terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Primeiros dias de aula...




Salve salve pessoas.. o ano começou e está desde já bem puxado. Algumas dificuldades extras foram causadas pela mudança do sistema operacional dos computadores da secretaria de educação, que não importou os dados ou foi interligado ao sistema antigo. Assim, a secretaria da escola ficou sobrecarregada. Além disso, eu inventei de cuidar de todas as transferências de turma para manter o sistema de montagem de turmas organizado. O fato de haverem turmas de 8o e 9o ano em ambos os turnos transformou isso numa tarefa hercúlea, pois a imensa maioria perefere estudar pela manhã.
Mesmo com essa trabalheira extra, consegui entrar em todas as turmas e dar início ao processo de conhecer os educandos. Quando eu era estudante, eu sempre preferia que os professores não passassem conteúdo no primeiro dia de aula. Eu queria saber quem eram os professores, reencontrar os colegas, contar as histórias das férias. Talvez remontando a essa experiência pessoal, eu não passo conteúdo no primeiro dia, pra mim o primeiro dia é o dia da apresentação.
O dia da apresentação abrange duas coisas na verdade: a minha apresentação enquanto professor e a apresentação das regras do jogo.
Nesse ano, tenho 7 tuemas de 6o ano, além de 3 de 8o ano. Quanto aos 6os anos, nesse momento inicial, as notícias são recebidas por dois públicos: os vindos do 5o ano (de outra escola) e os repetentes (dentro dos quais se destaca o grupo vindo do Programa de Aceleração e que não progrediram um ano sequer). A maior parte dos alunos vem do CEF 510 do Recanto das Emas. Ano passado, nós desenvolvemos um projeto com a orientadora Amarilis, onde os alunos tiveram a oportunidade de visitar o CEF 308, assim como eu fui dar duas palestras no 510 sobre o funcionamento da minha escola.
Para começar, explico para as turmas de 6o ano como se dará a avaliação ao longo dos bimestres. Também discuto os objetivos dessa avaliação assim dividida: prova 5,0 pontos; trabalhos 3,0 pontos; caderno 1,0 ponto, comportamento / participação 1,0 ponto. Para as turmas de 8o ano, o sistema é o mesmo, mas apenas no 1o bimestre. Do 2o bimestre em diante, são 5,0 pontos da prova e 5,0 pontos do traabalho. 
A prova é difícil, pois pra mim tem que ser difícil. Ela é dissertativa, com textos para interpretação, é permitido o uso do dicionário e são descontados pontos pelos erros de português. A prova é um desafio para o estudante expor o conhecimento construído, bem como um teste de sua leitura, interpretação de texto e escrita. As turmas de 8o ano realizam a prova com consulta ao livro e ao caderno. 
O trabalho vai no sentido contrário. Apesar de valer menos pontos, ele pode ser feito e refeito quantas vezes se julgar necessário, pois o objetivo é o desenvolvimento da aprendizagem do educando. Aqui, a ideia é mostrar para os jovens que se eles correrem atrás, se dedicarem, aprenderem com os próprios erros, eles irão desenvolver um bom trabalho. O problema não é o erro, é parar quando ele acontece. O erro é só o início do trabalho. O erro é um sinal, um sintoma, não um problema. É a partir do erro que todo conhecimento se desenvolve. Não devemos temer o medo, nem construir esse temor no estudante.
Quanto ao caderno, o principal objetivo é motivar os estudantes a copiar a matéria do quadro, motivá-los a organizarem o próprio espaço, a terem disciplina e para que melhorem a escrita. No 8o ano, apesar de dar o ponto inicialmente, a ideia é mostrar que organizar o próprio conhecimento mais que uma obrigação, é uma responsabilidade no intuito de fazer uma boa prova.
O ponto de comportamento é um puro mecanismo disciplinador. Advertências, suspensões causam a perda desses pontos. Nessa faixa etária, ele dá uma margem de atuação sobre as notas, permitindo tanto ajudar estudantes comportados, quanto "enquadrar" os indisciplinados. Com os adolescentes do 8o ano, a questão da disciplina tem que ser trabalhada mais diretamente, buscando consolidar a maturidade dos educandos.
Sobre o que chamo de regras do jogo, isso passa por uma conversa sobre interesse. A questão aqui é mostrar aos sujeitos que não existe aprendizagem, se não existe vontade. Conhecimento é muito mais o refletir do que armazenar conteúdos. Não adianta o mundo se mobilizar por alguém que não está interessado na ajuda. Eu cito dois exemplos: o da Débora, uma estudante que iniciou o 6o ano analfabeta e conseguiu se alfabetizar até o fim do ano por querer; o da Adriana, outra estudante que também iniciou o 6o ano analfabeta e mesmo com apoio dos professores, do Soe e da equipe da escola, por não querer, continuou como estava no começo do ano. Essa conversa é articulada com a importância da.preservação do patrimônio, dos direitos e deveres dos estudantes e da convivência social.

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