe um personagem: Aquiles, Ulisses, Heitor, Helena, Zeus, etc. Durante a narração do mito são responsáveis por interpretar o personagem, escolher o que ele falará, combater como ele, discutir com os demais. Na prática, estamos jogando rpg (role playing game), que é um jogo de interpretar papéis. Em cada uma das turmas há uma vivência única do mito e de seus personagens. Os interesses do estudante se confundem comos interesses do personagem. A molecada pira. As crianças tem oportunidade de gastar energia, usarem a agitação que as povoa, ao mesmo tempo que lidam com temas e conteúdos históricos.
Num segundo momento, ao final do mito, eles são convidados a escrever o que aconteceu com o seu personagem depois da Guerra de Tróia, como acontece com a Odisséia de Homero sobre Ulisses. Esse é o trabalho bimestral, que vale 5 pontos e tem que ter no mínimo 90 linhas (ele é famoso por isso). Além de trabalhar a criatividade e a produção do texto, isso se articula com o próximo e último mito a ser trabalhado: A Eneida de Virgílio para explorar o mundo romano. Da mesma forma que a Odisséia falava sobre o mundo grego, o trabalho dos estudantes fala sobre o mundo deles.
Nas turmas de 8o ano, nós estamos lendo o livro Os Sertões do Euclides da Cunha paralelamente à discussão da formação da nacionalidade brasileira. Ainda tendo por eixo-temático a questão da terra e propriedade, a análise de conteúdos de recorte político tradicional como o processo de independência, o primeiro reinado, a regência e o segundo reinado, dão lugar a uma análise das revoltas e lutas em torna da formação da nação, não só do Estado. Essa análise culmina com o conflito de Canudos. Então, nada melhor que ler a obra-prima de Euclides da Cunha.
No entanto, o livro é extremamente denso e rebuscado, me obrigando a acompanhar mais diretamente a leitura dos educando. Senti necessidade de passar minha leitura prévia com eles, além de realizar atividades de leitura. Mostrei a eles a importância de sublinhar as partes mais importantes, lembrei de procurarem significados das palavras que não entendiam, a fazer anotações sinteses para facilitar leituras posteriores e incentivei que buscassem resumos e resenhas para complementar a leitura. Por enquanto está andando bem.
No fim, o que mais se precisa, o que os estudantes (todos nós) precisam é ler e escrever.. e alguém para corrigir e orientar. E se divertir.. é claro.
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