quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Plano de Aula para o 8o ano: Terra e Propriedade, Conflitos e Desigualdades

 


Salve salve pessoas, continuando com meu planejamento para ano de 2024, vamos para as turmas de 8o ano.

A proposta que apresento a seguir é de aulas para o 8o ano do ensino fundamental

O livro didático com que trabalharei mudou (êêêêê😍) e foi selecionado também por mim para os próximos 4 anos. História.Doc de Ronaldo Vainfas, Jorge Ferreira, Sheila Faria e Daniela Calainho. A análise do livro aparece no planejamento do 9o ano. 

O eixo-temático proposto para o 8o ano é Terra e Propriedade: Conflitos e Desigualdades. Essa escolha é tributária do meu trabalho ao longo dos anos com o material didático produzido pela professora Conceição Cabrini e outras autoras (História Temática e depois Projeto Velear). A experiência do ano passado teve algumas práticas exitosas e outras que pouco avançaram, em especial por conta da greve em maio. A organização da preparação para a Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB) cresceu e me deixa animado para os desdobramentos esse ano. O teatro de Hibisco Roxo de Chimamanda Adichie e os debates dos livros foram outras propostas que se concretizaram muito bem. O desenvolvimento de alguns conteúdos e objetivos de aprendizagem no 4o bimestre ficou aquém do desejado, o que impactou no planejamento do 9o ano de 2024 e me serve de referência para as escolhas no presente ano.
Também aqui as experiências impactantes entre as eleições de 2022 e a tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023 são referencias orientadoras para as reflexões propostas. Analisar os conflitos e desigualdades gritantes de nossa sociedade, perceber o peso da violência ininterrupta no engendramento do pacto social ao abordar temas como a escravidão de indígenas e negros. Ao abordar o extermínio físico e cultural dos povos constituintes da nossa sociedade, conferir visibilidade às suas táticas e estratégicas na luta por existir e reordenar suas vivências e o mundo. Isso me parece não só uma possibilidade fértil, mas também moral e eticamente obrigatórias. Um caso explícito de tudo isso, proposto na ONHB do ano passado, trabalhado com magníficos desdobramentos em 2023, por exemplo, é o contínuo genocídio das populações Yanomamis no norte do Brasil. Genocídio esse que continua no momento em que esse texto é escrito ou quando você o lê, mesmo com os esforços do novo governo federal. Sendo assim, os 4 temas elencados se articulam com objetivos claros:
- Explicitar a importância da terra nos caminhos e descaminhos da humanidade. A propriedade da terra, os conflitos pela terra e a desigualdade na distribuição da terra são marcas desses itinerários e constroem os espaços, as formas de sua ocupação e as possibilidades das itinerâncias dos sujeitos. A história em sua busca por estabelecer sentidos à existência humana ao longo do tempo se articula aqui com questões estruturadas e estruturantes relacionadas ao espaço, como a territorialidade dos Estados Nacionais Modernos e com o lugar de viver, espaço de morar ou terra natal de cada sujeito.
- Problematizar as diferentes dimensões da propriedade, entendendo-a na relação de forças da atual sociedade capitalista globalizante e midiática. Surge aqui a necessária instrumentalização de alunas e alunos para a importância dos espaços e bens públicos, bem como sua construção enquanto sujeitos não apenas na dimensão individual, mas sujeitos sociais articulados a múltiplas formas culturais. Uma propriedade não apenas como direito ou dever, mas como uma espaço de conflito e marca da desigualdade, onde se afirmam e se silenciam sujeitos. 
- Pensar o Brasil enquanto sociedade forjada e reafirmada cotidianamente pela violência. Um passado marcado por invasões, estupros, escravidão, guerras e, principalmente, resistências. Os conflitos humanos disciplinados pela lógica capitalista reordenam os espaços das diferentes classes econômicas e grupos sociais, assim como as rebeldias se mobilizam. A atuação contra a lógica excludente do sistema e da construção de uma solidariedade que respeita, inclui e resiste.
- Reafirmar sempre o espaço do direito de ser diferente, mas não desigual. Possibilitar olhares e fazeres atentos a diferenças, mas que se mobilizem contra as desigualdades econômicas, sociais, culturais e políticas. Construir, portanto, uma cidadania plural e atuante no sentido de um respeito ético e amoroso pelo meio ambiente, pelas culturas e pelas pessoas, onde a arte de ser floresça na subjetividade de cada um e na sociedade brasileira como um todo.

No 1o bimestre, darei continuidade ao meu trabalho de estudo das história de vida das estudantes. Por estar conhecendo alunas e alunos, a ideia é aprender sobre suas histórias, estudar com eles sobre a história de suas famílias e suas trajetórias. O trabalho de biografia da avó ou do avô terá a centralidade de sempre. É uma ferramenta única que articula meu historiar de suas experiências com a aprendizagem de cada estudante sobre as dimensões do saber histórico. Um envolvimento urdido por elas mesmas em diálogo comigo. Um fazer que inspira, que informa, mas que transforma, amplia horizontes.
Essa construção vai sendo composta e ampliada em conjunto, vai reconstituindo relações com o espaço escolar e urbano que nos envolve. Já possuo um bom material sobre a história do CEF 102 Norte e isso será um convite para que se envolvam com outras leituras do tempo e do espaço. A escola para onde convergem suas trajetórias do Paranoá Parque, do Itapuã, do Varjão, de Ceilândia ou de muito além. Trajetórias que como a de seus avós contam os cantos e recantos por onde passam. O sentido não é inseri-los no mundo, mas explorar o mundo que transborda de seus olhares. Minha proposta pode ser melhor conhecida em artigo acadêmico.
Estabelecendo esses pontos de partida orientadores do nosso processo conjunto de ensino-aprendizagem, nós iremos analisar a terra e a propriedade no mundo moderno. Um mundo moderno que busca se afirmar por novas formas de ser, pensar e possuir. O pensamento Iluminista, a Revolução Francesa e a Revolução Industrial são os laboratórios para refletirmos sobre terra e propriedade, sobre conflitos e desigualdades a partir de nossos olhares contemporâneos. 

Objetivos de aprendizagem no Currículo em Movimento da SEDF:

•Promover no aluno interesse pelo conhecimento histórico, desenvolvendo a capacidade de perceber a historicidade de elementos presentes em nossa sociedade. 
•Promover e capacitar no educando, potencialidades para a construção de seu conhecimento.
•Conceituar o Iluminismo e conhecer as ideias e suas críticas às características políticas e culturais dos séculos XVII e XVIII; conhecer alguns dos principais pensadores e ideias que defendiam.
- Analisar os impactos da Revolução Industrial na produção e circulação dos povos, produtos e culturas.
• Identificar e relacionar os processos da Revolução Francesa e seus desdobramentos na Europa e no mundo.
Indicações cinematográficas: Acercadacana, Rap: o Canto da Ceilândia, Brasília: Contradições de Uma Cidade Nova, Tempos Modernos

Como já mencionado acima, a primeira trilha avaliativa será a produção textual de uma biografia do avô ou da avó por parte de cada estudante. É, portanto, um trabalho de pesquisa e de produção de texto individual, que não tem prazo fixo, podendo depender do melhor momento para realizar uma entrevista direta com a avó ou avô. As alunas e alunos recebem um roteiro, mas ele é uma referência e não uma exigência. Caso não seja possível contato com avô ou avó, o trabalho pode ser realizado com outra pessoa da família sobre o que se sabe da avó ou do avô. É possível corrigir a atividade quantas vezes cada estudante julgar necessário.
Eu considero esse o trabalho mais importante de toda a relação de ensino-aprendizagem que estabelecemos em sala de aula. No 4o bimestre do 9o ano, inclusive, cada estudante recebe seu trabalho de volta para realizar uma nova atividade. Portanto, a biografia vai muito além de uma simples redação, mas representa um documento histórico de múltiplas dimensões que produzimos em sala de aula e para muito além dela.
Essa trilha é obrigatória e será responsável por metade da nota desse bimestre.


A segunda trilha avaliativa
 será um trabalho coletivo de análise de documentos referentes à história do CEF 102. Os documentos são um conjunto de reportagens publicados entre o início dos anos 70 e a atualidade. Eles trazem algumas referências sobre o passado da escola, sinalizando usos, projetos e interesses envolvidos em seu engendramento. 
Essa análise de documentos históricos orientada irá compor com avaliação interdisciplinar da escola, o projeto COMVIVA, que no meu caso relaciona a história da escola com as datas comemorativas do Dia (Semana) das Mulheres.

A terceira trilha avaliativa será uma prova bimestral dissertativa com consulta realizada em sala.

No 2o bimestre, passaremos à análise dos conflitos que marcam o fim do Sistema Colonial, a independência da América Portuguesa e a formação de um Estado brasileiro. O objetivo não é apenas destacar a violência do processo, mas valorizar a diversidade e riqueza cultural dos povos envolvidos, bem como suas estratégias de existir e resistir. Ainda que pensando a terra, nesse "mundo atlântico" iremos nos debruçar sobre a cobiça gananciosa da manutenção da escravidão, a conquista de novos territórios através formas de aculturação e saque. No atual momento de genocídio contra o povo Yanomami e devastação causada pelo garimpo ilegal me parece fundamental reafirmar o caráter ininterrupto da invasão europeia, da pilhagem das riquezas das civilizações do Novo Mundo e da África, da exploração não só física, mas mental, espiritual e espacial dos conquistados e como o Brasil pretensamente independente não resolve, pelo contrário, aprofunda tudo isso.
Importante destacar que nesse período estarei participando da Olimpíada de História com as turmas de 9o ano e as turmas de 8o terão um primeiro contato com esse projeto. Além disso, ainda trabalharemos desdobramentos do processo de pesquisa e ensino-aprendizagem sobre as histórias de vida das alunas e alunos e de como isso envolve a história da escola e do DF, que dá a ver e a ler esse processo de formação da sociedade brasileira.

Objetivos de aprendizagem do Currículo em Movimento da SEDF:

• Aplicar os conceitos de Estado, nação, território, governo e país para o entendimento de conflitos e tensões.
- Discutir a noção de tutela dos grupos indígenas e a participação dos negros na sociedade brasileira.
- Caracterizar a organização política e social no Brasil desde a chegada da Corte portuguesa, em 1808, até 1822 e seus desdobramentos.
•Relacionar a crise do sistema colonial com transformações mundiais decorrentes da Revolução Industrial e da expansão da França napoleônica. 
•Identificar e analisar o equilíbrio das forças e os sujeitos envolvidos nas disputas políticas durante o Primeiro Reinado.
Indicações cinematográficas: Guerras do Brasil.doc (episódios 1 e 2), A Última Floresta, Vidas Secas.

A primeira trilha avaliativa, dando sequência aos trabalhos individuais de pesquisa e produção de texto, é a escrita de uma redação sobre a moradia dos estudantes. Cada um deles, orientados por um roteiro, deve buscar historicizar sua propriedade (ou posse). Há essa valorização da escrita e da análise das próprias vivências das estudantes, mas o objetivo principal é conhecer ainda mais seus universos, como interpretam e representam suas realidades, trazendo suas vivências para o centro dessa discussão, convidando que sejam narradores de seus próprios espaços. Essa produção de texto irá compor com a avaliação interdisciplinar da escola (Interclasse e à valorização das atividades esportivas).

A segunda trilha avaliativa será um simulado construído a partir da 1a fase da ONHB 16. Esse trabalho será feito em equipes, de maneira integrada e coletiva, em sala de aula. Essa trilha é obrigatória e será responsável por metade da nota desse bimestre.

A terceira trilha avaliativa
 será uma prova bimestral dissertativa com consulta realizada em sala.

A quarta trilha avaliativa relacionada ao projeto do Clube do Livro, será a leitura, fichamento e discussão do livro Morte e Vida Severina de João Cabral de Melo Neto. A ideia aqui é integrar o debate às discussões sobre  migrações, ocupação do território, desigualdade e miséria na formação da sociedade brasileira. Perceber como essa errância dos sertões para os grandes centros (re)constroem o Brasil e os Brasis que o formam. Importante destacar que o livro já terá sido trabalhado nas aulas de português no 1o bimestre, o que além de interdisciplinar, amplia muito as possibilidades de compreensão da obra e suas potencialidades.

No 3o bimestre, nosso olhar para a Revolução Industrial, que avança da Europa para o restante do mundo, buscará o fazer-se da classe operária, que se articula aos nacionalismos. O objetivo é focar as rebeliões, revoltas e insurreições, que também marcam não apenas o Período Regencial, mas também o Segundo Reinado no Brasil. Terão destaque a Guerra do Paraguai e a luta abolicionista como palcos da reflexão. O pacto das elites em torno da escravidão e do poder centralizado no Rio de Janeiro é aqui pensado num cenário de pressões internacionais, em especial, do Reino Unido, que ganham contornos nítidos com a Lei de Terras de 1850 em paralelo à proibição do comércio de pessoas escravizadas.
As pressões contra as populações marginalizadas de indígenas, negros, mulheres, sertanejos e imigrantes, bem como suas estratégias de resistência seguem sendo uma referência para pensar a constituição da sociedade brasileira atual. Não apenas a estrutura agroexportadora latifundiária dos ainda senhores de engenho, barões do café e demais "coronéis" e sua governança política de uma nação que vai sendo inventada olhando para a Europa, mas atentar para tudo que tentam empurrar para debaixo do tapete com requintes de crueldade e muita violência.

Objetivos de aprendizagem do Currículo em Movimento da SEDF:

• Descrever os movimentos revolucionários do século XIX na Europa com relação às suas motivações, reivindicações e Ideologia.
•Relacionar as chamadas revoltas regenciais a embates políticos, econômicos e sociais do período e suas consequências.
• Identificar e analisar os processos econômicos, sociais e políticos (internos e externos) durante o Segundo Reinado.
• Reconhecer as questões internas e externas sobre a atuação do Brasil na Guerra do Paraguai e discutir diferentes versões sobre o conflito.
• Analisar os atores do processo de abolição da escravatura, enfatizando a Campanha Abolicionista protagonizada por negros escravizados e libertos
Indicações cinematográficas: Guerras do Brasil.doc (episódio 3), Germinal, Doutor Gama, 12 Anos de Escravidão, A Última Abolição

Jornal sobre a Balaiada de 1838
A primeira trilha avaliativa
 continua envolvendo produção textual individual, mas demandará mais criatividade imaginativa dessa vez. A proposta aqui é produzir um texto jornalístico, um panfleto ou manifesto em que as alunas e alunos informem, divulguem, defendam ou ataquem as ideias de uma das revoltas, rebeliões ou insurreições acontecidas no Brasil após a independência (ou ao longo do processo). Haverá um roteiro para auxiliar na elaboração do texto, mas a criatividade é incentivada e valorizada. Serve de importante referência aqui o sítio da UFF Impressões RebeldesAlém disso, essa trilha ira compor com a avaliação interdisciplinar da escola (Feira de Sabores e à valorização da alimentação, nutrição e manifestações culturais).

Panfleto da Confederação
do Equador de 1824
A segunda trilha avaliativa será uma atividade em equipes de 3 estudantes inspirada pela ONHB. Alunas e alunos realizarão a transcrição de um documento histórico do período estudado. O documento trata das revoltas que marcaram a formação do Brasil como país independente. Ele será transcrito, analisado e debatido em sala de aula para refletirmos sobre os interesses envolvidos. Além disso,  documento serve como referência para o trabalho individual de produção de texto da primeira trilha, assim como serve de laboratório para que as estudantes se familiarizem com a transcrição de documentos exigida na 4a fase da ONHB.

A terceira trilha avaliativa será uma prova bimestral dissertativa com consulta realizada em sala. Essa trilha é obrigatória e será responsável por metade da nota desse bimestre.

Finalmente, a quarta trilha avaliativa, conectada ao projeto do Clube do Livro, será a leitura, fichamento e discussão do livro Manifesto do Partido Comunista de Karl Marx e Friedrich Engels. A ideia aqui é integrar o debate às discussões sobre a organização e engajamento das classes trabalhadoras, suas estratégias e táticas de resistência ao sistema capitalista cada vez mais hegemônico, mas nunca absoluto. Pensar inclusive os determinismos econômicos de suas leituras de mundo ante as fundamentais pautas da diversidade atuais.
Destaco que o livro foi bastante acessado pelas estudantes no ano passado, mas também sofreu grande resistência por ter uma linguagem difícil de ser assimilada pelo público. Nesse sentido, o debate ganha uma dimensão ainda mais importante, não de defender o conteúdo, mas refletir sobre o momento em que foi produzido. Dessa forma, é importante lembrar que ele foi produzido como um panfleto político que manifestava os anseios de uma classe trabalhadora explorada e cada vez mais organizada.

O 4o bimestre é sempre mais corrido, tendo uma dinâmica diferente da dos demais bimestres. Além disso, já está bem estabelecido o diagnósticos dos potenciais de cada educanda e educando, encaminhando os objetivos e as habilidade não exatamente para uma culminância, mas para uma afirmação de suas autonomias. Sendo assim, já tenho por praxe adotar uma flexibilização maior. Nesse sentido, a definição dos objetivos e dos conteúdos tende a requerer mais paciência na forma de serem trabalhados, sendo mais importante articulá-los à tudo que já foi trabalhado. 
Ano passado, as dificuldades da greve repercutiram principalmente sobre o planejamento do último bimestre. Ainda assim, algumas das propostas experimentadas mostraram-se interessantes e serão aprofundadas. O projeto para o dia da Consciência Negra se efetivará pela leitura do livro Hibisco Roxo da autora nigeriana Chimamamda Adichie, que será trabalhado como teatro, além de já ter sido trabalhado nas aulas de português no 3o bimestre. Minha ideia é relacionar as trilhas avaliativas de modo a otimizar o tempo para todas e todos.
Haverá uma adaptação nos conteúdos propostos em relação ao ano anterior. Acredito que haverá uma fluidez maior em consonância com o novo livro didático. A expansão capitalista globalizante da Segunda Revolução Industrial seguirá sendo abordada, dessa vez através do imperialismo neocolonialista europeu e norte-americano. As resistências africanas e asiáticas sob o signo do sangue e da pólvora terão destaque para refletirmos as heranças sentidas até hoje por essas sociedades, bem como a desigualdade gritante com que povos e culturas são excluídos das oportunidades no mundo atual. 

Objetivos de aprendizagem do Currículo em Movimento da SEDF:

•Identificar mudanças de mentalidade e de interesses em torno da questão da escravidão; analisar o processo de crise da monarquia no Brasil, detectando principais fatores que contribuíram para a Proclamação da República. Descrever transformações em relações de trabalho a partir do século XIX; contrastar o trabalho escravo com o trabalho livre e comparar condições do trabalhador ao final do século XIX com o da atualidade.
• Estabelecer relações causais entre as ideologias raciais e o determinismo no contexto do imperialismo europeu e seus impactos na África e na Ásia.
• Reconhecer os principais produtos, utilizados pelos europeus, procedentes do continente africano durante o imperialismo e analisar os impactos sobre as comunidades locais na forma de organização e exploração econômica.
- Conhecer e contextualizar o protagonismo das populações locais na resistência ao imperialismo na África e Ásia.
• Compreender o processo de expansão e dominação imperialista no século XIX, como um novo colonialismo e apontar seu desdobramento para a América Latina.
Indicações cinematográficas: EUA: A Luta pela Liberdade (ep. 1), A Mulher Rei, O Fantasma do Rei Leopoldo

A primeira linha avaliativa
 
será produzir uma apresentação teatral com duas inspirações importantes. O Teatro do Oprimido de Augusto Boal, pensado e repensado no contexto da ditadura militar, e o Teatro Épico de Bertold Brecht. Como dito acima, o resultado do ano passado foi maravilhoso, ainda que tenha sido corrido e muito conduzido por mim na realização. O resultado pode ser conferido em vídeo no meu canal do YouTube, além de ter tido uma culminância incrível em um sábado letivo do Dia da Consciência Negra.
Em minhas experiências teatrais com o 6o ano, toda a parte organizativa das apresentações sempre foi minha, mas tive certeza que com turmas de 8o e 9o ano é possível que alunas e alunos engendrem toda a prática teatral, da construção do roteiro à execução das falas. Isso pode ser potencializado com a integração com as práticas de Artes e Língua Portuguesa. Portanto, minha ideia é ampliar a proposta do ano anterior para realmente dialogar com Boal e Brecht.
A ideia é construir uma peça que represente o livro Hibisco Roxo de Chimamanda Adichie em cada uma das turmas. Já tendo acontecido a leitura do livro nas aulas de português ao longo do 3o bimestre, estudantes irão dividir entre si as tarefas, elaborar o roteiro, selecionar o formato e realizar a apresentação em sala. As informações e material das encenações do ano passado irão ajudar. Essa trilha irá compor com a avaliação interdisciplinar da escola (Dia da Consciência Negra e a valorização da igualdade racial e manifestações culturais afrobrasileiras).

Texto da Lei do Ventre Livre de 1871
A segunda trilha avaliativa
 será mais uma atividade de transcrição de um documento histórico como preparação para a ONHB, mas desta vez de maneira individual. O documento trata da luta contra a escravidão, será transcrito, analisado e debatido em sala de aula. por abordar a legislação que buscava retardar a abolição. Ele tanto permite a reflexão sobre as relações profundas entre a sociedade da época e o trabalho escravo, como serve de laboratório para que as estudantes se familiarizem com a transcrição de documentos exigida na 4a fase da ONHB.

A terceira trilha avaliativa será uma prova bimestral dissertativa com consulta realizada em casa.

A quarta trilha avaliativa, relacionada ao projeto do Clube do Livro, será a leitura, fichamento e discussão do livro Hibisco Roxo de Chimamanda Adichie. A ideia é integrar o debate às discussões sobre a violência neocolonialista contra as sociedades africanas, mas também suas poéticas de resistência através do olhar de uma importante autora africana.
Ano passado, eu ainda não havia lido o livro ao fazer a escolha, mas posso afirmar que foi um sucesso retumbante. Não só houve um encantamento por minha parte e da minha colega Elisa, professora de português, como debates riquíssimos com as alunas que leram. Isso sem mencionar os maravilhosos teatros que realizamos. Esse ano, com a leitura prévia ao longo do 3o bimestre nas aulas de português, tenho certeza que o sucesso será ainda maior.

Nesse bimestre não há uma trilha que seja obrigatória. As alunas e alunos são livres para escolher e agir como acharem mais interessante.

Encerro aqui como no ano passado. Como podem ver, há muita boa vontade e ideias a serem experimentadas. Acho que esse vai ser um ano de muita luta, mas até por isso, um ano de muitas transformações. Vivamos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Já li e copiei tudo