quarta-feira, 13 de março de 2013

Projeto Político Pedagógico


A maioria das pessoas que eu conheci até hoje tem horror a essas três palavrinhas. Acho que só perdem pra "fazer uma dinâmica". A palavra política costuma pagar o preço de um de seus sentidos. Isso prejudica a percepção da microfísica do poder. Todas as escolas precisam de um, a maioria apresenta algum, mas poucas realmente tem isso. Mas todo professor ao longo da vida, quer queira ou não, constrói um projeto político pedagógico.. como vai o seu?
Hoje, a regional de ensino convocou os professores para uma discussão dos ciclos. Mais uma vez, um mar de resistência contra a determinação de uma vontade. Parece com muita sala de aula que eu conheço. Fato é que os ciclos vem aí e como eu já comentei sobre isso em outro dia, vou ir além nesta postagem. A questão agora é: devemos lamentar ou fazer disso uma oportunidade?
Que a seriação tá falida, todos sabem, embora muita gente abrace e chore pelo defunto. No entanto, não deve ser apagada, pelo contrário, muito melhor se relida, pois nada se cria, nada se destrói, tudo se transforma, já diria Lavoisier. Em uma escola como a minha, dos anos finais do ensino fundamental (6o ao 9o ano), não é o caso de reter estudante de 16 e até 17 anos nas primeiras etapas do processo. A idade é um fator fundamental no desenvolvimento físico e mental desses adolescentes. Muitas vezes a retenção excessiva apenas transforma as dificuldades iniciais em uma bola de neve.
Talvez seja o caso de encaminhá-lo por uma trajetória mais de acordo com seus interesses e suas vontades. Isso também elimina procedimentos arriscados como os programas de aceleração. O ideal é que cada caso fosse um caso. Mas já que não é possível, dá pra agrupar algumas questões. Questões como desenvolvimento cognitivo, disciplina, interesse, sociabilidade, questões familiares tem que ser levados em consideração na montagem das turmas a cada ano.
Para garantir a qualidade do processo, não é ao estudante que sobrará a responsabilidade de fazer as atividades. Para tanto, é preciso um trabalho articulado dos professores. Não falo apenas na famosa interdisciplinariedade.. falo de coleguismo, conhecer o trabalho de quem trabalha com você. Não é preciso intervenção, mas confiança e conhecimento daquilo que se dá ao lado, para que não passe ao largo, pois logo pontes irão surgir.
Eu posso citar o exemplo das professoras da minha escola com quem já trabalho há 4 anos e em cujas práticas eu confio imensamente. Pelos anos de trabalho, conheço um tanto dos projetos políticos pedagógicos que elas praticam todo dia e tento me solidarizar com eles em tudo que posso. Confio nos julgamentos e muitas vezes recorro a elas para perceber melhor algum educando. "Nunca se vence uma guerra lutando sozinho" já dizia Raul Seixas.
Mais do que palavras no papel, um Projeto Político Pedagógico é um conjunto de práticas. É o resultado do diálogo e da vontade de sair do sempre mais do mesmo. Mudar não por não estar dando certo, mas porque mudar é preciso (e na minha opinião não deu certo antes).

"Sonho que se sonha só
É só um sonho que se sonha só
Mas sonho que se sonha junto
É realidade"

Bertold Brecht

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