quarta-feira, 14 de agosto de 2013

África, viagens e sala de aula


Salve pessoas, acabei de retornar da África do Sul e Namíbia recheado de experiências únicas e vivências diferenciadas. Como tudo que me acontece, vem ressoar na sala de aula o eco desses passos. Preparei um conjunto de 51 imagens produzidas durante a jornada que não só dão a ler um pouco da minha experiência, como também são capazes de suscitar a reflexão, tanto com as turmas de 6o ano quanto de 8o ano.
A sala de aula deve ser um espaço multiplicador de vivências, bem como uma janela ampla para olhares diversos. O continente africano é enormemente silenciado durante nossa formação, sendo tratado na maioria das vezes através de generalizações simplistas ou estereótipos ultrapassados. Somos acostumados a olhar para um vasto continente com pena pela sua miséria, pelo seu atraso. A viagem teve um grande impacto em mim nesse sentido, por me permitir ver algumas especificidades que conformam esse caleidoscópio que classificamos como Africa. Tentei transmitir esse impacto e refletir sobre as razões do poder hegemônico de tais ranços. Entendo que não é apenas uma questão de incluir histórias africanas, como já é exigido por lei (10.639/03), pois isso redunda no mesmo conteudismo de sempre. A questão é muito mais desconstruir essa África que nos é imposta todo o tempo, refletir sobre as razões de sua permanência e experimentar novas possibilidades de historicizar a cultura e as vivências de um continente tão próximo e tão diverso. Eu percebi diálogos íntimos e diferenças significativas entre os dois lados desse mundo atlântico. Que elemento interessante para a discussão da ideia de nação com estudantes de 8o ano, um país com 11 idiomas oficiais, por exemplo.
Algumas questões se destacaram na conversa: a relação homem e natureza; as heranças do apartheid; sítios arqueológicos e evolução do ser humano; a importância de viajar e as grandes navegações; nação e diversidade sul-africana.
Viajar é preciso, já dizia o Pessoa. Refletir também. Trocar experiências ainda mais. A sala de aula é um mundo e o mundo tem que ser a nossa sala de aula.







2 comentários:

Carrijo disse...

Muito bacana seu olhar sobre a África e sobre a sala de aula. Grata por compartilhar. Imagino o quão incrível deve ter sido vivenciar essas cenas das fotos. Imagino quão incrível será a devolutiva que os estudantes darão às suas aulas que tratarem desse assunto. Walter Benjamim me ensinou que é no compartilhamento das experiências que configuramos possibilidades de sentidos para existência humana. Sem dúvidas a sala de aula pode ser esse espaço. Parabéns por fazê-lo nessa via. Para colaborar com suas reflexões sobre a África, sugiro Mia Couto, autor Moçambicano. Em especial seu texto "Sete sapatos sujos"*. Ele toca em feridas que servem não só para nossos irmãos africanos, mas para brasileiros e demais sociedades que desejam revisitar o sentido de "sujeito históricos" dentro da própria história. Um grande abraço e força na caminhada. Elizângela ;)
* Texto: http://www.macua.org/miacouto/MiaCoutoISCTEM2005.htm

Unknown disse...

Muito legal professor achei muito legal aonde vc. Já foi