terça-feira, 7 de maio de 2013

Currículo em movimento: uma questão de perspectiva



Salve salve pessoas.. eu não sou muito de desistir das coisas, mas hoje eu desisti de participar do processo de discussão e "reformulação" do currículo promovido pela secretaria de educação do DF, no meu caso, na Coordenação de Ensino do Recanto das Emas. Desisti por não concordar, ou melhor, por não ver possibilidade de discordância. Não há um processo de discussão do currículo. Há apenas a burocracia para legitimar um processo que é tido com necessário, mas cujos agentes não estão interessados.
Tentarei ser mais claro. Não me parece que a maioria dos professores esteja interessada na modificação do currículo. Currículo aqui entendido quase que totalmente como conteúdos.
Se você tem pouca leitura sobre currículo, te indico o Tomaz Tadeu Silva pra você começar... mas saiba desde já que currículo é muito mais que uma seleção de conteúdos. Minha e meu querid@, currículo é poder.
A secretaria de educação entende que são necessários 64 professores (4 por área, metade de cada turno) para conferir a legitimidade dessa reformulação. Haviam 15 professores no encontro. Todos recebendo fichas e um modelo impresso dos conteúdos que deveriam ou não ser suprimidos, acrescentados ou alterados.
Nada de debates conceituais. Nada sobre estratégias de ensino. Nada sobre legislação de ensino. Nada sobre cultura escolar. Só marque C para os certos e E para os errados. Para no fim, nossos belos nomes conferirem uma legitimidade vazia para mais um documento artificial que tenta enquadrar a realidade. Não tô nessa para aceitar pré-histórias, origens e progressos luminosos.
Não quis ser herói. Só não tava com saco pra isso. Tive um dia difícil, onde eu conversei com vários seres humanos sobre os rumos de suas vidas. Onde eu dei minhas aulas, transferi estudantes de turma, me decepcionei com alguns fujões, entre outras coisas.
Também não estou colocando a culpa nos agentes.. aprendi com um grande amigo há muito tempo a sair do mundo da culpa.. nunca ajuda em nada. Sei que não é o processo que deveria (ou que se proporia) a ser. Para mim, está muito mais vinculado ao mesmo processo disciplinador, homogeneizante e acrítico que vem desde os princípios da escolarização. Mais do mesmo.. sempre mais do mesmo ensino bancário. Simples assim.


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